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Ela conhecia o mundo somente por meio de mapas. E não tinha ideia de que eles poderiam ser tão perigosos

Boston, 1891. Sophia Tims vem de uma família de grandes cartógrafos. Desde a Grande Ruptura em 1779, quando todos os continentes foram lançados a uma era diferente – da pré-história a um futuro distante – esses exploradores viajam e mapeiam o que é conhecido como Novo Mundo.

Há oito anos, desde que seus pais não retornaram de uma missão urgente, ela vive com seu tio Shadrack, o melhor cartógrafo em Boston. A vida com seu brilhante, adorado e distraído tio, ensinou Sophia a cuidar de si mesma. Quando Shadrack é sequestrado por pessoas que estão atrás de um poderoso artefato, ela é a única que pode salvá-lo. Ao lado de Theo, um refugiado do oeste, ela embarca em uma aventura por cidades secretas e mares desconhecidos baseando-se apenas nos mapas deixados por seu tio e sua intuição. O que Sophia e Theo não sabem é que suas próprias vidas estão em perigo quando se descobrem segredos há muito enterrados.

O mapa de vidro vai fazer você mergulhar em um mundo de fantasia autêntico e intrigante, com uma heroína que vai ganhar o seu coração.

Eu comecei a leitura com um nível legal de expectativas porque é uma premissa superinteressante e eu já estava apaixonadinho por ela faz um tempinho, mas o modo como a história cresce e o universo se expande foi um tiro enorme na minha cara.

Em 1799, o mundo como nós conhecemos teve seus continentes separados em eras históricas diferentes sejam no passado, no presente e até mesmo no futuro e a nova formação dos continentes tornou a cartografia uma mistura de arte e magia. Esse marco foi chamado de A Grande Ruptura. Na Boston de 1891, nossa protagonista Sophia Tims, é uma menina que perdeu os pais, cartógrafos e exploradores, quando partiram para uma missão urgente e nunca mais voltaram. Agora, criada pelo seu tio, o renomado cartógrafo Shadrack Elli, Sophia aprende os ofícios da cartografia com o intento de ir à busca de seus pais.

Porém no meio de seus estudos, Shadrack é sequestrado por membros de um culto originado da Grande Ruptura que está à procura de uma artefato muito importante na busca da “carta mayor”, um mapa que acredita-se mostrar toda história do mundo e como as eras foram separadas. Com a ajuda de Theo, um refugiado das Terras Baldias que na intenção de pedir ajuda a Shadrack para conseguir os documentos para permanecer em Boston acaba presenciando seu rapto, Sophia parte em busca do tio por diferentes eras numa aventura inimaginável.

As primeiras 100 páginas são bem lentas, porque é o período antes do tio da protagonista, Sophia, ser sequestrado como diz na sinopse, que é o ponto onde começam as aventuras. Mas são 100 páginas de uma ambientação incrível. É basicamente o tio de Sophia ensinando sobre como a cartografia se tornou tão importante depois da Grande Ruptura. As longas conversações sobre os diversos tipos de mapas e como funcionam me sugou pra dentro logo de cara. Ao mesmo tempo em que não acontecia “nada” muita coisa era dita e formava um pano de fundo muito rico e prazeroso de ler.

Todos os personagens complementam esse universo de forma significativa. Cada um deles tem uma história que se entrelaça com alguma parte do mundo, e assim ajuda a criar uma imagem sobre algumas eras que não aparecem concretamente no livro. Em especial os irmãos piratas, Burr e Calixta, que roubam a cena o tempo todo, o Theo e a vovó Pearl que é a pessoa mais amor do planeta, porque né, vó! <3

No meio de tantos personagens maravilhosos a que mais se destaca é a vilã. Quando ela aparece pela primeira vez bate aquela vibe de “uuuh ela é fodona” e é mesmo. MUITO MESMO. Mas a história por trás de tudo, o porquê do véu que ela sempre usa sobre o rosto, o modo como ela fala da era que veio, vão mostrar como as ações dela ‘são efeitos colaterais desse novo mundo em que os personagens vivem que está sempre em constante mudança. Normalmente eu não gosto desses vilões do tipo “o mundo me fez assim”, em alguns livros isso é tratado como um clichêzão que não me convence, mas a história por trás da vida dela é tão visceral e comovente que me envolveu e me tocou de forma inesperada. É como um soco no peito. Quando você menos espera está preso à personagem de uma forma inacreditável.

É uma fantasia completamente diferente, um mundo completamente original. De verdade! Fica entre os meus universos ficcionais preferidos, junto com o de Feita de Fumaça e Osso. O modo como a autora criou todo um universo mágico que se soltou em várias eras diferentes do tempo e como ela consegue tornar isso uma experiência tão visual, PELOS MAPAS DESTRUIDORES QUE TEM NO INÍCIO DO LIVRO, mas também pelas descrições que ela faz de como cada era é uma projeção completamente diferente da outra e extremamente imersiva. É um cair de cabeça fascinante em como tudo é regido e como tudo pode ser maior e mais diversificado.

Em alguns momentos eu me senti meio perdido. Confesso que certas partes de como o mundo e as eras funcionam me confundiram um pouco. Isso acaba virando uma maçaroca de perguntas que foi me deixando preocupado que ficasse muito no ar no decorrer da trama. Mas chegando ao final a autora mostra como isso não só preocupação do leitor, mas sim do universo do livro também, então ela cria aquele ar de “agora temos que nos adaptar a mais mudanças” que demonstra que as coisas não ficaram no ar à toa e sim que vão ser abordadas nos próximos livros. Isso me deu um enorme alivio porque eu achava que não tinha realmente entendido esse universo que eu estava amando tanto.

A partir de agora declaro que minha missão nessa Terra nossa de cada dia é fazer com que TODOS LEIAM ESSE LIVRO MARAVILHOSO PELO AMOR DE DEUS! SIMPLESMENTE INCRÍVEL! Se não O melhor, pelo menos um dos melhores livros do ano. Agora é sofrer infinitamente pelo segundo.

Mione Le Fay é carioca, formada em Jornalismo. Escritora, professora de informática, apresentadora e produtora de eventos. Apaixonada por livros e fotografias, encontra nesses nessas duas artes uma forma de mostrar tudo o que existe em seu mundo.

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