“Você já pensou em possuir o Poder do Fogo?” O Grande Teste – uma série de provas práticas e teóricas realizadas para definir o rumo profissional de um estudante – será realizado dentro de um mês em Diaspos, uma vila rural que fica ao sudeste do mítico continente de Myruna. Todos os jovens estão empolgadíssimos com a aproximação desse evento. Menos Kiara Ancessus. Entretanto, tudo pode mudar quando o forasteiro Lucius Veniaga chega ao vilarejo com o desejo de estudar com a misteriosa Elemiah Mirone, uma elementar aposentada. Os elementares são indivíduos com habilidades únicas e fascinantes, tais como manipular os elementos da natureza conforme sua vontade. Dividida entre o desejo de agradar a seus familiares e a vontade de encontrar uma atividade na qual sinta prazer e desenvoltura em desempenhar, Kiara iniciará uma jornada de aventuras e descobertas onde enfrentará surpreendentes desafios.
Se tem uma coisa que é legal, é você escrever sobre um livro pouco reconhecido e resenhado. Porque quando você escreve sobre os best-sellers, TODO mundo já escreveu alguma coisa, então você corre o sério risco de parecer repetitiva com suas colocações.
E quem leu minhas resenhas, já percebeu que gosto de ser original. Tanto nos comentários que faço, quanto nas análises. E como ser original se um livro tem 985672132435346467563452323 resenhas?
Bem… A sinopse do livro fala sobre um grande teste que é uma série de provas práticas e teóricas para definir o rumo profissional de um estudante, em um mundo diferente do nosso.
Esse mundo fantástico, criado por Khêder, lembra bastante nossa época medieval, não vejo nenhum problema quanto a isso, nem acho que seja cópia de mundos de outros autores. Mas li no skoob alguém dizendo que ele criou um mundo fantástico totalmente novo. Não. Ele não criou. Criou algumas características. E se estendeu em algumas descrições que saíram completamente do foco do texto.
Claro que o livro deve fornecer explicações sobre o texto, mas parece que simplesmente após escrever o livro todo, como ficaram muitas pontas soltas, ele juntou as explicações e saiu colocando no texto a torto e à direito, e aí a leitura engasga em alguns pontos, não flui.
Ele cria uma estrutura mitológica com 7 deuses e suas características envolvendo os 7 elementos. Seis elementos convencem (Terra, Ar, Fogo, Água, Luz e Trevas), mas Gelo como elemento, não me convenceu, nem mesmo nas explicações. Gelo é um estado da água. E água é um elemento.
Os deuses são citados/chamados/praguejados e em alguns momentos, me deixava perdida, achando que eram personagens novos. Ele não dá tempo para nos acostumarmos. Veja bem, é toda uma mitologia nova! Quando alguém exclama: “Kedar!” eu penso? WTF? E tenho que voltar o livro procurando as explicações sobre aquele deus. Logo adiante, acontece outro problema e alguém diz: “Por Paloma!” E eu penso: “lá vou eu procurar explicações de novo”. Enfim… Entendi toda a criação da mitologia, mas ele precisava dar tempo, repetir mais sobre cada deus, antes de ficar alternando sobre eles.
Outro problema que eu encontrei, foi relacionado às características dos personagens. Ele monta um perfil de cada um. Ok. E então, ele cria situações que os personagens não agem condizentes com aquele perfil traçado por ele. Claro que personagens crescem, amadurecem, mas para isso, eles precisam passar por experiências. E ele fala pouquíssimo sobre o período de treinamento, o que nos deixa no escuro para entender a situação que fez com que os jovens possam vir a ter amadurecido.
Gostei dos personagens do livro. Mas puxa, todo mundo tem que ser tão bom? NADA desabonava nenhum deles. Eram todas pessoas maravilhosamente perfeitas, e mesmo com problemas pessoais de insegurança, eram todos bonzinhos e perfeitos demais para ser verdade. Os muitos bandidos (sim, porque não eram vilões…) que apareceram eram sempre ruins. Havia uma divisão clara: Fulano é Bom, Beltrano é Mau. E isso não existe na vida real (nem mesmo nos livros).
Senti a falta de personagens realmente opositores. Normalmente um livro tem um grande personagem opositor (vilão), mas neste livro não acontece só um conflito na história. Acontecem quatro, principalmente para introdução de novos personagens que se tornarão amigos dos protagonistas. Féron, o guerreiro que salva Kiara de três assaltantes, Suzi, a arqueira que ajuda a resgatar Kiara de uma ladra. Eles aparecem prontamente e sem fazer qualquer sentido na história, apenas porque são pessoas “legais” que estavam na hora e no local certo e porque a protagonista poderia precisar de amigos no futuro. Não me convenceu.
A idéia do livro é boa, porém é um texto que poderia ter sido melhor trabalhado e lapidado. Tem problemas de descrição de personagens e locais dificultando nossa visualização no livro. O livro é para ser lido, imaginado. E ele foi só lido, o que reduz bastante o prazer da leitura.
Bem, para resumir, é uma leitura divertida e que eu chamaria de “sessão da tarde”. Classificaria o livro como um livro para adolescentes. Faixa etária – no máximo até 14 anos, por se tratar de uma leitura simples e cheia de pequenos problemas de coesão de idéias
O livro tem vários ensinamentos tanto de Elemiah, a elementar mestra de Kiara e Lucius, quanto pensamentos extremamente maduros dos dois, que em tese, tem só 14 anos. Gostei especialmente de uma citação:
“Às vezes, pensamos saber o que queremos… Nutrimos desejos sobre algo que nunca conseguiremos obter. Mesmo assim, sonhamos, porque é isso que nos faz seguir adiante.” Kiara Ancessus
Título: O poder do fogo
Autor: Khêder Rodrigues
Editora: Novo Século – Novos Talentos da Literatura Brasileira
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