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Atenção, essa postagem contém spoiller de “A Canção do Súcubo”

O amor machuca, e ninguém sabe disso melhor que Georgina Kincaid, uma verdadeira deusa, ou melhor, demônio em forma de mulher. Seth Mortensen era tudo o que ela podia querer e tudo o que não podia ter. De que adiantou ter conquistado o namorado amoroso e estável que buscou durante séculos se o máximo que poderia fazer com ele era… ficar de mãos dadas?! Qualquer coisa menos inocente abreviaria a vida de seu amado. Afinal, Georgina é um súcubo! Como se não bastasse ter uma vida amorosa desastrosa, seus dias no trabalho estão, sem trocadilhos, infernais. Seu colega Doug passa a ter um comportamento no mínimo estranho, e Georgina desconfia que seja efeito de algo mais poderoso que uma overdose de café. Para complicar, seu melhor amigo imortal, um íncubo tão irresistível para as mulheres como ela é para os homens, precisa de sua ajuda numa missão politicamente… sedutora.

“Ergui os olhos para ele. Eu sabia o que via quando o olhava. Ele era tudo o que eu podia querer e tudo o que não podia ter. O companheiro amoroso e estável pelo qual eu ansiara todos esses anos. Perguntei-me o que ele via em mim. A expressão dele agora parecia afetuosa. Extasiada. E um pouco triste.” (pág 29)

Georgina e Seth estão juntos e agora o famoso escritor sabe o que ela é. Um demônio em forma de mulher que precisa fazer sexo com estranhos para roubar energia e garantir sua sobrevivência.

A realidade do que Georgina é, e do que tem que fazer, não é fácil para nenhum dos dois. E as coisas se tornam ainda mais delicadas com o fato de Georgina negar-se a fazer sexo com Seth e até mesmo beijá-lo de verdade, como fazem os namorados. Roubar a vida de Seth,por menor que seja o furto, é altamente rejeitada por Tétis, uma forma carinhosa com a qual ela é chamada pelo escritor. (Tétis é uma deusa grega que muda de forma, que foi conquista e seduzida por um mortal resoluto, Peleu)

Ouvir seus amigos imortais fazendo piadas sobre sua vida amorosa também não é fácil, principalmente quando esse alguém é seu assustador chefe infernal, Jerome, que adora usar a aparência do John Cusack para transitar entre os mortais sobre a Terra. O único que não acha maluquice e idiotice o tipo de relacionamento que Georgina leva com o escritor, é o desalinhado e reticente anjo Carter, e o próprio Seth, que sempre diz não se importar, pois estar com ela é muito mais importante do que todo o resto.

Mesmo assim Georgina passa a se questionar sobre o futuro dos dois e se sente inadequada dentro da relação. Enquanto estivesse com Seth estaria negando um futuro a ele, uma família, uma vida sexual saudável e muitas outras coisas que ela não poderia fornecer.

“De repente olho para ele… e lembro como foi quando o beijei e senti aquele amor. Fico querendo ter isso de volta, sentir aquilo de novo. Quero retribuir. Mas tem vezes… tem vezes que fico apavorada. Escuto esses caras falando… e Jerome… e as dúvidas ficam me atormentando. Elas não me saem da cabeça. A gente tem dormido junto, sabe?Até agora não teve problema, mas às vezes fico acordada olhando para ele e pensando que isso não vai durar.” (pág 22)

Apesar de todas suas inseguranças com o tipo frágil de relação que os dois constroem a cada dia e de suas dúvidas quanto a seus sentimentos e o futuro dos dois, Georgina simplesmente não consegue afastar-se de seu escritor favorito. De uma mulher sedutora, ela passa para uma mulher inteiramente seduzida(ainda que permaneça sedutora também). Estar com Seth é como um bálsamo e a cada segundo a súcubo se ver mais e mais apegada ao escritor e a família Mortensen com suas meninas fofas(as sobrinhas de Seth). A cada cena testemunhamos a evolução do casal e a forma que seus sentimentos crescem um pelo outro.

“Nossa conexão e nossa afeição haviam retornado, e,olhando-o parecia que meus sentimentos aumentavam e quase que segundo a segundo” (p 96)

No entanto o livro não se baseia apenas na intimidade dos dois, nesta segunda parte da série somos apresentados a um novo personagem, Bestien, amigo de Georgina de outros carnavais. Bestien é um incubo(masculino de súcubo) muito sedutor, altamente egocêntrico, além de muito convencido e estar na cidade para uma missão do qual Fleur(como ele a chama devido a um antigo nome dela) meio que é obrigada a ajudá-lo.

Enquanto os dois trabalham na envolvente e engraçada missão, Bestien acaba virando uma espécie de confidente de Georgina e quase põe a amizade de séculos dos dois a perder quando decide por a prova a decisão da súcubo de não roubar a energia de Seth.

Como se não bastassem todos os problemas, Doug, seu amigo humano que trabalha com ela na Esmerald CityBooks & Café, passa a se comportar de uma forma estranha e Georgina começa a desconfiar que ele está usando algo simplesmente mais potente do que café preto da Esmerald para recarregar as energias.

Richelle Mead nos fornece mais um trechinho do passado de Georgina, numa época que ela usava outro nome e outra aparência. Essa passagem é fundamental para o leitor entender o motivo escondido por detrás da necessidade que Georgina sente de ajudar as pessoas, mesmo que ela tenha que largar tudo para fazer isso.

Entre a fragilidade e o conforto dos braços de Seth e a missão enrolada com Bestien, Georgina acaba no meio de uma investigação ao desconfiar que o problema de Doug e os caras da banda que ele toca, vai muito além dos entorpecentes do mundo natural.

Se por um lado Georgina tenta se equilibrar com Seth, por outro ela nunca esteve tão súcubo desde que a história começou. A natureza que ela tentava controlar no primeiro livro, acaba aflorando de uma forma bemmm hot em “O Poder do Súcubo”. Parte disso se deve a sua frustração com sua vida sexual com Seth e a outra parte está relacionada as situações em que ela se encontra, além de uma barganha que ela fez com Jerome no final do primeiro livro. Consequentemente temos algumas cenas de sexo explícito,mas elas são bem escritas então não fica feio de ler.

Se em “A canção de Súcubo” Richelle se preocupou mais com os amigos sobrenaturais de Georgina, neste ela se focou mais na vida humana da protagonista. O que é bom porque conhecemos pessoas novas como a Maddie Satu, mas uma pena porque a dupla de vampiros Peter e Cody, o duende Hugh, fora Jerome e Carter não aparecem muito e eles são sempre responsáveis por cenas divertidas e inusitadas.

Na última cena do livro, Georgina e Seth colocam alguns pingos nos is e quando parte do drama dos dois é solucionada, eles acabam encontrando uma um jeito bem criativo de consolarem fisicamente sem que haja absorvição de energia.

“Além do desejo,havia ainda algo mais, algo que me fazia só querer ficar ali ao lado dele. Isso me assustava. Talvez ele não fosse o único que podia sair desta relação com o coração partido” (pág 74)

Todos os seis volumes da série já foram lançados no Brasil.

Mione Le Fay é carioca, formada em Jornalismo. Escritora, professora de informática, apresentadora e produtora de eventos. Apaixonada por livros e fotografias, encontra nesses nessas duas artes uma forma de mostrar tudo o que existe em seu mundo.

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