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Resumo: Pouco depois da meia-noite, uma tempestade de neve pára o Expresso do Oriente nos trilhos. O luxuoso trem está surpreendentemente cheio para essa época do ano. Mas, na manhã seguinte, há um passageiro a menos. Uma americano é encontrado morto em sua cabina, com doze facadas, e a porta estava trancada por dentro. Pistas falsas são colocadas no caminho de Hercule Poirot para tentar mantê-lo fora de cena, mas, num dramático desenlace, ele apresenta não uma, mas duas soluções para o crime.

Personagens:
– Mary Debenham, governanta – Dr. Constantine – Coronel Arbuthnot, militar – Caroline Hubbard, víuva – Gerhard Hardman, professor – Edward Masterman, valete – Hector MacQueen, assistente – Conde Andrenyi – Condessa Andrenyi – Princesa Natalia Dragomiroff – Hildegarde Schmidt, criada da princesa – Antonio Foscarelli, vendedor – Greta Ohlsson, missionária – Pierre Michel, condutor

Pontos positivos: Um mistério insolúvel nas mãos do cativante Hercule Poirot é sempre algo positivo para se ler.
Pontos Negativos: No começo, parece extremamente inexplicável.

Opinião:

“Se confrontado com a verdade, qualquer um que tenha mentido, em geral, confessa, com frequência por pura surpresa. É apenas necessário adivinhar certo para produzir este efeito.”

Sempre fui uma fã de carteirinha da Dama do Crime, como é conhecida a póstuma autora Agatha Christie. Minhas incursões nos romances policiais de sua autoria envolveram diversas visitas a sebos e algumas discussões para obter descontos em livros empoeirados e amarelados do início do século XX. Quando me atentei, então, que sairia o filme do Assassinato no Expresso Oriente, tentei me recordar se ele estava na minha lista de lidos e não me lembrava. Então, iniciei a leitura na versão ebook através de um leitor para deficientes visuais, o qual prefiro, pois sinto-me mais confortável em continuar minha leitura em meio à outras atividades.

Fiquei com medo que, escutando, tornasse-me mais dispersa em meio aos acontecimentos do livro, já que cada detalhe é primordial numa leitura dos livros dela, mas me enganei.

Comecei o livro com muita, muita suspeita e entortei o nariz para diversos fatores que vieram a se explicar no final. Incomodou-me, muito, a imposição de que todo o Expresso estivesse lotado, mesmo afirmado que não era comum – pareceu uma forçação de barra incomum enquanto leitora da Dama do crime.

“Talvez seja um mal dos detetives. Esperamos sempre que o comportamento das pessoas seja coerente. Não admitimos mudanças de estados de espírito.”

Neste livro, vemos um Hercule Poirot de folga, voltando para casa após mais um trabalho concluído. Ele pega um trem, o Expresso do Oriente, com dificuldade, pois o mesmo está lotado. Um homem tenta contratar Poirot porque afirma que está sendo ameaçado e correndo risco de morte. Eis que, então, esse homem é encontrado morto em seus aposentos com 12 facadas com disposições e forças diferentes e um relógio empacado às 1h15, ao mesmo tempo em que o comboio é obrigado a parar por obstrução da neve, portanto o assassino ainda se encontra entre os passageiros que são completamente diferentes, de nacionalidades e classes diferentes. Com sua morte, uma descoberta é facilmente feita: ele foi um criminoso famoso que sequestrou e matou uma criança, destruindo toda sua família entre desesperos e suicídios. Quem, então, seria o autor dessa clara vingança. Ou devo dizer, justiça?

Os personagens são todos muito bem construídos, com personalidades firmes e passados bem firmados, também, o que é uma especialidade da autora. Eles tornam a parte do interrogatório, normalmente um pouco mais maçante, em algo explêndido e envolvente. A cada nova pessoa, uma nova surpresa e novas pistas.

“Será que essa gente diz a verdade ou está mentindo? Não temos como saber. Tudo se resume em exercício mental.”

Não achei difícil o mistério, apesar de não obter todas as pistas e explicações – acho que minha facilidade em encontrar a resposta se deve ao fato de já ter lido em torno de 30 livros dela, preferir as narrativas de Poirot e estar acostumada com sua irreverência nas soluções praticamente impossíveis dos crimes.

É um livro pequeno, bem interessante, instigante e que mexe com a nossa cabeça. Não é nem de perto o melhor que já li dela e ainda não compreendi como adaptaram esse texto em preferência de livros mais enlouquecedores como “O assassinato de Roger Ackroyd” e “Por que não pediram à Evans?”.

A leitura, porém, é bem envolvente e me peguei sorrindo (confesso que debochada) enquanto os fatos eram desmascarados. Imagino que quem não está acostumado com a maneira completamente diferente de resolução de mistérios da autora deve ter uma boa surpresa com o final dele.

Recomendado para todo e qualquer amante de romances policiais e para aqueles que querem uma leitura que os faça pensar.


Mione Le Fay é carioca, formada em Jornalismo. Escritora, professora de informática, apresentadora e produtora de eventos. Apaixonada por livros e fotografias, encontra nesses nessas duas artes uma forma de mostrar tudo o que existe em seu mundo.

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