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Onde Está Segunda?: O que achamos que falta já tem e o que achamos que irá faltar será, possivelmente, solucionado pela tecnologia – Uma visão anti-malthusiana

Num futuro impreciso, durante o ápice de uma crise de superpopulação e problemas na produção de alimentos, cientistas inventam supersementes que possuem, como efeito colateral, a maior probabilidade de nascer gêmeos. O problema é que, para equacionar as duas questões, o governo precisará proibir o nascimento de mais de uma criança por família, vindo a “confiscar” as crianças que excedem esse número.

O filme começa com o drama de Karen Settman, que morre ao dar à luz sete gêmeas, deixando-as aos cuidados do seu avô Terrence Settman. Ele esconde e nomeia as netas com os nomes dos dias da semana: Segunda, Terça, Quarta, Quinta, Sexta, Sábado e Domingo, fazendo com que elas só pudessem sair nas ruas em seus respectivos dias, sempre usando o nome da mãe. E assim elas fazem durante todas as fases da vida, incluindo a fase escolar e a profissional.

A história é claramente inspirada no controle de natalidade chinês, que teve início na década de 1970, vindo até o ano de 2015 (inclusive, as próprias gêmeas possuem características orientais); contudo, não somente nisso, o enredo trata também da velha teoria malthusiana de que o aumento da produção de alimentos não acompanharia o crescimento populacional, tornando a comida escassa.

Até hoje, esse tipo de pensamento perdura no imaginário popular, ignorando-se o fato de que existe uma biotecnologia que dá conta da produção em massa de alimentos (embora, por questões sistêmicas do capitalismo, não haja a distribuição total e igualitária dessa produção). Ou seja, o que achamos que falta já tem. E é muito comum também discutirmos questões do tipo “vai faltar petróleo e outros recursos naturais”, ignorando o fato de que tecnologias alternativas poderão, possivelmente, substituir a necessidade de certos recursos não renováveis e escassos.

A teoria torna-se ainda mais perigosa quando se coloca a questão (também malthusiana) de que os pobres se multiplicam mais rápido, devendo haver uma forma de impedir que isso aconteça (daí, originam-se dos mais simples pensamentos, como o de que se deveria esterilizar aqueles sem condições financeiras de terem filhos, até as ideias mais absurdas do tipo “tinha que tacar uma bomba nas favelas”). Então, cuidado para que você não seja tão ultrapassado quanto Malthus.

Por fim, essa distopia malthusiana irá se desenrolar a partir do sumiço de uma das gêmeas, a Segunda, a qual não retorna para casa após sair para um dia normal de trabalho. Intrigadas, suas irmãs decidem levar a rotina normalmente (na medida do possível), tentando descobrir algo sobre seu paradeiro, até que passam a ser letalmente perseguidas pelo governo. A partir daí, o filme é só ação do início ao fim.


Mione Le Fay é carioca, formada em Jornalismo. Escritora, professora de informática, apresentadora e produtora de eventos. Apaixonada por livros e fotografias, encontra nesses nessas duas artes uma forma de mostrar tudo o que existe em seu mundo.

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