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Se você tivesse uma segunda chance para o primeiro amor… Você aceitaria? Já faz três anos que o amor de Adam salvou Mia após o acidente que mudou a vida dela. Três anos desde que Mia saiu da vida de Adam para sempre. Vivendo agora em lados opostos do país, Mia é um talento em ascensão na Juilliard, a conceituada escola de música, e Adam é o típico astro do rock de Los Angeles, com direito a notícias nos tabloides e uma namorada-celebridade. Quando Adam se vê sozinho em Nova York, o acaso reúne o casal mais uma vez. Por uma noite. Com a mesma força dramática de Se Eu Ficar, agora pela voz de Adam, Para Onde Ela Foi expõe o desalento da perda, a promessa de esperança e a chama do amor que renasce.

Quando terminei de ler “Se eu ficar”, confesso que fiquei frustrada e decepcionada com a leitura. Eu esperava muito mais da trama. Muito mais emoção. Não que eu não tenha me comovido com a tragédia vivida pela protagonista, sentido lágrimas nos olhos e tals. O livro apenas não me fisgou e acho que devido a tudo o que li e vi sobre a estória, eu fiquei meio que esperando que essa conexão acontecesse comigo. Mas não rolou. Achei os personagens bem construídos. Adorei os pais da Mia e o vazio de ler aquilo como uma lembrança apenas me deixou meio mal. Mas foi só. Eu teria devolvido o livro de boa para a estante se não fosse aquela prévia do primeiro capítulo de “Para Onde ela Foi”, seqüência do “Se eu Ficar”, mas agora pelo ponto de vista do Adam, que me fisgou em menos de dez páginas, algo que a Mia não conseguiu fazer durante um livro inteiro!

Para onde ela foi começa de um jeito bem interessante, e surpreendente. Mais de três anos se passaram desde o acidente que destruiu a família de Mia, que sobreviveu graças ao apelo desesperado de Adam para que ela ficasse. Independente se ela ficasse com ele ou não. Independente se ele tivesse que largar sua banda em ascensão, a Shooting Star, para ficar com ela. Apelo e promessas que lhe custariam bem caro tempos depois.

A parte surpreendente, é que apesar de todo aquele amor de Mia por Adam, que testemunhamos na primeira parte da estória, assim que se recuperou do acidente ela partiu para Juilliard – escola de música em Nova Iorque na qual foi aceita – e nunca mais retornou. Nem atendeu os telefonemas de Adam. Nem respondeu seus emails. Nada.

Quem leu o primeiro livro, sabe que em uma das lembranças de Mia com Adam, ela o questiona porque ele nunca tinha composto uma música para ela, no que ele responde de forma sinistra que ela teria que trai-lo para que ele fizesse isso. Pois é, o abandono silencioso foi um prato cheio para a criatividade do rapaz. Profundamente deprimido e em toda a sua dor e fúria ele compôs para Mia não apenas uma canção, mais um álbum inteiro, chamado Collateral Damage, a obra-prima de Adam. Raivoso e brutal. Escancarando em suas letras toda sua raiva e ressentimento por ter sido abandonado sem uma única palavra e responsável também por levar a Shooting Star ao auge do estrelato.  Tornando Adam de uma hora pra outra um rockstar mundialmente famoso, cobiçado e caçado por groupies e paparazzis. Com uma conta bancária de rockstar, discos de platinas de um rockstar,  uma casa e uma namorada – uma famosa atriz hollywoodiana – dignas de um rockstar.

Era de se esperar então, que de uma hora para outra, o menino humilde de Oregon, acordara numa vida perfeita, sonho de qualquer músico talvez, o de ter seu trabalho finalmente reconhecido no mundo inteiro. Mas não é bem com isso que nos deparamos durante a leitura. Com a fama, a vida de Adam transformou-se numa bagunça ainda maior, bem como sua mente. Como ele mesmo gosta de dizer: Tudo virou uma grande merda!

O que achei muito interessante foi como Gayle Forman pontuou um pouco já no primeiro livro a inclinação do personagem para o isolamento – ele fazia isso na escola – e como ele sempre ficava muito ansioso antes dos shows – bem, acho que é normal, mas no caso de Adam, com a fama e tals, sua ansiedade virou uma bola de neve, fazendo dele alguém paranoico e frustrado por ter que andar disfarçado pelas ruas.  Um cara rabugento e inacessível. Até mesmo para seus amigos de banda do qual ele se afasta após uma acalorada discussão. Alguém que precisa de calmantes pesadões e cigarros para conter sua agitação, suas crises de pânicos, para viver um dia de cada vez. Como Adam mesmo diz, ele é emocore até os ossos!

Claro que por trás de tudo isso, está a depressão que ele nunca conseguiu superar por ter sido deixado por Mia. Principalmente isso. Assunto extremamente proibido em qualquer entrevista concedida pela Shooting Star, por isso ele surta com uma repórter quando ela o questiona sobre sua inspiração para escrever o Collateral Damage e tenta sondá-lo sobre Mia.

Após o estresse, Adam ganha um dia de folga e durante suas andanças pelas ruas de Manhattan, contra todo o seu bom senso, acaba num concerto de Mia no Carnegie Hall. Sem imaginar que seria reconhecido e sem contar que Mia o convidaria para um encontro nos bastidores.

Meu primeiro impulso não é agarrá-la, beijá-la ou gritar com ela. Só quero tocar seu rosto, ainda corado pela performance de hoje. Quero diminuir o espaço que nos separa, medido em passos – não em quilômetros, não em continentes, não em anos -, e colocar meus dedos calejados no seu rosto… Mas não posso tocá-la. Esse é um privilégio que não existe mais.

Após um encontro tenso e fingidamente polido, Adam foge o mais rápido possível da presença de Mia, sendo surpreendido em seguida quando ela o segue pelas ruas e o convida para conhecer a cidade e assim apresentar a ele os pontos que mais gostava em Nova Iorque.

Quando Adam concorda, a medida que Mia tenta preencher o desconforto entre os dois com boliche e informações sobre estacionamento, o menino vai ficando mais e mais próximo de explodir, até que ele finalmente explode e a coloca contra a parede, exigindo respostas!

Bem, Mia tinha seus motivos, a gente entende, mas isso não a torna menos cruel ao meu ver e nem menos tapada na minha opinião – pelo menos ela reconhece os erros que cometeu.

E assim como no primeiro livro, a narrativa se divide entre o antes e o depois, o que nos permite ter uma melhor noção das coisas do passado, mas pelo ponto de vista do Adam. Como o momento em que Mia recebeu a notícia sobre a morte dos pais e do irmão, e seu processo doloroso de recuperação, além de fragmentos da vida de Adam: como ele se tornou um músico, como entrou para a Shooting Star, momentos entre ele e Mia. Percebe-se também uma evolução mais clara na escrita de Gayle Forman e o fato de ser narrado por um menino tornou as coisas bem mais interessantes.

O inicio da maioria dos capítulo no presente, trás um trecho das faixas do Collateral Damage e as páginas do livro todo tem aquelas notas musicais bem como as do “Se eu ficar”. O que gostei muito também foi o fato de encontrarmos muitas menções a coisas, nomes da atualidade, que faz parte da nossa vida, o que fez do livro algo ainda mais real para mim. Eu gosto de fantasia, mas prefiro muito mais leituras que me trazem para a realidade. Me sinto muito mais tocada, ligada, ainda mais se tiver um personagem emocionalmente perturbado como Adam. Sempre me comovo. E amo também essa combinação livro-música, por isso me senti tão em casa. Amo fervorosamente as duas artes.

E após momentos dolorosos com Adam, confesso que o final já era esperado. Precisava ser aquilo mesmo, eu só achei esquisito o desdobramento das coisas. Apenas em um dia. Talvez as decisões e escolhas de Adam e Mia devessem ter transcorrido com mais calma e tempo, mas também pode ter sido apenas eu querendo mais um pedacinho do Adam!

Devorei esse livro em um único dia! Tão depressa que depois fiquei cheia de remorso. É um livro que fala sobre toda a dor e devastação que nos fere na alma quando perdemos alguém amado. Sobre o esforço de perdoar e ser perdoado e de toda a coragem necessária para abrir os dedos das mãos e deixar alguém que se ama partir… Muitas coisas ditas por Adam pareciam que foram escritas diretamente pra mim, pois atravesso um momento assim… Não deprimido, mas de ter que deixar alguém querido ir…

Queria ter tido mais um pouquinho, mas não se pode ter tudo na vida… Até o Adam sabe disso!

Deixar pra trás. Todo mundo fala como se isso fosse a coisa mais fácil. Abrir seus dedos um a um até sua mão ficar aberta. Mas minha mão ficou fechada num punho por três anos, e agora está bem fechada. Eu estou todo congelado. E prestes a apagar completamente.

Vou deixar aqui minha musiquinha… Eu tinha até uma mais fiel, mais Bosco me marcou, porque estou na fase de colocá-la pra tocar e deixar. E isso calhou bem com a leitura do livro. Então, embora a letra fale de um alcoólatra, algumas coisas se associam a Adam e Mia, e ao Collateral Damage. Acho que dá pra enfiá-la nesse contexto. Pelo menos acho que ela tem o tom certo do livro!

Bosco

Eu te amo mais do que qualquer homem, mas alguma coisa está ficando no nosso caminho
Eu te faço mal porque eu posso, pela segunda vez hoje
Vítimas vêm do acaso mas você é uma vítima, de qualquer forma
Presa dentro de uma circunstância, com sua confusão e sua culpa

E quando eu fico bêbado, você me leva para casa e me mantém a salvo do mal
Quando eu fico bêbado, você me leva para casa

Te peço outra segunda chance, então, eu bebo até jogar tudo isso fora
E eu fico agressivo quando você reage. Por amor, frustração e desânimo
Eu estava tão delicado quando começamos, tão frágil quando eu falei seu nome
Mas agora eu não sou nada, além de um apaixonado, para minha compulsão e minha vergonha

E quando eu fico bêbado, você me leva para casa e me mantém a salvo do mal
Quando eu fico bêbado, você me leva para casa

Você sabe que eu sou grato, eu aprecio
Mas, na verdade, é cruel a forma como eu te sugo até secar
Como eu te sugo
Como eu te sugo até secar

Eu te amo mais do que qualquer homem, mas parece que coloco tudo isso a perder
Eu te faço mal porque eu posso, com uma piada de mal gosto
Eu tenho duplicidade no meu comando, então eu continuo mentindo na sua cara
Então eu fujo para o país das maravilhas, desapareço sem deixar rastro

E quando eu fico bêbado, você me leva para casa e me mantém a salvo do mal
Quando eu fico bêbado, você me leva para casa

Você sabe que eu sou grato, eu aprecio
Mas, na verdade, é cruel a forma como eu te sugo até secar
Como eu te sugo
Como eu te sugo até secar

Mione Le Fay é carioca, formada em Jornalismo. Escritora, professora de informática, apresentadora e produtora de eventos. Apaixonada por livros e fotografias, encontra nesses nessas duas artes uma forma de mostrar tudo o que existe em seu mundo.

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