“Há muito tempo atrás numa galáxia galáxia distante…” Assim, exatamente como todos os filmes da franquia Star Wars, começa o prólogo de “Alvo Em Movimento – Uma aventura da Princesa Leia” escrito por Cecil Castellucci e Jason Fry, já preparando o clima nostálgico de uma história que se passa entre o episódio V e o episódio VI. O livro faz parte da coleção “Jornada para Star Wars: O Despertar da Força”, escrito em 2015 para antecipar a triunfante volta de Star Wars às telas dos cinemas ao final daquele ano.
De início um detalhe interessantíssimo é que o prólogo desta obra parece trazer um primeiro registro da Leia general que passamos a ver nos cinemas, já anos após ter deixado para trás a alcunha de princesa. Pois a história começa quando a droide de protocolo PZ-4CO – que lembra muito o nosso conhecido C3PO – é solicitada para entrevistar a General Organa e compor o registro de suas memórias, mesmo Leia dizendo que “isto já fazia muito tempo”… Fala que naquele momento em que o livro foi lançado serviria exatamente para mostrar que veríamos uma Leia bem mais madura no filme.
A seguir PZ insiste em auxiliar a General a registrar suas memórias, afirmando que “registros são essenciais” e relembra o papel importante que Leia teve para a Aliança Rebelde na Guerra Civil Galática e sua participação nas batalhas em Yavin, Both e Endor, ao que faz a General se dar por vencida e aceitar dizendo que a memória que ela pretende resgatar deixaria para os integrantes da Resistência uma lição que ela mesma aprendera anos atrás.
E assim somos introduzidos à história que contará em vinte e três capítulos, divididos em três partes, o que aconteceu quando os guerreiros da Aliança Rebelde estavam dispersos pelo espaço, perseguidos pelos agentes do Império Galáctico e tentando proteger a então princesa Leia, a última sobrevivente da dinastia Organa de Alderaan, considerada um símbolo da luta pela liberdade.
Achei particularmente interessante neste livro os trechos em que durante uma batalha num ataque do Império somos transportados aos pensamentos da princesa naqueles momentos derradeiros. Pois um ponto de vista certamente muito mais fácil de se expor em texto do que nas telas é esta coisa de estarmos literalmente dentro da cabeça de uma personagem.
E assim passamos a saber das aflições de Leia durante as batalhas, e como ela já questionava o papel de ser apenas um símbolo, uma princesa em meio a uma batalha, e suas tentativas de intervir enquanto membros da força-tarefa da nave que a transporta lhe diziam somente que a Princesa Organa não poderia se arriscar e teria de ser todo tempo protegida.
Através da eficiente narrativa atestamos então a nobre e honrada personalidade da então princesa, tendo acesso a seus pensamentos mais íntimos quando ela se sente mal diante do fato de que somente sua vida tem de ser protegida enquanto várias vidas anônimas eram sacrificadas na Aliança Rebelde em nome dos deveres ligados à sua segurança.
Vemos também algo mais da relação de Leia e Luke sem que ela soubesse ainda que ele era seu irmão, por exemplo em um trecho durante uma conversa entre os dois personagens, em que a narrativa deixa claro que Leia se preocupa ao notar certa inquietação atípica no Jedi, algo que poderia ter acontecido na “Cidade das Nuvens” – clara referência à descoberta recém feita por ele acerca de quem seria seu pai.
Aparecem ou são mencionados ao longo da narrativa outros personagens conhecidos da saga clássica, dentre os quais Han Solo, Chewbaca, Dath Vader, Jabba, Mon Mothma e Nien – sendo este último quem acompanhará Leia na aventura que ela planeja empreender para ganhar tempo para a Aliança Rebelde, ainda que as lideranças da mesma não concordem em expor sua segurança. Contudo para mais detalhes de tal aventura – na qual de fato consiste o livro aqui abordado – deixarei que vocês leiam e aproveitem a experiência por si mesmos, sem mais Spoilers. Contudo podem deixar nos comentários sua opinião sobre a obra citada ou a ideia de transformar clássicos do cinema em obras literárias, tendo lido ou não.
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