“Planeta dos Macacos – O Confronto” é um dos mais aclamados filmes da summer season, temporada em que os filmes são lançados no verão norte-americano e os cinemas são dominados por blockbusters. Não é difícil perceber o por quê. Com ótimo roteiro, cheio de tensão e ação de tirar o fôlego, “O Confronto” é uma vitória para o cânone dos “Macacos”.
Dez anos após “A Origem”, o novo “Planeta dos Macacos” continua a contar a história de César, o líder de uma rebelião de macacos super inteligentes. Agora, os macacos vivem numa sociedade organizada e pacífica, enquanto os humanos enfrentam a extinção. O mesmo vírus que garantiu a inteligência aos símios é letal aos seres humanos, de modo que há poucos sobreviventes em colônias espalhadas pelo mundo. Um dia, um pequeno grupo de uma colônia em São Francisco cruza o caminho de César: eles dependem do funcionamento de uma usina hidroelétrica, mas, para isso, precisam passar pelo território dos macacos. Se conseguirem, poderão garantir a paz entre macacos e humanos. Se não, desencadearão uma guerra.
Desde o primeiro momento, o filme é dominado por cenas densas e pesadas. A tensão é um elemento fortíssimo durante todo o filme, assim como o impacto emocional, uma vez que existem várias cenas comoventes, algumas especialmente trágicas e até mesmo nostálgicas. Os personagens são incrivelmente bem construídos, o que é especialmente impressionante do lado dos macacos, que falam e se expressam muito pouco. Várias outras franquias, como a famigerada e infame saga Transformers, têm muita dificuldade em equilibrar personagens humanos e sobrenaturais em dois polos diferentes, de modo que um lado sempre vai ficar mal desenvolvido e superficial. “Planeta dos Macacos” dá uma aula neste quesito, tornando os macacos tão simpáticos quanto os humanos, e vice-versa.
A primeira metade do filme sofre com um ritmo inconstante, de modo que parece mais lenta do que realmente é. Muito disso se deve à direção de Matt Reeves, cheia de cortes rápidos e ângulos abertos demais, que atrapalham um pouco a construção do suspense. De fato, durante a primeira hora, a direção se alterna entre cenas genuinamente empolgantes e cenas decepcionantes. Entretanto, a segunda metade do filme representa uma virada impressionante, não só por conter mais ação, mas pela melhora de Matt Reeves, que passa a dirigir com segurança e garante pelo menos cinco cenas de destaque, incluindo dois planos sequência impressionantes. Até mesmo as cenas mais dramáticas passaram a ser melhor dirigidas. Praticamente tudo nos últimos 60 minutos é perfeito. As várias cenas de ação merecem destaque, não só pelo estilo único como pelo fato de empolgarem facilmente mesmo o mais cético dos espectadores.
“O Confronto” é um filme que se divide entre uma primeira metade apenas boa e uma última hora impressionante. Mesmo que seja um pouco inocente em sua mensagem sobre a natureza humana e o mal na humanidade (um problema que herdou de “A Origem”), o reboot de “Planeta dos Macacos” continua sendo uma das franquias mais fortes da atualidade, e estou ansioso para conferir o desfecho da trilogia.
Nota: 8/10
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