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Esse era um dos meus filmes mais aguardados para esse ano (listinha essa que está bem longe de acabar pela quantidade de tiros que ainda estão por vir), e posso dizer com todas as letras que a espera definitivamente valeu a pena.

Os efeitos são impressionantes — principalmente por conta do 3D, um dos mais bem utilizados que eu já vi; e olha que sou embaixador da inutilidade da terceira dimensão. Os robôs possuem um quê da primeira versão de ‘O Vingador do Futuro’, com todas aquelas partes funcionais se desmontando e remontando, porém apresentando uma visão ainda mais além, com jogos de cores bem surrealistas, impedindo o espectador de desviar o olhar da tela. O trabalho feito na ambientação de um futuro completamente inovador: hologramas de propaganda gigantescos (até mesmo um relacionado ao Brasil, com um Ronaldinho Gaúcho correndo) e a presença constante deles por todos os cenários, mostram um apreço muito grande pelos detalhes, que resultam numa figura muito bem unificada.

Em sua conclusão ocorre uma leve tentativa de “justificar” o whitewashing sofrido por grande parte dos personagens — a escolha de atores de etnias diversas, porém predominantemente caucasiana, ignorando a raiz asiática da história em qual o longa baseia-se, principalmente por parte da personagem Major (Scarlett Johansson), que teve seu nome, Motoko Kusanagi, alterado para Mira Killian — e, de certa forma, faz parecer que o assunto se fechou, quando a verdade é exatamente oposta. Todos sabemos que decisões como essa são tomadas em prol do que os produtores acham melhor para o filme como produto, matéria rentável: a presença de figura conhecidas, Scarlett no caso, aumenta as chances da arrecadação mundial do filme ser imensa; e, com certeza, irá. Entretanto, independente de quanto sucesso o filme alcançar ou possíveis prêmios vencer, não apagará o eco de possibilidade da história ter sido executada fielmente: com atores asiáticos como a história dita.

Entendo que sua tradução literal não seria impactante em nossa língua, mas o conceito de ‘Ghost in the Shell’, utilizado pelo menos como subtítulo — algo como ‘Fantasma (representando uma alma ou consciência, como proposto no filme) na Concha (receptáculo ou corpo)’ — se perde no uso do título ‘A Vigilante do Amanhã’, que emprega enfoque maior no lado da ação — que não deixa de ser incrível —, perdendo a unificação com o questionamento existencial desenvolvido ao longo de toda a trama.

Infelizmente não sou capaz de opinar quanto a sua fidelidade para com a obra original, o anime de 1995, que não assisti ainda e, sim, me envergonho bastante, mas posso dizer que, mesmo com o final aberto, que sempre acho uma coisa desnecessária, ‘Ghost in the Shell’ é um filme incrível. Admito que possua seus clichês, pois afinal — ‘A Chegada’ à parte —, é difícil ser totalmente inovador na ficção científica hoje em dia, porém não deixa de ser um filme sólido, coeso e que mantém seu nível do início ao fim.

Mione Le Fay é carioca, formada em Jornalismo. Escritora, professora de informática, apresentadora e produtora de eventos. Apaixonada por livros e fotografias, encontra nesses nessas duas artes uma forma de mostrar tudo o que existe em seu mundo.

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