Estava esta semana matando hora na Livraria da Travessa. Passei por cerca de 457 livros, todos muito interessantes e eu todo sem dinheiro. Mas aí eu me deparei com dois livros e vi que, por eles, iria abrir mão do meu almoço. “O cara mais esperto do Facebook”, escrito por Abud Said e “Reprodução”, do Bernardo Carvalho. Um era sobre a Guerra da Síria e um sobre o cotidiano brasileiro atual. Ambos pareciam muito bons, mas havia um porém: mesmo abrindo mão do almoço, eu só tinha dinheiro para um deles e aí pesou o mais barato.
Por obra do destino, e do sistema capitalista, adquiri “O cara mais esperto do Facebook”. E camaradas, QUE LIVRO BOM!
São 95 páginas. Apenas 95 páginas. Mas são 95 páginas de uma obra profunda.
O livro retrata os posts do perfil do Facebook de Abud Said, um ferreiro que vivia em Aleppo. Said decide fazer da rede social a sua janela para o mundo, postando tudo que vivia em seu cotidiano, além de algumas reflexões próprias e apenas posts regulares sobre seus vizinhos e seus cigarros.
“Finalmente, descobrimos que revoluções só podem acontecer em países que conhecem ou vivem um certo grau de democracia e têm algum respeito pelas liberdades. A revolução só triunfa contra governantes que respeitam seus povos pelo menos um pouco.” – Abud Said.
Said escreve posts calmos, agitados, corriqueiros e revolucionários. Mas o mais importante, ele escreve. Em meio ao caos, ele escreve. Em meio à guerra, ele escreve. Em meio à solidão, ele escreve.
Alguns enxergam um conservador, alguns o chamam de poeta, outros o veem como revolucionário, enquanto um ou outro o vê como pensador contemporâneo. Não importa. Abud Said precisa ser lido. Afinal:
“Eu sou o cara mais esperto do Facebook, gostem ou não” – Abud Said.
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