Oi, gente! ♥
Bem-vindos a mais um quadro de autores do Wattpad. Hoje, é dia da entrevista da Victoria Gomes, autora dos livros Profecia, Obsidiana Fraturada e Conexão Cruzada. Ela falou bastante do seu processo de escrita e do impacto que os livros têm causado nos leitores. Venham conferir!
Como você busca inspiração? O que a motiva no dia a dia para escrever?
R: Acho que não tem nada em especial que me sirva de inspiração. Eu tento buscar o que me é necessário dependendo do que vou escrever. É o maior dos clichês, mas a vida inspira a arte de fato, e é assim que tem funcionado para mim. Um exemplo disso é que Obsidiana Fraturada foi inteiro pensado depois que vi um casal brigando na faculdade. Uma coisa que, a princípio, não tem quase nenhuma relação com a história, mas foi o que desencadeou tudo. Dificilmente gosto do resultado de primeira. Preciso dar, pelo menos, algumas horas para o capítulo descansar antes de voltar, ler e ajustar o texto, até que esteja da forma como gostaria. E não há motivação maior do que o feedback dos leitores animados com a história, que dão aquele gás para fazer um ótimo trabalho e entregar um livro de qualidade.
Seu livro, Obsidiana Fraturada, acabou de chegar ao fim. Como se sente com essa conquista? Existem outros projetos prontos e/ou em andamento?
R: Obsidiana foi um parto. Sem dúvidas, a coisa mais difícil que escrevi, por causa da carga emocional da história, e é uma sensação ótima vê-lo, finalmente, concluído. Foi uma experiência completamente nova. Tive que pesquisar muito para abordar todos os assuntos da forma mais correta possível e tomar bastante cuidado para fugir de quaisquer romantizações. A sensação de dever cumprido é inexplicável, e tenho muito orgulho desse trabalho. Além desse, tenho Profecia, uma fantasia infanto-juvenil completa, e Conexão Cruzada, um romance adulto em andamento, além de diversos contos de gêneros distintos.
Laura, protagonista de Obsidiana Fraturada, está morta e todos sabem disso. Como é lidar com a construção de um personagem cujo destino as os leitores já têm conhecimento?
R: Laura morre logo no prólogo. Esse não é um fator de suspense do livro. A ideia toda da história é entender o que levou àquilo e como os eventos se desenrolaram para ter esse resultado. O livro aborda os relacionamentos entre os personagens e como cada ação tem uma consequência, e a consequência final é a morte da garota. Foi muito interessante ir desenvolvendo a história e dando personalidade a ela e aos outros personagens, entregando uma peça do quebra-cabeça por capítulo e deixando o leitor juntar tudo no final para entender o cenário. Bem desafiador também, porque não há margem para furos quando cada detalhe importa para a explicação final. O mais interessante de tudo foi ver os leitores se apaixonando pela Laura no decorrer dos capítulos e desejando que ela ainda estivesse viva, porque se conectaram de verdade com a sua história.
O que você pensa sobre representatividade e como aborda nas suas obras? Com quais delas existe essa preocupação?
R: Eu acho que a gente ainda tem um caminho muito longo para percorrer nesse sentido. Há muita resistên
cia, tanto por parte de escritores quanto dos leitores, para fugir do padrão que já é tão conhecido e consagrado na literatura. Mas acredito que estamos no meio de uma revolução, com cada vez mais obras sendo construídas e um elenco que representa a população, se
m se restringir a só um segmento. Em Obsidiana Fraturada, temos personagens negros, gays, bissexuais e demissexuais. Em Profecia, o protagonista masculino é negro e isso é dito logo no começo do livro, e existiram leitores chegando à metade do livro e dizendo que, na cabeça deles, Tobiah lembrava um ator loiro de olho verde, o que reforça que é um processo, um longo caminho a ser seguido. Em Conexão Cruzada, Juliana é negra e gorda e, apesar de essa ser sim uma questão e motivo de insegurança da personagem, isso não a impede de viver uma história de amor. E acho que essa é a mensagem que quero passar com todas as minhas histórias: não importa quem você é. A vida pode não ser fácil nem justa, mas qualquer um merece um final feliz, e todo mundo merece se reconhecer nas histórias que lê.
O feedback dos leitores afeta a sua escrita de alguma forma? Se sim, como?
R: Não afeta o rumo da história. O roteiro existe na minha cabeça e só mudo se achar que precisa tomar um caminho diferente, independente de influência externa. Mas, dependendo do dia, afeta minha produtividade. Já aconteceu de eu precisar parar por um dia e respirar fundo antes de retomar a escrita porque ouvi algo que me afetou. Da mesma forma que já me aconteceu de virar a noite escrevendo por um surto de animação que veio de um comentário lindo que me fez chorar.
Você disse que usa um roteiro. Muitos autores usam. Como ele colabora para o desenvolvimento dos livros?
R: Não faço um roteiro detalhado de cada cena. Para mim, isso mais atrapalha do que ajuda, porque me sinto presa. Quando começo um livro, tenho marcos que precisam ser atingidos. Acontecimentos-chave pra história. Um panorama geral do enredo. Sei como acaba, quais são os conflitos e qual é a evolução que os personagens precisam atingir. O resto vem conforme o livro se desenrola, de forma natural e bem pouco planejada.
O contraste entre Conexão Cruzada, Profecia e Obsidiana Fraturada é enorme. Foi proposital? Imaginava que escreveria histórias com impactos tão diferenciados uns dos outros?
R: Não! Não foi proposital e foi uma grande surpresa para mim também. Profecia é bem leve e com poucos questionamentos sociais. O que marca mais a história é uma mulher empoderada, dona de si e, literalmente, do mundo inteiro. A ideia para Obsidiana surgiu sem que eu esperasse por isso e, quando comecei com o livro, planejei uma coisa pequena, mas a história cresceu de um jeito na minha cabeça que acabou ficando com 30 capítulos. E é o completo oposto de Profecia, com um conteúdo adulto e muito pesado abordando abuso e transtornos alimentares, sendo completamente baseado em relações tóxicas. É uma leitura mais pesada e demandou uma escrita muito cuidadosa. Já Conexão Cruzada surgiu para ser um capítulo que eu inscreveria em um concurso. Um verdadeiro desafio, porque nunca me imaginei escrevendo romance. Mas percebi que tinha a oportunidade de usar um gênero com um alcance muito grande para levantar discussões muito importantes, e estou adorando o resultado.
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