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Uma das mais aclamadas escritoras de suspense da atualidade, Gillian Flynn apresenta um relato perturbador sobre um casamento em crise. Com 4 milhões de exemplares vendidos em todo o mundo – o maior sucesso editorial do ano, atrás apenas da Trilogia Cinquenta tons de cinza –, “Garota Exemplar” alia humor perspicaz a uma narrativa eletrizante. O resultado é uma atmosfera de dúvidas que faz o leitor mudar de opinião a cada capítulo. Na manhã de seu quinto aniversário de casamento, Amy, a linda e inteligente esposa de Nick Dunne, desaparece de sua casa às margens do Rio Mississippi. Aparentemente trata-se de um crime violento, e passagens do diário de Amy revelam uma garota perfeccionista que seria capaz de levar qualquer um ao limite. Pressionado pela polícia e pela opinião pública – e também pelos ferozmente amorosos pais de Amy –, Nick desfia uma série interminável de mentiras, meias verdades e comportamentos inapropriados. Sim, ele parece estranhamente evasivo, e sem dúvida amargo, mas seria um assassino? Com sua irmã gêmea Margo a seu lado, Nick afirma inocência. O problema é: se não foi Nick, onde está Amy? E por que todas as pistas apontam para ele?

Durante muito tempo, Garota Exemplar foi aquele tipo de livro em que eu subestimei o seu potencial. Sempre ouvia as pessoas falando muito sobre ele, principalmente após o anuncio da adaptação da estória de Gillian Fynn para o cinema e a indicação de Rosamund Pike para o Oscar. Cheguei até mesmo escrever uma dúzia de matérias sobre a adaptação aqui no blog enquanto o filme ia sendo produzido. Mas a história em si era algo que não me despertava muita curiosidade, pelo menos até um amigo da faculdade me emprestar o livro e eu começar a ler.

Eu gostei do livro, mas não achei fenomenal. Achei muito inteligente, uma leitura que posso afirmar com certeza ter sido uma das melhores de 2015, mas ainda assim não inteiramente cativante para mim. Mesmo assim fiquei muito surpresa com as reviravoltas que esse livro proporciona e com as mais variadas reações que seus personagens conseguem despertar em nós, leitores.

Nick e Amy Dunne aparentemente viviam um casamento feliz, mas as coisas começam a cheirar mal quando na manhã do quinto aniversário de casamento dos dois, Amy desaparece misteriosamente e tudo na casa em que ela dividia com ele aponta para uma ação criminosa e coloca Nick no radar da polícia local.

O livro é divido em três partes e logo na primeira, ele se ramifica entre povs contados pelo Nick, no presente, e povs do passado escrito pela Amy em um diário, abordando histórias de como ela conheceu o Nick, de como se casaram e de como ela se sentia ameaça em seu casamento.

O problema inicial da narrativa, é que as versões de um relacionamento abordado pelos dois se contradizem acintosamente. Nick relata uma Amy fria, calculista e manipuladora em seus desabafos para pessoas próximas e até mesmo para a polícia. Enquanto por outro lado; a Amy do diário parece ser totalmente o oposto e faz com que o leitor logo de cara se simpatize com ela e sinta raiva do Nick; um homem frio, insensível e agressivo conforme escrito no diário.

Acho que o jogo psicológico entre os personagens e o leitor é o ponto alto do livro. As versões de Nick e Amy nos confundem e nós irracionalmente nos esquecemos que se trata de um livro de suspensa e logo estamos torcendo para um ou para outro. Ficando com raiva de um e depois de outro. Sucessivamente neste ciclo. A autora nos manipula do inicio ao fim e a grande verdade de “Garota Exemplar” é que não existe um lado inteiramente bom e o outro inteiramente ruim conforme no fundo desejamos. Ambos os personagens são mentirosos. Ambos despertam em nós sentimentos que vai de uma página a outra da mais pura solidariedade ao mais profundo ódio. Ambos poderiam ser eu ou você. Talvez a veracidade desses personagens, que torna possível sua existência entre nós, reles leitores, seja o que mais nos deixa perturbado com o final escolhido pela autora.

Não achei o livro eletrizante, pelo contrário, achei ele muito parado a maioria do tempo e o que me mantinha lendo era a vontade de saber o que aconteceria no momento seguinte, porque conforme eu mencionei no inicio, ele é cheio de reviravoltas. Por isso aconselho que a pessoa que deseje ler este livro a ficar longe de spoilers, por mais que não tenha problemas com eles. É que um spoiler, por mais inocente que seja, pode nesse caso tirar toda a graça e te fazer desistir da leitura.

Outra mensagem que achei muito assustadora nesse livro, é que nunca, nunca mesmo, sabemos o que se passa na cabeça das pessoas. Nem mesmo com aquelas em que dividimos o próprio teto e em Garota Exemplar, Gillian Flynn nos convida a enfrentar esse problema.

A imagem a seguir expressa bem a essência da história. Esse olhar é de insanidade ou inocência?

Em 2014 o livro ganhou uma adaptação para os cinemas sob a direção de David Fincher (Millenium – os homens que não amavam as mulheres), trazendo no elenco nomes como Rosamund Pike (Amy Dunne), Ben Aflfleck (Nick Dunne) e Carrie Con (Margo). Com certeza é um filme que corresponde as expectativas, se dividindo também entre o passado e o presente, e em dados momentos sendo até melhor do que o livro que o inspirou.

Ben Aflleck esteve bem no papel de Nick Dunne, mostrando todo o caráter inexpressivo  (fácil pra ele) e frieza desse personagem, mas ainda assim não encarnando completamente o Nick de Guillian Flynn. Acho que nunca quis bater tanto num personagem quanto no Nick e o que mais me irritava nele era sua inclinação para bebezão, o que passou bem longe do filme. Pelo menos estive segura desse sentimento durante as duas horas e vinte e nove minutos do longa.

Rosamund Pike teve mesmo uma atuação exemplar, pra mim o grande destaque do filme, merecendo a indicação ao Oscar que recebeu por sua belíssima atuação no longa. Me deu ainda mais raiva do que a Ammy do livro, mas o mesmo tempo me via torcendo por ela. Diva. Sei lá… O que mais assusta na Amy é que ela trás a tona uns questionamentos que parecem cruéis e insanos a primeira vista, mas que trazem um fundo de verdadeiro que chega a doer.

Não entendo muito da área, mas acho que o design de som e trilha sonora fizeram um bom trabalho e garantiram o clima de suspense. Assim como no livro, não tem como entrar em muitos detalhes, do contrário estraga toda as reviravoltas e cenas tensas que tanto o livro quanto o filme nos proporcionam!Mas pra quem quer se aventurar, aconselho primeiro a leitura do livro, pra não cortar todo o barato 🙂

Mione Le Fay é carioca, formada em Jornalismo. Escritora, professora de informática, apresentadora e produtora de eventos. Apaixonada por livros e fotografias, encontra nesses nessas duas artes uma forma de mostrar tudo o que existe em seu mundo.

One response

  1. Meu ator favorito é Ben Affleck não tem historia que não me surpreenda. O vi recentemente em filme liga da justiça e recomendo! É um filme muito divertido, é uma boa opção para uma tarde de filmes. Se ainda não tiveram a oportunidade de vê-lo, eu recomendo, na minha opinião, este foi um dos melhores filmes de drama que foi lançado. O ritmo é bom e consegue nos prender desde o princípio, a historia está bem estruturada, o final é o melhor.

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