Miles Halter é um adolescente fissurado por célebres últimas palavras que, cansado de sua vidinha pacata e sem graça em casa, vai estudar num colégio interno à procura daquilo que o poeta François Rabelais, quando estava à beira da morte, chamou de o “Grande Talvez”. Muita coisa o aguarda em Culver Creek, inclusive Alasca Young, uma garota inteligente, espirituosa, problemática e extremamente sensual, que o levará para o seu labirinto e o catapultará em direção ao “Grande Talvez”.
O livro “Quem é você, Alasca?” me marcou tanto que eu não vou me contentar em fazer apenas uma resenha, não vou conseguir falar do livro sem contar spoiler, por isso ultimo aviso, se você ainda não leu o livro, não continue lendo essa postagem, porque irá acabar lendo spoiler. Mas caso o seu interesse seja apenas ler a resenha desse livro, pode acessar a resenha feita no blog, clicando aqui.
Bem, o livro começa com uma página escrito “Antes” e os “capítulos” são na verdade dias antes de alguma coisa grande acontecer, confesso que isso me manteve mais intrigada sobre o que iria acontecer e ao decorrer o livro pensei que seria o “antes” ao grande trote.
Com o decorrer do livro fui gostando cada vez mais da busca do “Grande Talvez” e acho que todos estamos, ou deviamos estar em busca do “Grande Talvez”, aquilo de se arriscar à procura do desconhecido, tentar dar um novo rumo ou um novo sentido à sua vida, às vezes é bom deixar o que é certo para trás em busca do incerto, é libertador, sair de um emprego que se sente escravizado para um melhor, eu confesso que fiz essa escolha pela primeira vez ano passado e foi um dos momentos que eu senti que eu comandava a minha vida, eu era dona do meu próprio nariz. Sentir controle sobre sua vida é uma das melhores coisas que podem lhe acontecer.
Mas isso não foi o que fez o Quem é você, Alasca? se tornar um livro marcante para mim e sim o que acontece e muda o rumo do livro. Esse é o ultimo aviso anti-spoiler que irei dar, então se você não leu o livro e não parou antes, pare aqui.
A morte de Alasca Young realmente me marcou, eu não imaginava que isso iria acontecer, por um momento eu quis jogar o livro pela janela ou mandar um e-mail furioso para o John Green perguntando o porque ele tem tanto desejo por destruir o coração dos seus leitores, sério, gosto sádico. Mas enfim, eu continuei lendo.
E inicialmente acreditava-se que ela tinha se matado, logo depois o livro fecha dando à entender que ela não se matou, ela estava bêbada demais, triste demais e precisava ir no túmulo da sua mãe, ela fez a escolha errada e então acabou tudo, isso faz pensar sobre nossas escolhas, mas esse não é o ponto principal, o ponto principal para mim foi achar uma explicação para a morte.
Como é um livro de ficção onde o autor nos induziu a pensar que a morte da personagem foi causada por uma escolha insensata em um momento que estava bêbada, nós aceitamos essa ideia como verídica e pronto, foi por isso, não tem o que discutir, mas e se isso não fosse um livro, será que seria a única explicação que aceitariamos? Que foi um simples acidente e não um suicídio?
Todos, e especialmente nós leitores, temos a necessidade de dar explicação para a maioria das coisas, no entanto que temos cientistas que ainda tentam descobrir tudo sobre a origem do espaço não aceitando as explicações religiosas. Quem simplesmente aceita qualquer explicação sobre os assuntos, legal, eu infelizmente não sou assim, procuro explicação para as mínimas coisas e se Alasca Young fosse minha amiga, eu não me contentaria com essa explicação, procuraria saber o que aconteceu, mesmo sabendo que isso seria impossível.
Primeiro que eu não lido muito bem com a morte, pode parecer meio desnecessário dizer isso, afinal quem lida bem com a morte? Bem, conheço pessoas que lidam melhor com a morte do que com a doença, eu já sou o contrário e infelizmente eu já tive amigos que já se foram de diversas maneiras.
Quando uma pessoa é tirada de você, a primeira coisa que desejamos saber é o que aconteceu? Se a pessoa morreu por doença, assassinato ou algum acidente comprovando, se torna mais fácil seguirmos em frente, porque temos a explicação para a morte, para o fim, temos algo ou alguém para culpar, mas e se foi o caso de um suicídio, como foi uma das hipóteses da morte de Alasca Young?
Infelizmente tive dois amigos meus que se mataram, um deles deixou uma carta de despedida, porém a outra não e diferente do Gordo, Takumi e do Coronel, não consegui a explicação para a morte dela. A ultima vez que eu a vi foi no metrô e ela parecia bem, cerca de 3 dias depois quando acordo minha irmã me deu a noticia que ela tinha se jogado da janela do terceiro andar e ninguém sabia o porque. Porém ela ainda estava viva, em coma, mas viva. Isso foi em uma quarta-feira.
Tudo o que eu pensava e rezava era para que ela saísse, acordasse do coma e pudesse falar, eu precisava falar com ela e saber o porque ela tinha tentado se matar, porque ela não me procurou ou os demais amigos para conseguir ajuda, como eu não percebi que ela estava tão mal à esse ponto, será que eu devia ter dito alguma coisa na ultima vez que a vi que pudesse ajuda-la? Eu queria que ela acordasse e respondesse à todas essas perguntas, mas infelizmente Beth nunca mais acordou e as respostas para essas perguntas foram embora com ela, nunca saberei a resposta para essas perguntas, nunca saberei o motivo que levou Beth à se matar, nunca saberei se poderia tê-la ajudado, nunca saberei se eu fiz ou falei algo que a levou à tomar essa decisão e isso que me fez pensar no livro do John Green, por mais que John goste de ver seus leitores sofrerem (é o que penso dele depois de ler “Quem é você, Alasca?” e “A Culpa é das Estrelas”), ele não nos fez ficar com essas dúvidas na cabeça, mas infelizmente na vida real, não temos um escritor pronto para dar um final aceitável à todas as histórias, para responder nossas perguntas.
14 Responses
Seu texto é incrivelmente tocante, achei legal a parte que você compara o livro com situações do cotidiano, não li o livro, ainda, mas seu texto me fez ter mais vontade ainda!
Que bom que você gostou Juan.
Se puder leia sim, realmente o livro é muito bom.
Quando ocorre a historia?
por faavor me respondam é para uma analise literaria
Então, te sugiro ler o livro para saber. Esse é um site que indica livros e não faz trabalhos de casa.
Gostei muito do seu texto!eu li o livro e até hoje não entendi qual foi o grande talvez de Miles,será que o grande talvez de Miles foi a Alasca?
Acho que o Grande Talvez do Miles foi mais que somente a Alasca, acredito que a escolha de ir para o Culver Creek foi uma abertura para seu Grande Talvez, penso que lá, ele finalmente encontrou o sentido da vida e pôde desfrutar dela, ele fez amigos, criou vínculos verdadeiros, teve as mais variadas experiências e também, conheceu seu primeiro amor. Acho que todo esse conjunto fez desta busca, algo possível. Para mim, a figura da Alasca foi de grande importância nesse processo, recebendo certo destaque.
Vouu chorarrrr Alasca :'(
eu mandei uma mensagem para o green,(mas ele n respondeu eu acho) bom… spoiler neh… eu amei o livro, achei meio chato o “depois” pq ficou meio detetive. e issu em si perdeu a graça, mas a alma q o “tio verde” pos no miles foi incrivel, um colecionador de ultimas palavras. e personalidade de alasca unica !!
Você tem toda a razão, amo o John como tbm o odeio, ele….será que ele não consegue fazer um livro em que não acabe mal
Tive a msm sensação, queria muito jogar o livro pela janela e dar na cara do John.
A procura de um grande TALVEZ
Acho que é isso que o mundo precisa.
Excelente post! Veja “13 reasons why”. Abços.
A onde começa o conflito do livro ?
Acho horrível o que o John faz,me recomendaram esse livro,qua do me disseram que era dele,eu meio que já sabia que teria uma morte ou alguma coisa no livro,pelo fato dele parecer amar esse tipo de coisa,mas continuei lendo,na esperança dele ter se tocado e ter colocado um final feliz no livro,me decepcionei,pq infelizmente ainda precisamos de algo feliz,mesmo que seja fictício.Mesmo assim recomendo,amei seu spoiler!
Fiquei até sem o que dizer, eu fiquei diferente depois que li esse livro, acho que esse livro na verdade e o que acontece com migo na minha vida…
Preciso falar, quando eu comecei a ler, achei meio parado, não conseguia avançar na leitura, deixava um bom tempo de lado e quando finalmente pegava o livro, lia 3 páginas por aí. Eu estava um pouco desmotivada e ainda recebi o spoiler da morte da Alasca: deixei mais um tempo de lado. Só que acabei retornando, não gosto de não terminar um livro.
Foi a melhor escolha que fiz, pena que, começou a ficar envolvente – para mim- poucas páginas antes do “depois”. Eu terminei o livro no mesmo dia, não conseguia soltar.
Mesmo não tendo um final feliz, bem, até teve, mas não era como queríamos, queríamos Alasca viva e isso foi tirado de nós, eu amei de todas as formas possíveis. Achei interessante como foi retratado a morte dela, um grande mistério. Não foi revelado até hoje se foi acidente ou suicídio, há provas que comprovam que tenha sido acidente, mas há ao contrário também. O livro que comprei é de edição de 10 anos, onde o John Green responde algumas perguntas, pois então, ele foi bem amplo e disse que não respondeu no livro, o que achou que não precisava ser respondido, o que me fez pensar que algumas perguntas, não possuem resposta. Só quem sabe se foi acidente ou suicídio é a Alasca.
Eu queria tanto poder abraçar ela e minimizar a sua dor, ela merecia muito mais.