[RESENHA] O livro da menina

Mais que paixão de blogueira por literatura e cinema, em sua obra de estreia, a jornalista, booktuber, cinéfila e blogueira Raffa Fustagno compartilha as emoções despertadas por livros e filmes.
A Menina cresceu e agora sai em busca de novas plataformas de interação com seu público. Das redes sociais para as páginas impressas, sem perder o estilo, inconfundível, seu fascínio pela leitura e pela telona aparece estampado em cada relato de O Livro da Menina.
A empatia com o público young adult e a necessidade de ampliar os canais de diálogo foram alguns dos incentivos para este livro. O Livro da Menina reúne histórias que a autora compartilha no blog A Menina que Comprava Livros e nos eventos que apresenta, e como a literatura e o cinema mobilizam sua vida.

Conheço a Raffa faz, mais ou menos, uns dois anos, e desde então frequento seus eventos mensais religiosamente; tenho até meu lugarzinho já marcado lá, se alguém pegar rola morte. Além de seu senso de humor maravilhoso e sua acessibilidade que me identifico muito, o que mais adoro na Raffa é como ela valoriza a reciprocidade. Muitos desmerecem, mas eu acredito muito que ser lembrado por alguém — seja que te viu na rua, ou nesse caso, que você está sempre presente no evento da pessoa — faz maravilhas. Depois disso tudo, tinha como não comprar o livro dela?

Em O livro da Menina, Raffa vai abordar assuntos que andam de mãos dadas com a paixão por livros, como: Bienal do Livro, como organizar eventos literários, seu amor por blogar, sua vida de cinéfila e sua rotina de perseguidora de famosos, mas acima de tudo, compartilhar suas histórias super divertidas (em sua maioria bem bizarras, pois parece que Raffa é imã de situações estranhas). E tudo isso intercalado com várias páginas de interação para que a experiência fique mais pessoal para o leitor.

Para mim, que estou sempre nos eventos, muitas dessas histórias não são nenhuma novidade, mas não as impedem de serem muito divertidas e é muito legal ver que a escrita da Raffa consegue transmitir seu humor sem parecer de alguma forma forçado. Nunca me canso de ouvir (ou nesse caso ler) sobre as situações excêntricas em que ela se mete e esse livro com certeza apresenta o que promete. É como conversar com a própria Raffa, só que ela falando infinitamente, o que não é muito diferente do habitual. Particularmente, não curto livros interativos, gosto dos meus livros lindinhos e inteirinhos então não preenchi nada (posso sentir a Raffa me julgando de longe!), mas as interações propostas são bem legais. Principalmente no fim do livro, onde ela propõe um projeto baseado no NaNoWriMo.

Mesmo não querendo, é impossível não comparar O livro da Menina com Sou fã! E agora? da Frini Georgakopoulos. Apesar de oferecerem premissas diferentes, pelo fato das duas apresentarem eventos, serem blogueiras e lidarem muito com público, seus conteúdos são similares em alguns pontos. Ambos possuem partes interativas e falam um pouco sobre blogs literários e livros como um todo, porém a escrita da Raffa é mais pessoal e imersiva, a qual consigo me conectar mais facilmente. Se leio um livro não ficcional, mesmo que não seja tanto sobre o autor em si, gosto de me sentir o mais próximo possível de quem escreve, o que O livro da Menina entrega de bandeja.

Sendo muito sincero, provavelmente nem todo mundo vai se conectar muito com o livro. Acredito que para quem não conhece a Raffa não vai absorver tanto quanto quem já a acompanha faz tempo, mas ainda assim é uma leitura leve e engraçada em muitos momentos. O mais maravilhoso de tudo é saber o quanto esse livro é especial para a Raffa e ver o meu nome da página de agradecimentos (pela primeira vez <3) faz com que me sinta uma parte importante disso.