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Como muitos sabem, no dia 08 de março sempre se comemora o dia internacional da mulher em homenagem as incontáveis mulheres que lutaram e ainda lutam pela conquista de direitos iguais entre os gêneros tanto no campo econômico, quanto no político e social. Por isso que reconhecendo a importância desse dia para a luta de todas as mulheres de diferentes origens, crenças  e etnias, resolvemos fazer essa matéria falando um pouquinho sobre algumas personagens magnificas que se destacam dentro do universo literário que durante muito tempo foi dominado quase que completamente pelos homens. No entanto, aos poucos isso vem se modificando graças a força de mulheres que se projetam como influencia pelas histórias que fazem e são capazes de inspirar toda uma geração como é o caso de autoras como  J. K Rowling, Agatha Christie, Jane Austen, Chimamanda Adichie, Lady Sybylla, Rachel Queiroz, Clarice Lispector, entre outras tantas maravilhosas!

Hoje a participação feminina no circulo literário não se restringe apenas as autorias, mas também invade as páginas dos livros e nos transporta para dentro da vida de personagens marcantes e autênticas, que estão no centro de sua própria narrativa e que nos identificamos porque no fundo todas elas são como uma parte de nós mesmas. Foi realmente muito difícil  ter que escolher entre tantas personagens inesquecíveis, mas a gente não tem como falar de tudo. Sendo assim, aviso de antemão que elas não estão em ordem de preferencia e nem de “desempenho”, a gente só queria falar sobre as mulheres mesmo!

Elisabeth Bennett, Orgulho e Preconceito (1813)

Uma das principais personagens de Jane Austen, Lissie foi uma das primeiras personagens feministas da literatura mundial ao posicionar-se contra valores inerentes de uma sociedade machista e patriarcal, não aceitando submeter-se a casamentos por conveniências e sempre desafiando a inteligencia dos homens. Lissie na verdade é um retrato de muitas outras  mulheres da vida real. Ela é altruísta, inteligente, romântica, mas também orgulhosa e teimosa, cheia de preceitos próprios que às vezes a cegam para as ideias e sentimentos dos mais simples.

Capitu, Dom Casmurro  (1889)

Dissimulada ou mal compreendida? Maria Capitolina Santiago, a Capitu, nossa Monalisa da literatura nacional, é aquele tipo de personagem profunda e enigmática que se coloca como um dos maiores mistérios já construídos pelo homem desde que este resolveu caminhar sobre a face da Terra. Seus olhos de ressaca e misteriosos não revelam quase nada apesar dos múltiplos segredos que aparentam carregar. Mesmo sua história sendo contada por um narrador pouco confiável, o ciumento e paranoico Bentinho com quem Capitu era casada e que acreditava ter sido por ela traído ,  Capitu é aquele tipo de personagem cheia de vida,  apaixonante, cujo segredo nos olhos inspira e parece dar vida a tantas outras mulheres que carregamos dentro de nós.

Hermione Granger, Harry Potter (1997) – por Lorena Santos

Para o dia das mulheres, não poderíamos ter esquecido da nossa queridinha Hermione. Menina de cabelos indomáveis e com os dentes tortos que foram corrigidos no quarto livro da saga (Cálice de Fogo) já mostrava para a gente uma clara fuga dos padrões de beleza, não é mesmo?

Determinada, sem medo de demonstrar suas opiniões, apaixonadas por livros, Hermione com toda certeza é uma das personagens mais influentes para os amantes de Harry Potter. Quem nunca pensou aonde o Harry teria ido sem toda as ajudas de Hermione?Sempre a disposição de seus amigos, a personagem encontra nos livros as soluções para os problemas vividos na trama.

Além das telinhas, Emma Watson, a atriz que interpreta a personagem Hermione, exerce um papel extremamente importante no universo feminino. Emma, formada em Literatura Inglesa pela Universidade Brown, nos mostra que seu amor pela literatura não ficou apenas nos filmes. Além disso, a mesma em 2014, foi nomeada embaixadora da boa vontade pela ONU Mulheres.

Emma vive “deixando” pelo mundo livros que falam sobre feminismo como uma forma de incentivo, tanto a leitura, como ao próprio movimento. Promovendo sua campanha “HeForShe”, ela tem como objetivo fazer com que homens de todo mundo, passem a se envolver com questões de desigualdade sofrida por muitas mulheres. Tem como não se apaixonar pela personagem depois de ter conhecido a Emma?

Morgana, As Brumas de Avalon (1979)

A Morgana é muito amorzinho. Com certeza uma das personagens mais importantes de As Brumas de Avalon, chegando a roubar toda a cena junto com outras mulheres maravilhosas (Morgause, Viviane, Igraine e Gwenhwyfar) mesmo a história sendo a do Rei Arthur (lidem com isso). Morgana é uma personagem altruísta, forte e decidida, que sempre chama as responsabilidades para si nos momentos mais importantes!

Katniss Everdeen, Jogos Vorazes (2008)

Criada por Suzzane Collins, Katniss não é o melhor exemplo de personagem carismática. Ela é seca e direta, honesta e justa, mas carrega no peito um coração enorme, cheio de força e de uma determinação de dá inveja a qualquer um. Sua determinação e coragem são tão palpáveis que inspiram e influenciam tantos outros personagens, a ponto de abalar toda uma estrutura de poder autoritário que subjugava da forma mais cruel toda a população distribuída pelas distritos de Panem.

Deanerys Targaryen, as Crônicas de Gelo e Fogo (1996)

Filha da Tormenta, a Não Queimada, Mãe dos dragões, Rainha de Meere, Rainha dos Ândalos e dos Primeiros Homens, Senhora dos Sete Reinos, Khaleesi dos Dothraki, a Primeira do Seu Nome… Tá aí uma mulher que nasceu pra ser rainha. Deanerys Targaryen é simplesmente uma das personagens mais influentes da fantasia atual. De uma personagem fraca e indefesa, abusada tanto física quanto psicologicamente, ela se torna uma das personagem mais fortes e livres das Crônicas de Gelo e Fogo, livro escrito por George Martin.  Aprendendo com os seus erros mais fatais, aos poucos Deanerys vai assumindo o controle de sua vida e do mundo a sua volta, dominado pelos homens, tudo isso sem se masculinizar e perder sua feminilidade!

Aminata Diallo, O livro dos Negros (2015)

Criada por Lawrence Hill, Aminata é simplesmente uma das personagens mais fortes da literatura contemporânea. Sequestrada na África ainda quando criança e vendida como escrava na Carolina do Sul, Aminata teve uma vida mais do que difícil, mas nunca sem deixar de ser quem ela era ou sem deixar de lado as coisas que acreditava. Sua história é de lutas, mas também de sobrevivência, conquistas e sobretudo amor. Uma mulher maravilhosa, inteligente, batalhadora, lutadora, que viveu  e sobreviveu e que nos coloca no centro da realidade de uma época que muitos hoje em dia gostariam de esquecer.

Macabéa, Clarice Lispector (1977)

Personagem de A Hora das Estrelas, Macabeá é uma nordestina que jamais se viu nua, com vergonha de si mesmo, por ser acha feia ou sei importância. “Habita um limbo pessoal, todo seu, sem pior nem melhor, apenas respirando: um viver exíguo. Nas noites de frio dá a volta a si própria, fatigada, a boca aberta, nariz entupido, um rosto jovem e já com ferrugem”. Datilografa virgem, vestia-se todo dia de si mesma, representando obedientemente o seu papel, o de apenas ser. Essa incrível personagem de Clarice Lispector, é tão real que chega a doer. Despertar em nós o nosso verdadeiro eu, que na maioria do tempo tentamos esquecer. Sua história é muito mais do que uma história, é uma pergunta: Vivemos simplesmente para apenas existir?

Dorothy, O Mágico de Oz (1900)

Uma das personagens mirins mais emblemáticas, dona de um coração gigante e dona de uma mente fértil, recheada de fantasia. Ao lado de seus amigos, vive incontáveis aventuras. Como muitas mulheres, Dorothy é apenas uma jovem que busca o seu lugar no mundo e faz isso da forma mais bonita e honesta, sem nunca abrir mão de seus sonhos e objetivos, neste caso, o de voltar para casa.

Violet Adams, Sociedade dos Meninos Gênios (2014) – por Bernado Costa

O contexto é a cidade de Londres, século 19. Violet Adams é uma adolescente de 17 anos apaixonada por ciências, engenharia e tecnologia. Filha de um dos maiores astrônomos do país, ela passou a infância aprendendo com seu pai sobre todas as coisas possíveis. Enquanto seu irmão, Ashton, era um amante das artes, da poesia e da música, Violet construía e traçava projetos cada vez mais ambiciosos. E ela estava construindo, talvez, o projeto mais ambicioso de sua vida.

Seu pai iria viajar até a América para auxiliar um grande projeto da época, deixando seus filhos por um ano. Era a oportunidade perfeita.

Violet, como cientista que era, sonhava em estudar na Universidade de Illyria, a mais renomada faculdade de ciências da época. Entretanto, seu sonho esbarrava em um enorme obstáculo: apenas homens poderiam estudar em Illyria.

Muitos desistiriam, mas ela decidiu enfrentar. Enfrentar Illyria, a sociedade inglesa, o machismo presente em cada fio de cabelo da época. Ela não iria ser uma duquesa, não iria passar a vida experimentando vestidos e comprando sapatos. Iria estudar em Illyria. Mas como?

Graças a um acaso da divisão cromossomial, Violet não tinha apenas um irmão, ela tinha um irmão gêmeo. Durante seus estudos, ela não seria Violet, seria Ashton. Seu irmão concorda com o plano e ela consegue ingressar, com roupas masculinas, um cabelo curto e uma voz mais grossa.

Uma vez lá dentro, a promissora cientista tem que enfrentar o desafio de ser seu irmão todos os dias, não se envolver com nenhum dos outros estudantes (Illyria já não tolerava mulheres, não sabemos o que um gay poderia sofrer e ainda sobreviver a ameaças cada vez mais perigosas dentro da universidade.

A história continua se desenvolvendo e a leitura do livro é muito interessante, mas o destaque do texto é Violet. A mulher que enfrenta todos os paradigmas sociais ingleses para conseguir estudar. Hoje, são raros os colégios exclusivamente masculinos (o São Bento, do Rio de Janeiro, é um deles), mas os desafios continuam enormes. Quantas mulheres são desestimuladas, ironizadas e até impedidas de cursar algo apenas pela predominância masculina? Até quando a sociedade vai se surpreender com engenheiras, cientistas, tecnólogas, pesquisadoras, com mulheres fortes e decididas?

Violet é uma. Hermione, Katniss, Capitu, Annabeth, Bovary são mais alguns exemplos literários. Marie Curie, Rosa de Luxemburgo, Frida Kahlo, Olga Benário, Margaret Hamilton, Rosa Parks, Dilma Rousseff são exemplos da vida real.

Como dizem todas as mulheres que resolveram levantar e lutar: “A revolução será feminista, ou não será”

Mione Le Fay é carioca, formada em Jornalismo. Escritora, professora de informática, apresentadora e produtora de eventos. Apaixonada por livros e fotografias, encontra nesses nessas duas artes uma forma de mostrar tudo o que existe em seu mundo.

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