Não conheço muito da obra de José Sarney. Para falar a verdade, nem sabia que escrevia, e só fui descobrir ao ganhar um exemplar de “A Duquesa Vale Uma Missa – O Quadro”. Para os fins desta resenha, vamos ignorar a carreira política do autor; vamos focar apenas na “Duquesa”. A premissa do livro parte de Leonardo – um homem atormentado pelo retrato da Duquesa de Villars. Passando sua juventude às portas da loucura, apaixonado pela Duquesa, ele agora deve resolver negócios sobre a herança do pai – e novamente se encontrar com a Duquesa.
“A Duquesa Vale Uma Missa” jamais aproveita seu potencial completo. Pelo contrário, parece satisfeito consigo mesmo – tanto que nós, leitores, não conseguimos deixar de nos satisfazer também. É uma leitura leve e completamente prazerosa, sempre muito fácil e muito fluida, mas, no fim das contas, acaba por ser tão fácil que sufoca sua ambiciosa história.
O ritmo de “A Duquesa” é excessivamente rápido, cobrindo um espaço de cerca de três anos em pouco mais de 150 páginas. Sarney nunca se aprofunda em seus temas – ou mesmo seus personagens. A narrativa, apressada, chega a irritar em determinados momentos; é difícil assimilar a trama em detalhes quando eventos importantes duram meio parágrafo. É quase como se, diante de uma ideia genial, o autor decidisse se diminuir e escrever um rápido conto, compactando todo o material, sem deixá-lo crescer, e, por isso, sem dá-lo a devida profundidade. Não deixa de ser uma história interessante, mas poderia ser muito mais.
Meramente divertido quando poderia se tornar um clássico, “A Duquesa Vale Uma Missa” não chega a ser uma decepção, mas está longe de ser um sucesso efetivo. É um livro recomendável para passar o tempo, e só.
Nota: 5,5/10
No responses yet