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A sociedade baseada em facções, na qual Tris Prior acreditara um dia, desmoronou – destruída pela violência e por disputas de poder, marcada pela perda e pela traição. No poderoso desfecho da trilogia Divergente, de Veronica Roth, a jovem será posta diante de novos desafios e mais uma vez obrigada a fazer escolhas que exigem coragem, fidelidade, sacrifício e amor.

Assim que comecei a ler Divergente, confesso que não vi nada demais na história escrita por Veronica Roth. Era mais uma distopia disponível no mercado, com uma leitura marcante e gostosa que me fez chegar bem até última página, mesmo que sem expectativa nenhuma por uma continuação que veio logo em seguida com Insurgente. Gostei mais desse segundo livro em termos de distopia. Também com aquele final épico, não havia como não gostar e nem como não aguardar de dedos cruzados pelo  lançamento de “Convergente”.

Aguardei o lançamento de “Convergente” não por ser fã, eu não sou, mas sim por querer concluir algo que comecei e também por querer muito saber para onde Veronica iria após o final bombástico que deu a  “Insurgente”. Mas eis que neste ínterim de tempo, alguém soltou na internet o spoiler do milênio, algo que não acreditei inicialmente, mas que foi se confirmando com o passar dos dias nas redes sociais, o que matou boa parte da expectativa que criei em torno desse terceiro e último volume.

Mas não quero me ater muito a personagens e o que acontece a eles, embora possa dizer que ela soube dar um desfecho bom para todos eles. Quero me centrar mais no livro, na história distópica que finalmente se desenhou em “Convergente”. Na essência dela.

Quando nos deparamos com a verdade da distopia de Veronica , nos damos conta de que se trata de algo previsível, e que de certo modo, não é nada tão fora da realidade assim, afinal, a violência e tudo o que há por trás dela é algo tão crescente que não faz essa distopia ser apenas algo da ficção.

À partir da verdade, obtemos um real panorama do mundo futurista compartilhado por Tris, Quatro e seus amigos. Um mundo corrupto, dividido e manipulável. Programado e reprogramado.  Que rotula o que acredita não ser bom o suficiente, da mesma forma que hoje pessoas ainda questionam o caráter de alguém por uma simples diferença no tom de pele, entre outras coisas. Tirando a parte da destruição dos EUA e das facções, o tema central é bem atual e conhecido por todos nós.

A mensagem que fica é a inclinação humana para atos e julgamentos ruins. Sua ambição e cobiça por controle e poder. Algo que não se justifica apenas por nossa configuração natural. Você não pode apenas ser rotulado como algo ruim por ter uma tendencia mais passional ou mais inerte do que a minha. Personalidade é algo que já se nasce com ela, mas que pode ser talhada, trabalhada, melhorada ou completamente estragada, mesmo acreditando que durante o processo ainda fique resquícios da química natural de cada um de nós. Ser bom ou ruim tem muito a ver com caráter também, uma questão de índole. Você não é melhor do que eu por ter olhos azuis enquanto eu nasci com castanhos. Não pode acreditar que sou melhor porque em um dado momento de formação seu DNA despertou o gene que o torna albino e o meu não. Somos diferentes. E também semelhantes. Extremamente semelhantes.

Desde os primórdios, quando os primeiros grupos de humanos foram se formando, existiam conflitos. Como em qualquer grupo do reino animal. Mesmo tendo conseguido alcançar a plenitude da consciência, os humanos continuam sendo animais e cultivam seu lado irracional a espreita, só esperando o momento certo para passar por cima da mente racional. É um traço que a evolução nos deixou para que nos lembremos de nossas origens. É algo que a manipulação e intervenção humana jamais conseguirão corrigir.

Convergente deixa um alerta para o que pode acontecer, como podemos nos destruir pela nossa curiosidade insaciável, por nossa mania de poder, por nosso desejo de corrigir tudo o que nos torna humanos. Nossa capacidade de errar e acertar, nosso conjunto de imperfeições e nosso discernimento das coisas e dos fatos é o que nos torna o que somos.

Não espere de “Convergente” a energia explosiva que você encontrou em “Insurgente”. Convergente é mais explicativo, meio morno, até parado,  encaixa todas as peças do quebra-cabeça pacientemente.

Dessa vez, imagino que de forma premeditada, Veronica dividiu os capítulos entre Tris e Tobias, o que confesso que me confundia às vezes, pois embora tenha gostado de enxergar o mundo através de Tobias, em muitos momentos(quando me desligava) eu me esquecia se estava lendo Tris ou ele. Acho que ela deveria ter deixado a narrativa pelo ângulo de Tobias um pouco mais marcante, para se diferenciar mais do ângulo exposto através da Tris. O problema é que Tris e Tobias são bem parecidos em termos de pensamentos e reflexões e às vezes eu dava uma confundida.

Mas gostei de ver as coisas juntamente com Tobias. Sempre achei esse personagem uma rocha. Forte e inabalável. Mas quando entramos no mundo dele, vemos o quanto ele é inseguro, obsessivo, frágil e o quanto sua relação com os pais o afetou, moldando o que ele se tornou. Gostei disso porque consegui enxergar um Tobias mais humano, menos foda, mais parecido comigo e com você. Obrigada pela oportunidade, Veronica.

E como não manchar as páginas finais com gotas de lágrimas, não é?Mesmo partindo preparada para a leitura, não deu pra evitar. O que Veronica fez foi ousado e tão bem justificável que não tem como ficar zangada com ela, apesar do sentimento de frustração que te envolve no final. Fiquei com a sensação de que ela fez o que fez para destoar de outras distopias, para tornar suas histórias algo mais singular. Tá certa. Gosto dessas que preferem dar a cara a tapa ao invés de ficar em cima do muro.  Porque assim é a vida, cheia de erros, riscos e acertos. As coisas nem sempre acontecem do jeito que queremos e imaginamos.

Livros da trilogia:

Minha música para o livro:

Humanos

Há uma saída e uma maneira de
Voltar para o início
Há um caminho de volta para casa novamente
Para onde me sinto perdoado

O que é isso que eu sinto, por que é tão real?
O que estou dizendo?
Isso é apenas amor, Isso é apenas dor
É apenas o medo, que corre nas minhas veias
São todas as coisas que você não pode explicar
Isso faz de nós seres humanos

Eu sou apenas uma imagem de algo muito maior
Eu sou apenas a pintura, eu não sou o pintor
Por onde eu começo, posso deixar esta pele?
O que é isso que eu sinto por dentro?

É apenas amor, é apenas dor
É apenas o medo que corre nas minhas veias
São todas as coisas que você não pode explicar
Isso faz de nós seres humanos

Mione Le Fay é carioca, formada em Jornalismo. Escritora, professora de informática, apresentadora e produtora de eventos. Apaixonada por livros e fotografias, encontra nesses nessas duas artes uma forma de mostrar tudo o que existe em seu mundo.

4 Responses

  1. […] Assim que comecei a ler Divergente, confesso que não vi nada demais na história escrita por Veronica Roth. Era mais uma distopia disponível no mercado, com uma leitura marcante e gostosa que me fez chegar bem até última página, mesmo que sem expectativa nenhuma por uma continuação que veio logo em seguida com Insurgente. Gostei mais desse segundo livro em termos de distopia.  […]

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