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Autor: Aldous Huxley
Editora: Biblioteca Azul (selo Globo Livros)
Páginas: 306

Nossa resenha de hoje, é mais uma distopia. Considerada uma das maiores distopias, junto com grandes clássicos como: 1984 de George Orwell, Laranja Mecânica de Anthony Burgess e Fahrenheit 451 de Ray Bradbury. “Admirável Mundo Novo”, é um romance de Aldous Huxley publicado em 1932.

Estamos em Londres, em meados de 2540. A grande capital que conhecemos hoje, passou por um avanço bem significativo em termos de tecnologia e saúde. Iniciamos o livro tendo a impressão que estamos passando por uma visitação dentro de um laboratório. No decorrer das páginas descobrimos que estamos dentro de um centro reprodutivo.

A chamada “Bokanovskização” é uma forma de manipular geneticamente embriões, interromper o desenvolvimento dos mesmos e criar cientificamente gêmeos. Esses embriões nascem predestinados a pertencer uma determinada casta. Cada casta possui seu nível, como uma grande cadeia alimentar. As castas consideradas inferiores, de menor valor são referentes ao proletariado sendo vistos com o menor valor e tendo pouco reconhecimento. O lema da sociedade é “Comunidade, Identidade, Estabilidade”, onde a massa é mais importante que qualquer indivíduo.

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Uma das questões que o autor aborda nesse livro é: ” Você abriria mão de seu livre arbítrio para conseguir a felicidade plena”?

Os indivíduos desse livro abrem mão, pior, eles nem se quer sabem o significado de tomar suas próprias decisões. Em terra onde a monogamia é totalmente proibida, pois iria atiçar os instintos mais primitivos daquela população e onde a sexualidade infantil é explorada e vista com naturalidade, soa estranho tendo em vista dos nossos atuais costumes éticos e morais. Nenhum ser pertence a si mesmo, pois é programado para obedecer as normas do governo, entretanto ”todos pertencem a todos” sexualmente.

E se essa massa começar a ter pensamentos revolucionário quanto ao seu sistema? Para isso, existe o SOMA. Uma pílula alucinógeno capaz de eliminar todos os pensamentos ruins, te colocar em transe, como é dito em um trecho a SOMA é uma mistura de álcool e cristianismo.

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E como os bebês são programados cientificamente? Os bebês são torturados por meio de choques e figuras são jogadas em sua mente, fazendo relação com “a dor e o proibido” e essas figuras são armazenadas em sua memória para não haver esquecimento.

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Na página 42 tomamos conhecimento do que seria essas ameaças.

Eles crescerão com o que os psicólogos chamavam de um ódio ”instintivo” aos livros e às flores. Reflexos inalteravelmente condicionados. Ficarão protegidas contra os livros e a botânica por toda a vida…

Conhecemos Bernard Marx, economista que está incomodado com a ordem e o sistema que vive. O personagem se recusa desde cedo a fazer uso do Soma, fazendo com que tenha pensamentos diferente dos demais. Bernard, junto a sua amada Lenina trazem para o seu mundo um ”Selvagem”, um espécie de índio ( se for considerar nos dias de hoje) que vive em uma reserva florestal. Em seu meio de convivência ainda existe amor, casamento e nascimento por meio de concepção natural.

E é esse o ponto que o leitor fica sendo levado ao mundo novo e ao ”velho” mundo. Com a chegada do Selvagem, muitas referências se tornam conhecidas como “Shakespeare”.

O Deus que a sociedade tanto venera é “Henry Ford”- empresário da linha de produção de automóveis. O que eu pude tirar e entender a proposta de Huxley é, até onde podemos coloca nossa vida na mão da tecnologia e da ciência em prol de ”acessibilidade e comodidade”, dando poder a grandes governantes de usarem esses avanços para nos limitar e cada vez mais tirarem o nosso poder de decisão sob nós mesmos. Em 1932, esse livro foi publicado e é considerado até hoje como uma distopia, mas será que daqui a alguns anos não será a cópia fiel de uma cidade contemporânea? E esses remédios paliativos, que as indústrias farmacêuticas produzem em massa como forma de aliviar sintomas de doenças como depressão e ansiedade, e só fazem com que a população se apegue, consuma mais e mais procurando uma saída para resolverem seus problemas pessoais, emocionais. Huxley, sem dúvidas sabia do que estava falando. “Admirável Mundo Novo” é muito mais que um livro futurista é uma jogada de mestre e uma grande crítica aos nossos governantes e a nós mesmos.

Espero que tenham gostado da resenha, e até a próxima.

Esse livro faz parte do “Projeto Rory Gilmore” feito pelo blog Embarque Literário

Mione Le Fay é carioca, formada em Jornalismo. Escritora, professora de informática, apresentadora e produtora de eventos. Apaixonada por livros e fotografias, encontra nesses nessas duas artes uma forma de mostrar tudo o que existe em seu mundo.

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  1. Perfeita resenha, Lorena! Parabéns também pelas suas claras e bem colocadas opiniões.
    Um livro com uma profunda estória para ser degustada com calma e que desperta o lado crítico do leitor que dedica o tempo e a atenção que a obra merece.

  2. Nossa, esta coisa da sexualidade infantil e da ausência total do livre arbitrio me deixaram impressionada… Me pareceu um livro que tudo que tem de reflexivo e interessante também tem de DENSO!

  3. “Eles crescerão com o que os psicólogos chamavam de um ódio ”instintivo” aos livros e às flores. Reflexos inalteravelmente condicionados. Ficarão protegidas contra os livros e a botânica por toda a vida…”
    Nossa, isto foi beeeeem forte! E desesperador se fosse real! Me lembrou FARENHEIT 457, onde os livros tambem eram proibidos e queimados…
    Gostei bastante da associaçao tanto do alcool quanto do cristianismo ao alucinógeno… Fiquei pensando na vida real, onde vários ex alcólatras se tornam cristaos rigorosos…
    Me senti bem intrigada e curiosa a procurar pelo livro!

  4. Fiquei pensando nessa coisa que o livro trás sobre a sexualidade “livre” onde ninguém eh de ninguém, em um mundo onde nao existe liberdade porque “a massa importa mais que o indivíduo”… Ainda estou pensando…Pq na vida real tanta gente liga a liberdade sexual exatamente à “ninguem ser de ninguém”…
    Pensando aqui se ISTO seria mesmo “ser livre” na real life tbm…
    Pensando em ler o livro p pensar melhor…

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