Hang the D.J. – Os novos algoritmos do amor
Imagine só se você estivesse destinado a um casamento arranjado.
Agora, imagine que não são os seus pais as pessoas que vão decidir seu par romântico para toda a sua vida: será um app. Isso mesmo: um aplicativo!
A falência dos relacionamentos duradouros face à contraditória liberdade de escolha dos parceiros levou à criação desse futuro em que, a partir dos dados colhidos sobre você na internet, uma série de parceiros ou parceiras lhe são enviados a partir de combinações. Ah, mas tem um outro detalhe: essas combinações já vêm com o prazo de validade estabelecido, ok? Dessa forma, você poderá ver se aquele match incrível vai durar apenas algumas horas, meses ou anos na sua vida.
Todos estão dentro desse sistema em que a troca de parceiros se torna algo rotineiro e exaustivo. Inclusive, a personagem principal, Amy, chega até a cogitar se isso não seria uma tática do sistema para fazê-los cansarem da busca, rendendo-se ao suposto amor eterno, mais por fatiga do que por afeto (uma crítica aos casamentos de hoje?). A questão é que, de fato, ela acaba se apaixonando por um cara, chamado Frank, que, para sua sorte, também se apaixona por ela. O problema: o relacionamento deles iria durar somente umas 12 horas, de acordo com o estipulado pelo aplicativo.
Respeitando, então, o sistema de términos, os dois se distanciam, mas, coincidentemente, acabam se reencontrando, fazendo crescer ainda mais a vontade de estarem juntos mais uma vez.
Para a sorte dos pombinhos, o aplicativo torna a fazê-los darem o match. Só que, desta vez, eles combinam não olharem a validade dessa nova chance de relacionamento.
No entanto, tudo vai por água abaixo quando ele decide olhar quanto tempo mais eles teriam juntos dessa segunda vez. E, para sua surpresa, o aplicativo mostrou que o casal tinha mais 5 anos pela frente. Contudo, devido ao fato de ele ter visto a validade, o tempo começa a decair vertiginosamente no aplicativo, reduzindo-se, de anos, a poucas horas. Ou seja, aquilo que duraria por 5 anos sem que eles vissem a validade, passou a ter uma expectativa absurdamente menor, levando-nos a refletir se não seria esse um dos motivos que nos faz esperar tão pouco dos relacionamentos: enxergar de antemão o seu fim (uma desesperança). Por outro lado também, de tantas conclusões e reflexões possíveis, pode-se inferir que, se ele não tivesse visto a validade, ela poderia ir se prolongando para além do tempo natural (que eram os 5 anos iniciais).
Por fim, os dois acabam se separando e, tempos depois, após muitas pessoas passarem por suas camas (mostrando a volatilidade, frieza e superficialidade dos novos relacionamentos), Amy finalmente recebe uma mensagem do aplicativo dizendo que ela finalmente iria se encontrar com seu par definitivo. Antes, todavia, ela recebe a oportunidade de se despedir de um dos seus parceiros anteriores. E, é óbvio, ela acabou escolhendo reencontrar Frank.
Nesse momento, fica evidente que, se havia alguém com quem ela quisesse se reencontrar, esse alguém seria a verdadeira pessoa com quem ela ficaria, sendo portanto seu par definitivo. E, com tantas idas e vindas, o aplicativo acabou colocando-a à prova, mostrando que ela não queria um match qualquer para sempre, e sim queria fazê-la retornar a uma pessoa do seu passado, de quem ela gostava e que lhe havia feito bem. Às vezes, a resposta não está no futuro, mas sim em algo que não fizemos dar certo no passado. E deixamos com que se repita como eco no nosso eterno presente.
Mas era tudo condicionado a algoritmos que mediam o score da “luta” para estarem juntos. Estava tudo programado (queira você atribuir ou não um título de final feliz). Mas, no fundo, as personalidades é que iriam definir o rumo do match.
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