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God Help The Girl se baseia quase que unicamente em charme. O musical, baseado nas músicas do projeto homônimo da banda Belle & Sebastian, pode não ter o melhor roteiro nem o melhor desenvolvimento, mas é tão doce que é quase impossível se render a seus encantos.

God Help The Girl (Deus Ajude A Garota, em tradução livre) é um musical baseado no projeto de mesmo nome, liderado por Stuart Murdoch, vocalista da banda Belle & Sebastian, que também assina roteiro e direção. O filme conta a história de Eve, uma garota que acabou de fugir de uma clínica de reabilitação para anorexia. Em um clube, ela conhece James, um ambicioso e inseguro jovem nerd que dá aulas de música para Cassie, uma menina rica. Os três sonham em formar uma banda e deixar uma marca na história do rock.

Desde de sua primeira cena – com a belíssima performance de Emily Browning de “Act Of The Apostle” -, o espectador é confrontado com o tom do filme: a fotografia vibrante e a direção de Murdoch, aliado, claro, ao clima folk/indie típico das músicas de Belle & Sebastian, criam uma atmosfera fofa e inocente, que os cínicos condenarão como meramente hipster. O filme, porém, vai muito além disso. Mesmo longe do intimismo ou de uma análise profunda de seus personagens, God Help The Girl consegue não só emocionar como encantar com sua simplicidade.

É incrível como Murdoch – amplamente ovacionado e criticado pelo estilo de suas composições – consegue transmitir a pura alma de sua banda nas cenas de God Help The Girl. De fato, não existe melhor maneira para caracterizar o filme do que descrever a própria Belle & Sebastian: falha, um pouco repetitiva, um pouco clichê e sujeita a erros, mas, ainda assim, se destaca como uma de minhas bandas favoritas por ser uma das poucas que ainda conseguem me tocar. Mesmo para aqueles que se identificam menos com a cultura indie, é interessante ver o filme como uma análise que Murdoch faz não só do âmbito musical, amplamente inspirado pelos anos 60 e 70, como também uma referência (e quem sabe homenagem) a vários coming-of-age musicais clássicos, como Grease ou Footlose.

O espectador mais duro dificilmente verá a graça de God Help The Girl. Se você é um daqueles que não aguentam nem mesmo ver uma camisa xadrez, nem chegue perto. O roteiro também não chega a ser destaque, errando em seus minutos finais ao jogar informações sem desenvolvimento algum e ignorar a necessidade de um clímax. Mas deve-se ressaltar a direção incrível de Murdoch, que cria cenas com o potencial de se tornarem ícones, como a performance de “Musician, Please Take Heed” ou de “Pretty Eve On The Tub”. Mesmo com todas as suas falhas – especialmente com o fato de que o filme só terá apelo para um nicho em particular -, God Help The Girl é um prazeroso, divertido e melancólico musical com ótimas músicas e provavelmente o melhor vestuário dos últimos anos. Guilty pleasure, sim, mas sem sombra de dúvidas charmoso e impactante.

Nota: 7,5/10

Mione Le Fay é carioca, formada em Jornalismo. Escritora, professora de informática, apresentadora e produtora de eventos. Apaixonada por livros e fotografias, encontra nesses nessas duas artes uma forma de mostrar tudo o que existe em seu mundo.

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