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A frase que dá título ao livro de Toni Maguire, Não conte para a mamãe, poderia ser uma pacto ingênuo entre dois irmãos ou uma brincadeira entre crianças. Infelizmente, não é o caso. Na verdade, é a ameaça sofrida pela autora durante os quase dez anos em que foi violentada pelo próprio pai.

Quando aconteceu pela primeira vez, a pequena e inocente Antoniette tinha apenas seis anos. Apesar da tenra idade, tudo ficou gravado em sua memória, o tempo nada dissipou: os detalhes, os sentimentos, a dor. Foi a primeira de muitas, incontáveis vezes. Não conte para a mamãe, de Toni Maguire, desvela a comovente história de um infância idílica que mascarava uma terrível verdade.

Este livro não é lançamento mas me chamou atenção pela história (não que eu goste de sofrimento mas acho que um choque de realidade as vezes nos faz bem e nos mostra como as coisas são neste mundo). Ele é de 2006 e impresso pela Bertrand Brasil em 2012.

Essa é a história de Antoniette. O livro é um relato biográfico de Toni Maguire sobre as ameaças sofridas por ela durante quase dez anos em que foi violentada pelo próprio pai na década de 50.
Quando aconteceu pela primeira vez quando Antoinette tinha seis anos, mesmo pequena ela gravou tudo em sua memoria e o tempo não apagou nada, todos os detalhes, todos os sentimentos e toda a dor. Essa foi a primeira de muitas e incontáveis vezes. O livro relata a comovente história de uma infância marcada pela violência e uma terrível verdade.

Um tema muito delicado.

Quando comecei a ler esse livro fiquei imaginando de quem seria a culpa pelos abusos sofridos.

Tudo começa quando a mãe de Toni esta na fase terminal do câncer e a chama. Ela então nos dias que passa na clinica começa a reviver sua infância marcada por violência, abandono e solidão.

Nos primeiros anos Toni teve uma infância feliz na Inglaterra com a mãe e sua avó materna. Quando o pai se torna reservista do exercito e eles se mudam para a Irlanda do norte que sua vida começa a mudar.

Os primeiros anos na Irlanda são bons, Toni conhece a família de seu pai que a acolhe com amor e na escola ela começa a ter amigos.

E um dia ela sai pra passear com seu cachorro, demora, seu pai a acha, abaixa sua calcinha e lhe bate com toda a força. Foi a primeira violência. Depois desse episodio um beijo de seu pai em seus lábios a deixa confusa, claro que Toni conta a sua mãe que lhe repreende e a manda não falar disso. Assim começando a negligencia que se arrastaria por anos.

Um dia seu pai diz que vai levar Antoinette a um passeio de carro, para perto de uma garagem onde ele consertava carros e acontece o primeiro estupro. A riqueza de detalhes que Toni conta é chocante. Ele diz a ela : – Este é nosso segredo, não conte a mamãe. A partir desse dia começa o sofrimento de Antoinette que se arrasta por mais de 10 anos de violência contra a menina.

Ela também se torna uma criança tímida, acuada e onde os amigos a ignoram. Pois alem da violência sexual, a mãe abandona seus cuidados básicos, ela anda maltrapilha, desgranhada, e os bullying por ela sofrido ocorre tanto pelas crianças como pelos professores.

Uma criança abandonada e violentada.

E mesmo assim ela lutou,ia de cabeça erguida, tirava ótimas notas e tinha na leitura um refugio.

Após vários anos de violência e abandono aos quatorze acontece o pior. Antoinette engravida mas só descobre já num período avançado da gravidez. Quando tudo vem a tona ela é obrigada a fazer um aborto e quase morre. Ela em vez de ser tratada com amor é negligenciada e maltratada pela sociedade, professores e amigos e a própria família.

Uma pessoa que teve a infância roubada, a vida maltratada e a índole renegada. E mesmo assim lutou bravamente contra tudo e todos.

A historia narrada tristemente em primeira pessoa e rica de detalhes os lugares onde passou e da violência sofrida é relatada entre dois momentos. Toni na clinica com sua mãe praticamente nos últimos dias e as lembranças de sua infância.

Não sei dizer quem acho que teve mais culpa nessa história e se posso mesmo atribuir culpa a alguém nesse caso. Se Toni, por nunca ter tentado falar ou contar para ninguém mesmo sabendo que seria mal interpretada;
Se a Mãe, que mesmo consciente dos abusos negligenciou tudo e não respeitou nem amou sua filha como merecia. Não quis dar ouvido, abandonou psicologicamente, moralmente e socialmente sua filha unica. E acima de tudo valorizar uma pessoa que denegriu a infância e a vida de sua filha.

Se o pai, pelas crueldades feitas com Antoinette, por não ter remorso ou culpa e por tratar as mulheres como lixo.

Acho que na verdade já defini quem acho que tem mais peso nessa história. Rs.

Mas vale muito a leitura. Um livro forte mas ao mesmo tempo de uma riqueza e conhecimento magníficos.

A autora: Toni Maguire mora entre a Inglaterra e a Africa do sul conta sua história de violência e abandono em não conte a mamãe. Também escreveu outros livros ainda não lançados por aqui.

O sorriso em seus lábios era sempre o do pai amigável, mas em seu olhar eu via o pai repugnante, o que era invisível a todas as outras pessoas.
 
Meus pais eram meus mestres.Meu pai me controlava com ameaças e minha mãe, com a manipulação dolorosa dos meus sentimentos.

Nota: 4/5

Mione Le Fay é carioca, formada em Jornalismo. Escritora, professora de informática, apresentadora e produtora de eventos. Apaixonada por livros e fotografias, encontra nesses nessas duas artes uma forma de mostrar tudo o que existe em seu mundo.

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