Já faz mais ou menos uns quatro anos que eu li pela primeira vez A Fúria dos Reis, segundo livro da série de livros As Crônicas de Gelo e Fogo, escrita por George RR Martin. Como sou muito fã da série e obcecada pela incrível e rica profusão de detalhes que ela traz, nos últimos meses tenho feito uma terceira releitura da série. Primeiro porque a releitura vale cada minuto e segundo porque entendemos melhor toda a sua complexidade dessa fascinante história. Então o último livro da série que reli foi ele, A Fúria dos Reis.
Basicamente, a história do segundo livro de As Crônicas de Gelo e Fogo ocorre alguns meses após aos dramáticos acontecimentos que fecham A Guerra dos Tronos, como a morte de Ned Stark que joga o reino numa grande guerra civil conhecida como A Guerra dos Cincos e o nascimento dos dragões de Daenerys Targaryen.
A Guerra dos Cincos no entanto, é com certeza o grande epicentro de A Fúria dos Reis. Após a morte de Ned Stark e a coroação de Robb Stark como Rei do Norte, Westeros que se manteve como um reino unido por quase 300 anos, começou enfim a se fragmentar numa velocidade vertiginosa. Entretanto, enquanto reis como Robb e Balon Greyjoy se rebelam contra o Trono de Ferro pela independência do Norte e das Ilhas de Ferro, respectivamente; reis como Stannis, Renly e Joffrey Baratheon lutam pelo direito de sucessão ao Trono de Ferro. Desta forma, os principais confrontos abordados pelos livros são aqueles que envolvem as casas Starks, Baratheon e Lannister.
Em Porto Real, a casa Lannister se encontra em rápida ascensão política e Tyrion Lannister vive seu auge como Mão do rei Joffrey Baratheon, estando bem no meio do intrincado e traiçoeiro jogo dos tronos. Nas terras Fluviais, enquanto Robb Stark e Twyn Lannister vivem a expectativa de um ataque de um e de outro, através dos capítulos de Arya Stark conhecemos toda a devastação causadas pela guerra e seu impacto violento e injusto sobre a população mais pobre de Westeros.
Em Pedra do dragão por sua vez, um Stannis Baratheon sem aliados busca apoio nos poderes de Melisandre de Ashai, uma misteriosa sacerdotisa do Senhor da Luz, que acredita que Stannis é o herói profetizado que salvará o mundo da grande ameaça representada pelo frio e pela escuridão que se aproxima.
Enquanto no primeiro livro, A Guerra dos Tronos, Martin dedicou-se mais a tecer a traiçoeira trama política que circunda o Trono de Ferro, em a Fúria dos Reis a magia enfim ganha considerável espaço. Com o nascimento dos dragões ao fim do primeiro livro, um cometa vermelho é visto por todos os personagens que desfrutam de POVs em A Fúria dos Reis, de Westeros a Essos, anunciando mudanças significantes.
Em Winterfell, Bran Stark recebe convidados inusitados que o ajudam a entender suas habilidades warg e embarca com eles numa jornada que o levará para o desconhecido mundo para além da muralha e Stannis conforme já mencionado, envolve-se no escorregadio e traiçoeiro jogo das profecias e poderes obscuros.
Para lá da Muralha no entanto, Jon e os homens da Patrulha da Noite vivem perigosas aventuras em locais sinistros como a cabana de Cressen e o Punho dos Primeiros. Eu particularmente amei os povs de Jon em A Fúria dos Reis. Eles combinaram uma sensação de suspense e mistério que eu simplesmente amei. Eu quase conseguia sentir a neve, o frio e a forma das florestas a partir das coisas que Martin descrevia através dos olhos de Jon.
Quanto a minha Khaleesi e seus bebês dragões, Martin reservou pouco espaço para eles, foram apenas 5 capítulos pela perspectiva de Daenerys e embora eu seja suspeita eu confesso que os amei. Após atravessar o deserto vermelho seguindo o cometa vermelho para não ter seu pequeno khalasar engolido por outros maiores, Dany finalmente chega à exuberante Quarth e lá tenta buscar um exército para retomar o trono forjado por seus antepassados na distante Westeros. Porém, ao invés de um exército, Dany atrai para si uma misteriosa mulher de máscara lascada chamada Quaithe, que diz a ela conselhos estranhos e por fim vive sua icônica experiência na Casa dos Imortais que com certeza é o melhor capítulo de todo o livro. Nele, Daenerys recebe uma série de visões de acontecimentos e profecias que podem ser fundamentais para o desfecho final dessa épica história.
Num balanço geral, a Fúria dos Reis mescla o perigoso jogo dos tronos com elementos cada vez mais palpáveis da magia misteriosa e sombria que atravessa o universo dos livros. A guerra é um sinal da exaustão de um sistema político calcado nos moldes feudais, mas também marca a desunião completa do continente e seu total despreparo num momento em que o inverno se aproxima e com ele a ameaça representada pelos Outros e pelos caminhantes brancos.
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