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Em Roma, estaria entrando na cova do leão, mas gostava da ousadia dessa aposta com a divina Providência: ou eu recomeçaria minha vida como um homem livre, ou a Inquisição me encontraria e me atiraria às chamas. Só que eu faria tudo o que estivesse a meu alcance para garantir que a segunda hipótese não se consumasse. Eu não temia morrer por minhas convicções, contanto que já houvesse determinado por quais delas valia a pena morrer.

Giordano Bruno.

O que você imagina quando lê em uma capa o título escrito assim: “Heresia” (ou Heresy, se estiver lendo a versão original)? Para alguns bate uma aflição por se tratar de assuntos religiosos, para outros bate aquela onda de adrenalina porque adora um assunto polêmico (que é o meu caso).

Esse primeiro livro, escrito pela autora inglesa S.J. Parris (pseudônimo de Stephanie Merritt), é um teste para aquela frase clichê que conhecemos: “Não devemos julgar o livro pela capa”. Se fosse julgar e não ler pelo simples fato de estar escrito Heresia, você perderia uma das histórias de Giordano Bruno de tirar o fôlego desde a primeira página!

Parris nos conta, nesta primeira obra, o inicio da jornada de Giordano Bruno, um personagem real, depois que ele fugiu do Mosteiro de San Domenico Maggiore em Nápoles, na Itália, em 1576. Numa época em que tudo que era relacionado à ciência era considerado Magia Negra, e quem não concordava com a fé católica era um feiticeiro vendido para o demônio, Giordano Bruno teve que fugir do Mosteiro onde viveu por 13 anos, pois foi pego lendo um livro de Erasmo, que estava incluso no Índice de Livros Proibidos da Inquisição. Para não ter uma passagem só de ida para a fogueira, ele se aventurou no mundo à fora, aprendeu a se virar sozinho, a se proteger, e a nunca revelar ser quem é, pois poucos sabiam que seu nome antes de entrar para o Mosteiro era na verdade Filippo e não Giordano, então ele conseguia “mentir” sobre isso.

Depois de peregrinar por alguns anos, Giordano conheceu Philip Sidney em Pádua, também um personagem real, um aristocrata militar-poeta, e ambos tornaram-se grandes amigos! Em toda a aventura deste livro, ele menciona o grande amigo, que inclusive o ajudou muito com o decorrer da história, até mesmo o salvou.

Rainha Elizabeth I

Londres, Inglaterra – Maio de 1583.

Esse foi o ponto de partida para começarmos a falar do livro “Heresia”. Baseado em fatos históricos, S.J. Parris nos conta em primeira pessoa (Giordano é o narrador-personagem) os acontecimentos na Inglaterra Protestante, o conflito Catolicismo vs Protestantismo, e tudo mais que vinha junto disso.

Depois de sua fuga, Giordano tornou-se filósofo e logo foi recrutado pelo chefe de serviço de espionagem real, Sir Francis Walsingham, que o mandou para Oxford para descobrir se havia católicos clandestinos dentro da Universidade planejando um meio de tirar a Rainha Elizabeth I do poder. Porém, aos olhos de quem estava de fora ele iria participar de um debate contra o diretor da Universidade de Oxford, John Underhill, esclarecendo suas ideias a respeito do Universo ser infinito e de seu apoio a teoria Heliocêntrica de Nicolau Copérnico, mas alguns assassinatos dentro da Universidade fizeram com que este encontro ficasse em segundo plano.

Com seu instinto aventureiro e intuições aguçadas, Giordano Bruno aceita ajudar a descobrir a causa desses assassinatos e a pessoa por trás disso tudo. Se você curte livros com uma pegada sherlockiana então vai amar esse livro!

Heresia é o primeiro livro de 6, sendo que apenas dois deles (Heresia e Profecia) vieram para o Brasil através da Editora Arqueiro, os demais estão na Amazon na versão original (inglês) ou no site oficial da Autora S. J. Parris.


Mione Le Fay é carioca, formada em Jornalismo. Escritora, professora de informática, apresentadora e produtora de eventos. Apaixonada por livros e fotografias, encontra nesses nessas duas artes uma forma de mostrar tudo o que existe em seu mundo.

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