Um programa de televisão que só oferece a desistência como forma de eliminação. Um reality show com duração indeterminada e que premiará o participante mais resistente. Pode parecer com algo que você conhece como os programas Survivor ou No Limite, mas e se isso se desenrolasse em paralelo a uma grande catástrofe de proporções desconhecidas? Os participantes sabem o que está acontecendo fora do programa? Ainda existe programa? A linha entre a verdade e a realidade midiática é o mote de O que restou, romance de estreia da jovem autora norte-americana Alexandra Oliva, já traduzido em mais de 20 países, considerado um dos melhores lançamentos de 2016 pelo Seattle Times e indicado ao prêmio Goodreads Choice, da Amazon.

O livro parte do desafio de Zoo, professora que decide viver uma última grande aventura antes de ter seu primeiro filho. Depois de dois anos de um casamento estável e feliz, ela aceita participar do programa e quer provar a si mesma que consegue suportar todas as provações físicas e psicológicas, como uma espécie de exercício de independência. Além das dificuldades naturais do contexto inicial do programa, tudo vai ficando mais tenso quando ela encontra vestígios assustadores. Verdadeiros ou cenográficos?

Os personagens, como em todo reality show, são bem delimitados. Um militar loiro e de olhos azuis, um lutador forte e vencedor, uma garçonete fútil e bonita, um engenheiro nerd, um estudante afeminado, um legítimo cowboy. Representações do imaginário televisivo. Todos envolvidos demais com a pressão do jogo e perdidos na linha tênue entre o perigo calculado que acham que enfrentam no programa e o perigo real de um mundo que parece de fato perto do caos.

Alexandra Oliva narra com propriedade e em primeira pessoa os detalhes do cotidiano de Zoo, como a construção de um abrigo, a busca por água e alimento, as técnicas para construir uma fogueira praticamente do nada e o encontro gradual com o ambiente de morte e destruição. A autora, como parte da pesquisa para o livro, participou de um curso de sobrevivência nas montanhas do estado de Utah, onde acampou sozinha por alguns dias sem mantimentos. Experiência que permitiu o realismo tão convincente de O que restou, que envolve o leitor nas linhas finas entre o verossímil e o imaginado.

Nossa, eu amo Distopias e adoro esses programas de sobrevivência, tipo “Largados e Pelados” e “No Limite” e por isso eu amei esse livro, afinal ele junta distopia com sobrevivência. O livro fala da historia de 12 pessoas que participam de um reality show de sobrevivência que leva os personagens ao limite… Esses participantes passam por diversas provas, mas perder uma prova não te leva a eliminação, a única forma de eles saírem do jogo é se “desistirem”

Um ponto bem interessante do livro é que mostra não apenas o jogo, mas também os bastidores do reality, saber a opinião do publico e por vezes eu sei lá, me sentia como se estivesse lendo comentários de um jogo que realmente existisse.

Sobre os personagens, vou falar mais sobre alguns competidores que me marcaram mais que são Mateiro, Garçonete, Exorcista e Zoon.

Mateiro é o cara fodão dono da porra toda, tipo ele é o cara melhor em tudo e eu quero muito ser amiga dele no apocalipse zumbi, só teria um problema em ser amiga dele, na verdade, dois problemas, um desses problemas é que ele não quer amizade com ninguém e o segundo é que ele se acha demais, tipo ele tem a plena convicção que o prêmio já é dele o tempo todo e eu odeio pessoas assim.

Garçonete é uma mulher com um rosto bonito e só, ela não sabe absolutamente nada e basicamente esta lá para discutir com Exorcista.

Exorcista é um cara meio estranho… Tipo o cara diz que vê espíritos e coisas sobrenaturais, aposto que se ele não fosse um personagem e sim uma pessoa real seria um desses fãs de Sobrenatural que passa a caçar vampiros, lobisomens e outras coisas que acreditam existir.

Zoon, apesar do nome parecer ser mais masculino, ela é uma mulher loira mega inteligente e calculista, do tipo que você quer ser quando crescer,

É bem interessante ver essas pessoas mega diferentes tendo que lidar uns com os outros para trabalhar em equipe e isso me lembrava demais o reallity show “No Limite”, apesar de estarem passando por um programa, eles que tem que se virar para achar o que beber e comer.

Outro ponto interessante é que os capítulos do livro são intercalados entre o presente e o futuro e enquanto no presente eles estão ainda empolgados e talz, no futuro podemos ver os que continuam no jogo exaustos, com a mente bagunçada mas tendo aprendido melhor a conseguir o que precisam. O legal do futuro é você ver como as provas do jogo mexeram com ele e a genialidade das mesmas pois elas servem para deixar os competidores no limite, tanto fisicamente como psicologicamente.

Esse foi um livro que eu amei demais ler, extremamente viciante, você não consegue largar até chegar ao final e descobrir quem ganhou a competição, isso quase me rendeu um atropelamento, o que fica a dica para não ler enquanto anda.


Mione Le Fay é carioca, formada em Jornalismo. Escritora, professora de informática, apresentadora e produtora de eventos. Apaixonada por livros e fotografias, encontra nesses nessas duas artes uma forma de mostrar tudo o que existe em seu mundo.

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