O cinema é a janela da alma. Através dele podemos vivenciar aquilo que há de melhor e pior dentro de nós mesmos. E é a paixão pelo cinema que move a trama escrita e diriga por Jean-Paul Civeyrac.
Etienne é um jovem que se muda para Paris para realizar seu sonho de estudar cinema na Universidade Paris 8. Lá ele conhece Mathias e Jean-Noel, dois jovens estudantes também apaixonados pela sétima arte e que compartilham objetivos similares aos seus. Mas ao longo do ano nem tudo sai como planejado, e Etienne, junto a seus amigos, vivencia experiências inusitadas e inéditas em sua vida.
Paris 8 é um filme sutil e sem pressa, que namora com a sétima arte de maneira íntima e particular. O cinema como arte inclusive é um dos pontos discutidos em sua trama. Questionamentos intelectuais sobre a sétima arte no círculo pessoal de Etienne são constantes e estão presente em seu cotidiano para mostrar como o cinema é a verdadeira grande paixão daqueles jovens, chegando até a fazer a obra soar conservadora – temos uma crítica negativa direta a diretores como Quentin Tarantino e obras como “O Massacre da Serra Elétrica” – mas isso é facilmente perdoado quando percebemos que agradar o grande público não era uma das intenções de Jean-Paul, pois Paris 8 não é um filme para o grande circuito. Temos aqui o que se considera um “filme de arte”.
Com mais de 2 horas de duração e uma fotografia agradável e reflexiva em preto e branco, Paris 8 é um filme que tem fidelidade a realidade crua e direta, mas sem deixar de lado a poesia e a paixão – afinal, como falar sobre cinema em sua trama sem trazer beleza, quando o cinema é uma das coisas mais belas em nossa vida? Apesar de sua narrativa se perder um pouco em um conflito apresentado no segundo ato, o que deixa a trama um pouco arrastada, os mais familiarizados com cinema de arte serão capazes de captar a sensibilidade que a obra transpassa e sair da sala de cinema namorando sutilezas da mesma maneira que o filme faz.
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