Em ritmo de lançamento de um dos filmes mais aguardados do ano para os leitores, trago a conhecimento público as 5 principais mudanças que ocorreram na adaptação de “O orfanato da Srta. Peregrine para crianças peculiares”!
Essa lista contém as mudanças que eu considero gritantes, que se destacam no meio de muitas outras que eu não poderia falar aqui, pois demoraria alguns anos e nós não temos esse tempo todo. E, sim, terá spoilers de ambos, livro e filme, então se você não está por dentro de nenhum deles corra para as colinas (ou para uma livraria e em seguida um cinema, nessa ordem de preferencia). Para quem ficou: Bora lá!
Sinopse: Tudo está à espera para ser descoberto em ‘O orfanato da Srta. Peregrine para Crianças Peculiares’, um romance que mistura ficção e fotografia. A história começa com uma tragédia familiar que lança Jacob, um rapaz de 16 anos, em uma jornada até uma ilha remota na costa do País de Gales, onde descobre as ruínas do Orfanato da Srta. Peregrine para Crianças Peculiares. Enquanto Jacob explora os quartos e corredores abandonados, fica claro que as crianças do orfanato são muito mais do que simplesmente peculiares. Elas podem ter sido perigosas e confinadas na ilha deserta por um bom motivo. E, de algum modo – por mais impossível que possa parecer – ainda podem estar vivas.
1 – Os peculiares.
A abordagem dos peculiares tem pontos bons e ruins. Assim como no primeiro livro da trilogia, o grupo não foi muito explorado individualmente. Cada um tem sua introdução e uma demonstração de seus poderes, mas apenas os principais tem realmente algo a incluir de útil para a trama como um todo. Alguns personagens estão muito fiéis fisicamente, como: Millard, o invisível, Claire, que tem uma boca atrás da cabeça, Emma, que produz fogo (apesar de um ponto que explicarei mais adiante), Hugh, que tem abelhas morando dentro dele e os gêmeos bizarros que ganham uma habilidade bem legal, quando no livro nunca foi especificado se eles tinham algum poder além de serem estranhíssimos (pontos para o filme!).
Enquanto outros estão completamente mudados para se encaixaram em um padrão homogêneo entre as crianças, como: Fiona, que controla a natureza, retratada originalmente como de aparência selvagem, se transformou numa menininha sem nada muito interessante, Bronwyn, que é extremamente forte, que deveria ter sido interpretada por uma menina grande e meio masculinizada virou um clichê de menininha mirrada com muita força, Olive, que flutua, deveria ser uma das mais jovens e se tornou uma das mais velhas e ganha um papel importante demais na trama, e o Enoch, que possui o poder de dar vida aos mortos, onde no livro é um mal-humorado do bem, no filme se tornou uma pessoa insuportável e ganhou um par romântico completamente nada a ver.
2 – A Srta. Peregrine.
O que pode surpreender muita gente é que mesmo Eva Green estando maravilhosíssima como Srta. Peregrine – o que não é novidade para ninguém, né? Essa mulher conseguiria ficar incrível até de monstro do pântano – ela foge muito da caracterização original da personagem, descrita como uma senhora de idade. Em certos momentos senti que a personagem esboçava algumas reações fora do contexto geral da Peregrine, como olhares que davam um ar de tramoia, parecendo que ela tinha algum plano maligno por trás de tudo. Talvez isso se dê pelo fato de poucas personagens da Eva são boazinhas.
Muito recorrente podemos ver Eva dando vida a personagens distorcidas como: Vanessa Ives de Penny Dreadful (MARAVILHOSA!) ou Vesper de 007 – Casino Royale; e isso acaba criando certo padrão de identidade que, quando chega o momento povão (ele chega para todas), em que contracenam em filmes populares, essa imagem estabelecida de personagens complexas é de se esperar que uma nova personagem siga pelo mesmo caminho. Mas ainda assim ela emprega toda a emoção da diretora do orfanato e o afeto dela para com os peculiares que é lindo de ver.
3 – Emma X Olive.
A mudança que considero mais grotesca e dispensável (talvez absurda?) é a inversão das personagens Emma e Olive. No livro, Emma é a menina que produz fogo com as mãos e o interesse amoroso do protagonista, Jacob, enquanto Olive é uma menina bem mais nova que os outros dois cujo corpo é mais leve que o ar, sendo obrigada a usar sapatos de chumbo para que não saísse voando por aí. No filme, os quadros das duas foram invertidos, trocando tanto os nomes das personagens quanto suas peculiaridades e até seus papéis na história como um todo. Emma agora é a menina que flutua e se interessa por Jacob enquanto Olive é a que produz fogo e foi deixada completamente de lado e recebendo um pano de fundo bem sem graça.
Em ambos, livro e filme, tem uma cena que os dois personagens mergulham dentro de um navio naufragado, porém no filme a Emma (na verdade Olive) usa seus poderes de controle do ar para esvaziar uma sala onde ela esconde uma caixa, enquanto no livro a verdadeira Emma também o leva para o navio, porém eles vão de máscaras de mergulho e lá no fundo encontram peixes peculiares que brilham no escuro. O pior é saber que, como a versão do livro não tem nada de muito interessante visualmente, a mudança provavelmente deu-se por querer que a sequência fosse mais chamativa na tela do cinema, onde os efeitos especiais das bolhas de ar são belíssimos, mas cria uma discordância enorme entra as duas versões da história.
4 – Acólitos e Etéreos.
O pano de fundo para a vilania da série é o mesmo em ambas as plataformas: um grupo de peculiares gananciosos resolveu usar os poderes de controle do tempo da ymbrynes, peculiares como a Srta. Peregrine, que se transformam em aves que acredita-se que podem viajar no tempo, para se transformarem em seres imortais, quase que semideuses. No que isso deu errado, tais peculiares se transformaram em monstros amorfos horripilantes e invisíveis que se alimentam de peculiares, chamados de Etéreos. Quando um Etéreo se alimenta de uma determinada quantidade de peculiares ele evolui para um Acólito: retomam suas características físicas e voltam a ser visíveis, porém seus olhos não possuem íris, o que se torna o meio de reconhecê-los.
O vilão Acólito, Malthus, usa disfarces ao longo do livro para se infiltrar na vida de Jacob e assim descobrir a localização dos peculiares. Já no filme, além de nem ser explicado o que são os Acólitos, explicam-se apenas os Etéreos, Malthus possui o poder de mudar de forma. O que de certa forma é mais crível, pois ao longo do livro ele se passa por várias pessoas diferentes, como o psicólogo de Jacob, Dr. Golan, e outros, e é meio difícil acreditar que ele não conseguiu reconhecer semelhanças entre eles só por serem disfarces. Com as mudanças de forma de Malthus no filme, como Dr. Golan ser representado como mulher, diferente do livro, onde todas essas figuras são homens, é mais fácil imergir na trama e ser surpreendido.
5 – O final.
Contrariando o final mais pé no chão dos livros, se comparado a quanto o universo peculiar pode ir além, o filme toma uma liberdade de tornar as coisas mais grandiosas, mas acaba em uma conclusão, a meu ver, anticlimática. Logo no início de ambos, o avô de Jacob morre em circunstâncias duvidosas, e isso e outras coisas o levam para a ilha dos peculiares. O fator decepcionante para mim foi, após Jacob passar por tanta coisa ao lado dos peculiares do decorrer do filme, em decorrência da morte de seu avô, o final procurar voltar para, de certo modo, o início, quebrando um pouco a influencia dos acontecimentos do início tinham sido.
Além disso, conhecido por não gostar de continuações – como foi o caso de Alice através do espelho, que, de início, ele não quis participar por achar que não tinha necessidade (teria sido maravilhoso se tivessem lhe dado ouvidos) – Tim Burton criou um final mais fechadinho que o do primeiro livro, que deixa tudo em aberto para o que pode acontecer após os peculiares serem forçados a saírem da ilha, provavelmente para evitar que sejam feitos filmes para os outros livros.
E é isso! Com certeza não é uma grande adaptação dos livros, mas o próprio autor, Ransom Riggs, não se importou tanto assim com tudo que foi modificado, pois ainda assim a essência peculiar ainda está presente, coisa que nunca faltará em filmes do Tim Burton. Com efeitos especial maravilhosos e mudanças que, apesar de magoarem um pouco o coração dos leitores que sempre esperam adaptações iguais aos seus imaginários, apenas deixaram o filme mais adequado ao publico e conciso com relação ao final (mesmo tendo suas escorregadas) é um filme muito bom e lindo de ver.
One response
o que aconteceu com os gêmeos peculiares no livro 1? pois não estão no livro 2