Esse é um livro muito difícil de avaliar, principalmente porque eu amei cada segundo dessa história. Cheio de reviravoltas e elementos fantásticos inovadores, Temporada dos Ossos é o tipo de livro que chega para atualizar as definições de originalidade — que aparentemente está em falta no mercado… cof cof (juro que não é indireta para ninguém dessa vez).
Muita gente se diz contra, o que é o mais saudável a ser feito, mas eu não consigo deixar de fazer comparações entre livros. Não do tipo absurdo como querer julgar fantasia YA porque não é nível Tolkien ou George. R. R. Martin (sejamos bem menos), mas sim entre o próprio gênero. O que acarreta de minha referência ser sempre minha trilogia preferida do momento: Feita de Fumaça e Osso, da Laini Taylor. O universo criado pela Laini é, se não o, um dos mais diferenciados que eu já li; e, com um mundo talvez até mais complicado, mais denso, Samantha Shannon chega para tentar bater esse pódio.
As primeiras 100 páginas são muito difíceis, um verdadeiro brainstorm de informações, dificultando a imersão imediata na história. Requer muita atenção para não se perder no que está efetivamente acontecendo, no vocabulário e nas classes de clarividentes, e mesmo assim te deixa com a sensação de ter entendido vários nada. O que provavelmente deve ter feito muitas pessoas por aí desistirem da leitura logo de cara, mas à medida que a história vai se desenrolando, tanto o funcionamento do universo quanto o fato de que Samantha Shannon tinha tudo sob controle o tempo inteiro tornam-se claros e a jornada toma um ritmo desenfreado.
A escrita da Samantha é muito crua, objetiva, sem muitos floreios. Ela vai direto ao ponto. Muito provavelmente por conta de seu universo ser tão complexo que se faz necessário mais tempo para detalhar seus ramos do que enfeitar seu texto sem necessidade alguma. Por mais que eu tenha dito que o livro tem sua parcela de lentidão devido a muita coisa a ser explorada e explicada, a narrativa é muito ágil partindo do ponto em que você já se acostumou com o clima nonsense da história.
Por ser um primeiro livro de uma série de sete — não deixa isso te impedir de ler essa maravilhosidade! —, mesmo que os personagens já se apresentem com personalidades muito distintas, é visível que esse livro foi bastante introdutório e que as interações mais complexas entre cada um foram deixadas para livros futuros. Paige, nossa protagonista, é uma personagem muito forte, determinada e que luta pelo que acredita sem pensar nas consequências; o que resulta um pouquinho numa vibe bem escolhas erradas para fazer “o certo” em alguns momentos, mas de modo geral é incrível acompanhar seu ponto de vista afrontoso. Ao longo do livro ela será treinada por Arcturus, denominado “O Mestre” e por isso boa parte do livro será de interação entre os dois, do tipo que cresce despercebida e quando você vê a coisa já pegou fogo. Alguns personagens deixam um ar de mistério a ser explorado futuramente, como David, Nick, Jaxon e Nashira; enquanto outros meio que somem no meio de tanta gente interessante que, ao terminar a leitura, que foi um buddy-read com a minha amiga, Débora, eu só sabia dizer: QUEM É CARL MEU DEUS?
Admito que essa resenha esteja bem contida. Como disse no início, é muito difícil falar desse livro do tanto que eu amei. É uma mistura distópica e fantástica com fios narrativos magistralmente tecidos, um mundo tão exuberantemente rico e com possibilidade de vastidão inimaginável que só me deixa mais que desesperado pelo segundo livro. O que nos leva a uma notícia maravilhosa! Como esse livro foi cedido pela Editora Rocco para a Aliança de Blogueiros RJ, dentro do kit veio também uma cartinha — confesso que escorreu uma lagriminha nessa hora — dizendo que a continuação “The Mime Order” será lançada ainda no primeiro semestre desse ano; ou seja, BOTEMOS AS TEORIAS PARA JOGO!
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