O que se faz ao longo dos dezoito capítulos deste romance de Eça é a dissecação da sociedade portuguesa de sua época, que ele se esmera em expor para apontar os males e a degeneração. Vêem-se, assim, no grande quadro social anatomizado pelo realismo de Eça de Queirós: o clero e a sua influência danosa ao pensamento e modo de vida portugueses; as moléstias sociais das média e alta burguesia lisboetas, com seus inúmeros e desastrosos casos de adultério; os ambientes literários e políticos, sua corrupção e tacanhice intelectual. Se é fato que a ironia é um dos grandes trunfos para a grandeza da escrita queirosiana, em Os Maias ela serve como potencializadora da tarefa trágica e também tão irônica do Destino. Talvez isso explique, em parte, a força de um romance, que, mais de um século depois de sua primeira publicação, é ainda capaz de atrair tantos leitores e de criar tamanho interesse.
Os Mais é um romance do português Eça de Queirós que retrata perfeitamente a burguesia portuguesa no final do século XIX. Em meio a tantas críticas sociais e críticas relacionadas ao clero da época, conhecemos a bela e trágica estória de Carlos da Maia e Maria Eduarda, além do excêntrico João da Ega.
Além das inúmeras críticas sócias, o livro conta a trágica estória da família Maia que começa quando Pedro Maia se apaixona por Maria Mão Forte, filha de um homem de caráter duvidoso,que logo faz com que Pedro se desentenda com seu pai e saia de casa, e se case com ela. Mas Maria Mão Forte logo demonstra para o que veio ao mundo e coloca um par de chifres em Pedro e foge com outro homem.
Arrasado e altamente devastado, Pedro faz as pazes com seu pai e volta para o bonito Ramalhete, mansão de sua família. Desgostoso e desesperado, sem conseguir se recuperar do adultério, Pedro acaba tirando a própria vida dando um tiro na cabeça.
Assim, entramos na segunda etapa da estória que se passa anos após a morte de Pedro.
Afonso da Maia, pai de Pedro, continua vivo e cheio de vida, criando seu neto, Carlos da Maia, fruto do casamento de Pedro e Maria.
É nessa parte que a estória esfria e fica enrolada, assim Eça de Queirós aproveita para fazer suas críticas construtivas, porém cansativas sobre a sociedade portuguesa e de outras sociedades e assuntos de uma forma geral.
E embora e livro seja cansativo, denso por causa de sua linguagem rebuscada e Eça acabe se detendo a detalhes e descrições demais, ele não deixa de ter uma narrativa maravilhosa.
Além de todas as críticas sociais feitas pelo autor, nesta segunda etapa da estória conhecemos centenas de personagens chatos, interessantes e desinteressantes também. Fiquei empanturrada com todos os jantares que o jovem Carlos e seu inseparável amigo ateu, João da Ega participaram. Quase regurgitei sobre as toalhas finas da mesa de tão cheia que fiquei.
Apenas após muitas páginas de críticas, banquetes e enrolação é que a estória volta a ficar interessante com romance entre Carlos da Maia e Maria Eduarda,o que acaba provocando nas páginas seguintes a maior de todas as tragédias para os Maias.
Gostei muito dessa passagem do livro:
“…ela passou diante deles, com um passo soberano de deusa, maravilhosamente bem feita, deixando atrás de si como uma claridade, um reflexo de cabelos de oiro, e um aroma no ar.”
O livro ganhou uma adaptação para a televisão brasileira em 2001 e com certeza foi uma das minisséries mais bem produzidas e de maior qualidade estética da teledramaturgia brasileira. E mesmo com o seu nível estético elevado, a obra acabou tornando-se um dos maiores fracassos de audiência da Rede Globo. Talvez por que o grande público não estivesse preparado para algo com uma linguagem tão rebuscada.
A minissérie contou com a excelente direção de Luiz Fernando de Carvalho e texto de Maria Adelaide Amaral.
Para contar a estória dramática dos Maias, a Globo entrou em parceria com a SIC, uma emissora portuguesa, gastando uma quantia abusiva para época de 200 mil reais por capítulo (foram 45). Isso tudo por que Os Maias teve locações em Portugal, um elenco de primeira, fotografia de cinema e uma marcante trilha sonora feita por uma orquestra de 90 integrantes!
O Castelo dos Mouros, na cidade de Sintra, serviu como cenário para a primeira parte da estória onde se dá inicio ao romance entre Pedro (Leonardo Vieira) e Maria Mão Forte (Simone Spoladores).
Na segunda etapa, ainda em Sintra, o Palácio da Pena e a Quinta da Regaleira foram o cenários para o inicio do romance entre Carlos Eduardo (Fábio Assunção) e Maria Eduarda (Ana Paula Arósio).
As atuações dos atores também foram memoráveis, assim como a trilha sonora do grupo Madredeus (O Pastor e Haja o que Houver) embalaram cenas marcantes.
Na última fase, Maria Pêra dar seu ar da graça na estória e embora o retorno de sua personagem não ocorra no livro, para a minissérie isso só veio a acrescentar algo ainda melhor, uma vez que uma das cenas mais marcantes é quando a libertina arrependida descobre a maior de todas as tragédias dos Maias.
Na época,o insucesso foi vinculado ao público brasileiro, porque qualidade e enrendo a minissérie tinha de sobra. Dos 30 pontos esperados no Ibope, a minissérie fechou com apenas 15,chegando muitas vezes a ficar atrás de um programa do SBT na época, o Show do Milhão.
Mas com a graça do bom Deus, a sociedade está mudando, a leitura está cada vez mais comum entre os jovens, por isso hoje, Os Maias é visto como um grande clássico da Tv brasileira, que ganhou uma reprise no canal Viva e que você também pode adquirir comprando o box com os DVDs!
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Very interesting points you’ve got observed, appreciate it for placing. Great is the art involving beginning, but greater could be the art of ending. by Holly Wadsworth Longfellow.