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Autora número 1 da lista do New York Times retorna com uma história de amor inesquecível entre um aspirante a escritor e sua musa improvável.
Fallon conhece Ben, um aspirante a escritor, bem no dia da sua mudança de Los Angeles para Nova York. A química instantânea entre os dois faz com que passem o dia inteiro juntos – a vida atribulada de Fallon se torna uma grande inspiração para o romance que Ben pretende escrever. A mudança de Fallon é inevitável, mas eles prometem se encontrar todo ano, sempre no mesmo dia. Até que Fallon começa a suspeitar que o conto de fadas do qual faz parte pode ser uma fabricação de Ben em nome do enredo perfeito. Será que o relacionamento de Ben com Fallon, e o livro que nasce dele, pode ser considerado uma história de amor mesmo se terminar em corações partidos?

AVISO: Essa resenha será mais uma reclamação para com a autora em geral do que uma análise sobre esse livro em específico, e eu estou em paz com isso, logo prossigamos.

O primeiro livro que li da Colleen — e meu favorito até o momento (talvez por ter sido o primeiro e depois ter visto que é tudo a mesma coisa) — foi Um Caso Perdido, e desde então venho me decepcionando aos pouquinhos com ela. O Lado Feio do Amor veio em seguida e, tentando fazer um relacionamento completamente errado ser barro, me desceu quadradão; e Nunca Jamais foi um desastre imenso. Logo a expectativa para esse livro era das firmes, devido a muitas pessoas falando tão bem, mas logo adianto que não foram atendidas.

Dois anos depois do acidente que a deixou quase metade do seu corpo desfigurado e fez sua carreira como atriz, que ia muito bem, despencar dramaticamente, Fallon sente que está na hora de retomar os trabalhos e por a cabeça em dia. Assim ela decide se mudar para Nova York em busca de seu sonho de atuar em um espetáculo da Broadway. Durante sua despedida com seu pai, ela conhece Ben, escritor em formação, e depois de passaram o dia juntos e sentirem uma faísca se ascender, divididos pela partida iminente de Fallon, determinam se encontrar todo ano, pelos próximos cinco anos, neste mesmo dia: 9 de Novembro.

Não tem como negar que Colleen Hoover sabe prender um leitor. Sua escrita é viciante e recheada de frases de ficar olhando o teto por um bom tempo catando o sentido da vida (sem achar, é claro). Separados em apenas dias 9 de Novembro, o livro mostra a evolução do relacionamento de Fallon e Ben de forma bem legal. Pareceu-me mais uma jogada para dizer que o personagem evoluiu durante esse tempo não mostrado, o que é tecnicamente falho, pois mostrar sempre vence o dizer; porém nesse caso não me incomodou. Talvez porque partido do início divertido, a história segue como uma linha reta de relevância, com um ar meio “uhum, prossiga” e vai se perdendo aos poucos até que só estava lendo por ler.

Sua narrativa deliciosa, suas frases lindas e seu senso de humor lindíssimo à parte, Colleen Hoover é uma autora que se faz muito dependente de plots twists. Todos os seus livros são assim e, esse livro não sendo diferente, possui um que não me convenceu em nada. Indo de uma história que começa engraçada, meio ao acaso, quando chega o momento da imensa reviravolta, as revelações mostram-se, no mínimo, exageradas. Tão grotescamente mirabolantes que a única coisa que veio na minha cabeça foi: COMO A HISTÓRIA VEIO DAQUILO PARA ISSO? É como pegar uma premissa interessante, que mesmo não tendo sido suuuper bem desenvolvida, estava legal, e tentar o método “enfiar mais que cabe” sendo que não cabia.

Não é algo que eu faça, pois eu não consigo começar um livro sem estar inteirado do que vou achar em seu meio, mas esse é um livro muito bom para ignorar completamente a sinopse. Isso é bem controverso considerando que tem uma sinopse nessa resenha, mas é bem neutra, diferente da feita pela Galera Record, que planta a sementinha do plot antes mesmo da leitura começar. A história não foi em uma direção que me satisfez, mas acho legal não estragar a leitura dos outros então fikdik.

Se tem uma coisa que me irrita em todos os livros que já li da Colleen são seus protagonistas masculinos. Vejo-os todos como afirmações de masculinidade, basicamente figuras ambulantes de machismo. Partem de um modelo premeditado de se imporem demais vida adentro da menina, sendo territoriais ao extremo. Não estou dizendo que nenhum de seus romances é tocante, ou pelo menos bonito, só que sua fórmula básica de “menina protagonista sendo confortada pelo par romântico em que a história gira completamente em torno” já me cansou. Independente de Fallon evoluir consideravelmente como personagem e a história girar em torno dos acontecimentos do seu passado, o mais importante são as influências de Ben sobre tudo. Fontes confiáveis me disseram Talvez Um Dia é quando isso da uma quebrada, então sigo na esperança.

Entendo e não nego de forma alguma sua fama, afinal, essa mulher sabe o que está fazendo e já encontrou seu nicho específico — que nem sempre me abrange —, mas acredito que Colleen Hoover é uma autora que ainda precisa dar um passo além. Sair dessa mesmice de enfiar destroçamento exagerado em suas histórias; tantos livros por aí acertam sem necessidade de forçar a barra do emocional. Continuarei na minha busca de qual de seus livros baterá Um Caso Perdido; com a vontade meio baqueada, mas vida que segue.

Mione Le Fay é carioca, formada em Jornalismo. Escritora, professora de informática, apresentadora e produtora de eventos. Apaixonada por livros e fotografias, encontra nesses nessas duas artes uma forma de mostrar tudo o que existe em seu mundo.

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