Um grupo de três youtubers que se dizem especialistas em seres sobrenaturais decidem conquistar o reconhecimento do público de uma vez por todas. Para isso eles traçam um plano para capturar um ser conhecido por todos. Trata-se do espírito de uma mulher de cabelos claros que morreu de modo desconhecido e que assombra os banheiros das escolas de todo o país: a loura do banheiro.
“Novela pode esquecer, no máximo Zorra”.
O diálogo trocado quase no início do filme o caracteriza bem. O longa nada mais é do que um Caça Fantasmas mais honesto (e popularesco). Por conhecer (ainda que pouco) alguns trabalhos de Danilo, supus a existência de piadas vulgares e sexistas no iniciar da fita. Caso tivesse explorado mais as exatas e engraçadas, poderíamos ter uma história menos saturada e mais inteligente. Nada bacana colocar o ator mirim Matheus Ueta repetindo bordões impróprios para sua idade.
Bom… O grupo intitulado Caça Assombrações, formado pelos atores Danilo Gentili, Murilo Couto, Léo Lins e Dani Calabresa, na verdade desacreditam em assombrações. A personagem desta última é paranormal e sua utilidade foi a de prever o caso mais importante da vida deles. Bastante desnecessária, por sinal, a ponto de nem se envolver no combate contra o espírito maligno. Sua participação coube, além do comentado, apenas para enfatizar seus atributos físicos, hábito ainda muito comum de nossa cultura machista. Em sua penúltima cena, havia recebido um uniforme curto e extremamente decotado de Jack (Danilo Gentili). “Então se vista como quiser” – O mesmo responde, com ar de desdém, ao escutar a indignação da colega de trabalho.
Com o desenrolar da trama, ela é morta (ou descartada, como preferirem). Túlio (Murilo Couto) é o típico bengala, por servir aos amigos e nada receber em troca (inclusive a comissão prometida pelo diretor Nogueira) (Sikêra Júnior). Como poderíamos imaginar, o fato de Caroline (Dani Calabresa) ser paranormal foi inútil, por seu lugar de cérebro ser cedido para ele. Túlio, inicialmente, se veste caracterizado como Catarina, já que o grupo vive de vídeos na internet ao invés de caçarem de fato seres sobrenaturais. Creio ser o melhor personagem da trama pelo maior amadurecimento até o final.
O maior ponto positivo foi o resgate da lenda da loira do banheiro, tão famosa por amedrontar crianças e adolescentes com faixa etária atual acima de vinte anos. Tudo começa quando um menino a invoca por pura traquinagem e uma série de ataques se sucedem no local.
Conhecida no Colégio Isaac Newton como a Menina do Algodão, Catarina (Pietra Quintela) é uma menina falecida há muito tempo, morta aos treze anos, desejando exterminar a todos após ser liberta do espelho do banheiro. Vale ressaltar a boa atuação de Pietra. Os olhares expressivos da atriz e sua dedicação para com um papel tão intenso superou o talento dos outros atores. Sem sombra de dúvidas, permanecendo na dedicação, angariará excelentes experiências no ramo. O olhar da professora Helena (Bárbara Bruno) de que esta foi uma vítima nos idos de 1910, nos faz refletir o que seria uma “vítima da sociedade”. Como boa professora, seu senso de proteção e compreensão falam mais alto, mas como seria se portar como vítima? Por que ser vítima? Como é a linha tênue entre a bondade e o ódio? Se nós nos enganamos astutamente todos os dias, não tenhamos dúvidas de que os outros nos enganam também.
Excelente assunto a ser abordado. Nada justifica nossos atos (ou simplesmente tudo os justifica). A jornada para destruir Catarina vai nos conduzindo para o confronto com os valores de cada participante dessa comédia. Apesar de aspectos negativos, é válido para assistir com amigos, passar o tempo, rir verdadeiramente de uma piada e outra. Além de saciar a curiosidade sobre o final da trama. Desfecho real e crítico. Conseguiu surpreender os meus olhos saturados de um “terrir” banal. Há dois desfechos. Podemos ver de vários ângulos… Talvez cada espectador deva escolher um. Talvez vejam como vi. E achem igualmente interessante.
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