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Apesar de não ter lido toda a série de Pittacus Lore (pseudônimo para um grupo de autores por trás de “Eu Sou O Número Quatro”), posso me considerar um fã dos livros de “Os Legados de Lorien”. Para falar a verdade, li apenas os dois primeiros livros, mas a mitologia e as reviravoltas já me encantaram, assim como seus personagens. Podemos comparar a série à Jogos Vorazes, que exerce uma influência inegável sobre o conto dos sobreviventes de Lórien: a narrativa, rápida e focada em ação, é muitíssimo semelhante, assim como a atmosfera de tensão relativa a uma iminente guerra. Essa é uma das muitas coisas que eu gosto nessa série.

Infelizmente, não posso dizer o mesmo em relação ao primeiro livro, “Eu Sou O Número Quatro”. Este é um dos livros mais fracos, clichês e repetitivos que já li. Terminamos de ler com aquela sensação de “já li/vi isso em algum lugar antes”. Então, vocês podem imaginar minha surpresa ao descobrir como a série fica épica e excelente em “O Poder Dos Seis”, após um primeiro livro tão fraco. Só não vou dizer que o livro é um lixo total por que as cenas de ação são bem boladas e interessantes. Mas, fora isso, não há quase nada a aplaudir em “Eu Sou O Número Quatro” – ao contrário do resto de “O Poder dos Seis”, que me deixou grudado na história dia e noite.

“Eu Sou O Número Quatro” carrega todos os clichês que a gente pode esperar de uma típica história de ação americana, e ainda nos dá o bônus de carregar também todos os clichês do típico romance YA moderno. Dessa vez, não há uma narradora feminina, nem um parceiro sobrenatural, nem um grande mistério em relação a este parceiro a ser resolvido. O próprio personagem principal, o John, é o parceiro sobrenatural, com um segredo obscuro e uma vida de dores. Poderia ser uma virada interessante na fórmula dos YA, mas infelizmente foi mal aproveitada: ainda temos um mocinho e uma mocinha tão bonzinhos e docinhos que dão diabetes, e ainda temos aquele velho clichê de “vou contra tudo e contra todos por quem eu amo”, “o amor transforma”, “o amor salva”… sinceramente, há um dedo comercial nisso tudo.

Quanto aos clichês de filme de ação, que mencionei antes, eles também estão aí: há o mestre (Henri) responsável pelo treinamento; a garota em perigo (Sarah) que não serve pra nada além de gritar e… bem, estar em perigo; o amigo bobão e atrapalhado (Sam), que volta e meia faz uma graça pra quebrar a tensão; o bichinho de estimação que não é um bichinho de estimação (Bernie Kosar); e, claro, a garota experiente que manja das guerras (Seis). Mas estou falando apenas dos personagens. Nem cheguei na história, que parece pegar todas as fórmulas mais bobas e descerebradas de filmes adolescentes e filmes de ação dos anos 80 e espalhar cegamente pelas páginas. Estou surpreso que o livro não tenha terminado com um baile e um concurso de rei e rainha, ou com uma invasão soviética (apesar de o livro ter sim terminado numa festa e numa pequena invasão alienígena, ops.)

Há uma inspiração clara de outros YA que foram lançados nessa mesma época, talvez apenas pra entrar na onda e vender mais, talvez apenas por que não havia ideia o suficiente, não sei. O que sei é que o relacionamento de Sarah e John, ao menos neste primeiro livro, é tão clichê que pode ser comparado ao de Bella e Edward. Desculpem-me os fãs, mas eu não consigo ver de outra maneira. Há inúmeros paralelos entre “Eu Sou O Número Quatro” e “Crepúsculo”, desde a caracterização dos personagens até a direção que a história toma. E, apesar de “Crepúsculo” não ser assim tão ruim quanto todo mundo diz (ao menos na minha opinião), é inegável que a fórmula de Stephenie Meyer é batida, clichê e chata. “Eu Sou O Número Quatro” usou dessa fórmula, e se deu mal. Tanto que é considerado um “sucesso mediano” de vendas, e recebeu duras críticas. Claro, com os livros seguintes, a série foi se tornando cada vez mais aclamada e começou a deixar uma marca de originalidade e qualidade, mas “Eu Sou O Número Quatro” não foi assim. Tanto que, se você já leu “O Poder dos Seis”, sabe que muitas coisas que aconteceram em “Eu Sou O Número Quatro” são resolvidas às pressas (como, por exemplo, o romance de John com Sarah) para que se possa se focar em outras coisas.

Acho que até mesmo os autores se arrependeram do que fizeram em “Eu Sou O Número Quatro” para tomar uma decisão como esta. Como eu disse, parece haver uma inspiração muito comercial na confecção de “Eu Sou O Número Quatro”, com tantos clichês, nunca tentando ser muito mais do que já é, sem se esforçar em fazer algo criativo… Graças a Deus isso mudou em “O Poder dos Seis”. Parece que abandonamos a “Sessão da Tarde” para fazer algo realmente épico, realmente criativo e realmente inteligente. Fugimos da fórmula YA convencional utilizada em “Eu Sou O Número Quatro” pra investir em desenvolvimento de personagens, reviravoltas na história, coisas assim. É como se “Eu Sou O Número Quatro” fosse apenas um passado ruim para uma série muito boa… até por que, de 10 coisas que acontecem em “Eu Sou O Número Quatro”, 0,5 tem algum impacto no segundo livro.

O livro ganhou uma adaptação cinematográfica em 2010, mas isso não é lá motivo pra comemorações. Se eu tinha alguma esperança que o filme pudesse de alguma forma consertar o livro, eu a perdi completamente depois de ver que quem estava envolvido na produção era ninguém mais, ninguém menos que Michael Bay, o diretor mais odiado das últimas duas décadas – e com razão. Seus filmes vão desde “assistíveis” até “pior do ano”, inclusive, Bay ganhou 5 prêmios de piores do ano por “Transformers – A Vingança dos Derrotados”, e vários outros por seus outros filmes. Fazendo um resumo básico da minha opinião sobre Bay, não acho ele o pior diretor de todos os tempos; há muita gente pior, sim. Mas que ele é péssimo, ele é. Mereceu todos os prêmios de piores do ano que já ganhou. Os filmes dele se resumem a explosões, explosões e mais explosões, mas história nenhuma. NENHUMA. Os filmes dele se resumem a ação sem parar, sem se importar em fazer sentido ou mesmo de te envolver com os personagens, de maneira que muitas cenas te dão uma vergonha alheia semelhante ao que você sentiria se passasse uma tarde de domingo vendo Temperatura Máxima e Faustão.

Com “Eu Sou O Número Quatro”, Bay não foi diferente: apesar de não ter dirigido (apenas produziu), sua marca está espalhada pelo filme. Claro, há bem menos ação que os filmes tradicionais de Bay (em que se ficarmos trinta segundos sem uma explosão já podemos considerar um recorde), mas a história é tão fraca quanto a do livro. Pior: ele escolheu atores ruins, como o fraquíssimo Alex Pettyfer, que, admito, é bem parecido com o John, mas NÃO É um bom ator. Não é, não é, não é. Se eu tivesse que compará-lo com alguém, diria que sua atuação é tão medíocre quanto a de Kristen Stewart. A única diferença é que ele tem algumas expressões faciais – infelizmente, nenhuma boa. Fica mais parecendo um ator bonitinho que a gente vê em Malhação. Mas Diana Agron até que faz um trabalho como Sarah, acho até que as melhores cenas do filme são as que ela aparece.

Outra falha do filme é o roteiro, que, honestamente, é tipicamente Michael Bay. É fiel ao livro e tudo mais, mas só fidelidade não faz um filme ser bom. Desenvolvimento fraco e derivado, história fraca, personagens fracos e subutilizados. Podemos culpar um pouco o livro por isso – ou não, afinal, Bay estava por trás também dos remakes de “A Hora do Pesadelo” e “Sexta-Feira 13”, que já tinham uma base muito boa, e conseguiram ser péssimos. Pouco importando a culpa, eu sei apenas que o roteiro foi péssimo. E a direção também. As cenas de ação, que eram tão boas no livro, no filme ficaram parecendo um corte mal feito de um episódio de Power Rangers.

Desculpem-me se pareço muito crítico em relação ao filme. Não sou. Há coisas que eu gostei também: a Seis esteve bem, e eu até gostei do fato dele ser imune ao fogo; no livro, Quatro é quem é, e se no livro isso ficou bom, no filme ficou bom como a Seis. Gostei também dos efeitos, que foram bem feitos para um orçamento relativamente baixo. E certas cenas dramáticas (como a do primeiro beijo de Sarah e John, ou quando Sarah mostra as fotografias em seu quarto para ele) foram muitíssimo bem feitas. Nem parecia que eu estava vendo o mesmo filme. Se o filme tivesse seguido essa linha, investindo em desenvolvimento de personagens, dando foco em nos fazer gostar da história, talvez, o filme tivesse sido melhor; talvez eu estaria o elogiando aqui. Mas infelizmente não foi isso o que aconteceu, e Michael Bay estragou uma história que já não era tão boa assim. O resultado: o filme foi mal recebido por público e crítica e lucrou pouquíssimo, de tal forma que é muito improvável que tentem fazer um filme de “O Poder Dos Seis”. Ainda bem! Eu posso aceitar que tenham feito um filme ruim baseado num livro ruim, mas imagina se eles estragam “O Poder dos Seis”? Se algum dia decidirem fazer filmes do resto da série, espero sinceramente que troquem a equipe e que nesta época Michael Bay esteja já aposentado (e já vai tarde!). E também, que deem algumas aulas de atuação para Alex Pettyfer, antes que ele afunde sua carreira ainda mais do que já o fez.

Se eu tivesse que dar uma nota pro livro, daria algo entre 5 e 6. Já para o filme, daria 4 ou 3. E que não repitam os erros de novo!

Mione Le Fay é carioca, formada em Jornalismo. Escritora, professora de informática, apresentadora e produtora de eventos. Apaixonada por livros e fotografias, encontra nesses nessas duas artes uma forma de mostrar tudo o que existe em seu mundo.

7 Responses

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