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Quando você começa a assistir a esse episódio de Black Mirror, você encontra um mundo pós apocalíptico sobre o qual você não sabe nada, nem passa a saber no decorrer do episódio. Só o que se sabe é que máquinas passaram a dominar o mundo e a perseguir os humanos, sem que se explique como as coisas chegaram a tal ponto. A ironia é que essas máquinas tinham a forma de cachorro…

Pois bem, provavelmente, ao substituir o melhor amigo do homem (um animal) por máquinas letais, parece que a coisa fugiu do controle e a humanidade passou a correr desesperadamente pela sobrevivência. Essa troca de animal por máquina pode, analogamente, ser comparada às substituições que fazemos nos dias de hoje, trocando seres e atividades com vida por criações e forças meramente metais.

O episódio, então, começa com um grupo de pessoas buscando algo para uma pessoa que está, aparentemente, morrendo. Pelo nível do risco, a empreitada faz muitos dos telespectadores pensarem que o grupo estava se arriscando para obter remédios ou suprimentos para essa pessoa. Enfim…

No desfecho da história é que ela se inicia: a busca não era por remédios ou comida, mas sim por um urso de pelúcia. E a pessoa que estava morrendo não era um adulto, e sim uma criança. Qual foi, então, a grande jogada desse episódio?

A simplicidade. A perda da simplicidade, com a dominação das máquinas, havia mostrado aos humanos a beleza e a importância de um urso de pelúcia a uma criança, ou a de uma guitarra a um adulto, tendo que jogá-los de volta a um mundo em preto e branco, de volta a seu passado pré-histórico de presa, para que ele pudesse passar a valorizar todas as formas e expressões de vida, voltando a enxergar a tecnologia como inimiga (ou, no mínimo, com desconfiança).


Mione Le Fay é carioca, formada em Jornalismo. Escritora, professora de informática, apresentadora e produtora de eventos. Apaixonada por livros e fotografias, encontra nesses nessas duas artes uma forma de mostrar tudo o que existe em seu mundo.

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