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Todas as épocas possuem suas lendas…O medo do desconhecido sempre foi uma característica inerente ao ser humano, e aparentemente toda informação da era digital e a tendência ao desencantamento das últimas décadas não foi suficiente para acabar totalmente com esta nossa capacidade de fantasiar nossos temores…O caso do Slenderman prova isto…

A lenda do Slender Man é levada tão a sério em alguns lugares que até mesmo crimes já foram cometidos por causa dele.

Em 2014, no estado americano de Wisconsin, por exemplo, duas adolescentes mataram uma colega de escola esfaqueada por acreditarem que o Slender Man mataria suas famílias caso elas são lhe fossem leais.

A história do homem esguio e perverso teria sido contada a elas por uma outra colega. As duas garotas, então, atraíram a vítima que escolheram até um bosque e a esfaquearam 19 vezes.

O caso, aliás, foi retratado no documentário Beware the Slender Man, da HBO. Sem falar das creepy pastas no YouTube e vídeos com áudios tão bem feitos, aos quais realmente não são aconselháveis serem vistos numa madrugada solitária.

Tudo começou como um desafio, em um dos muitos cantos escuros da internet. É mais do que provável que nem mesmo Victor Surge, pseudônimo de Eric Knudsen, acreditasse que a foto-montagem que criou no dia 10 de junho de 2009 para um concurso de edição de imagens assustadoras viria a se tornar um mito e, posteriormente, uma lenda urbana digna do cinema.

No entanto, foi exatamente este o caso da criatura que ficou conhecida como Slender Man, ou o Homem Delgado em tradução livre. Um homem muito alto e muito magro, vestido com um terno preto: uma aparição verdadeiramente espectral digna dos fantasmas do passado, avistados de relance, com o canto do olho, em fotografias antigas ou filmagens danificadas.

Mas o que tornou o Slender Man ainda mais perturbador foram dois elementos-chave: o fato de Knudsen ter inserido a criatura como se ela pairasse sobre a cabeça de um grupo de crianças e de ainda ter forjado relatos perfeitos de encontros entre pessoas e o monstro. Daí, foi apenas um passo para que o Slender Man viralizasse de vez. Inspirado nas obras de mestres do terror como Stephen King e H.P. Lovecraft, o Slender Man rapidamente capitalizou sobre as duas tendências do horror: tanto as narrativas mais clássicas, analógicas, por assim dizer; quanto as modernas, digitais.

Afinal de contas, por mais que tenha nascido através do Photoshop, sua existência foi desenhada para pré-datar a internet – existem paralelos com o Slender Man na Alemanha do século XVI. Com todo o mistério gerado pela fascinante criatura e contando ainda com a facilidade promulgada pelas ferramentas de edição digitais, o Slender Man foi eleito personagem principal das fabulações de inúmeros usuários mundo afora.

Seguindo a deixa de Knudsen, outras pessoas também utilizaram o “Homem Delgado” em suas próprias imagens assustadoras e microcontos de terror. Em pouco tempo, o Slender Man deixou o território mapeado originalmente para habitar outras histórias. E assim como nos mitos de antigamente e nas lendas urbanas, passadas a frente pelas trocas de experiências populares e pelos registros escritos, a criatura protagonista cresceu conforme sua própria mitologia e tomou formas diferentes a cada nova imagem, trama, vídeo caseiro, referência histórica ou adições em geral à lenda original, nascida no fórum Something Awful.

De acordo com as lendas, as presas preferidas do Slender Man são as crianças. Antes de capturá-las e acabar com suas vidas, ele costuma vigiá-las de longe, como é possível notar fotos que, supostamente, mostram o personagem ao fundo,acompanhando suas vítimas em vários momentos.

Em 2012, três anos após seu surgimento, o Slender Man subiu de nível em termos de popularidade com o lançamento de “Slender: The Eight Pages”, jogo online independente que foi baixado por mais de 2 milhões de usuários em seu primeiro mês disponível. A ascensão meteórica anterior também se manteve: não demorou para que o “Homem Delgado” protagonizasse outros games, produzidos por outros desenvolvedores indie e invadisse outras plataformas para além dos PCs, incluindo smartphones e tablets. via GIPHY O fato de não existirem direitos autorais sobre o Slender Man facilitou e muito sua difusão, principalmente quando o personagem ultrapassou a esfera da internet para chegar ao cinema.

Nos anos seguintes ao lançamento de “The Eight Pages” e de sua sequência, “The Arrival”, inúmeras produções de baixo orçamento, frequentemente apoiadas por campanhas de crowdfunding, entraram em fase de desenvolvimento, sendo posteriormente lançadas. O que nos traz mais diretamente ao vindouro longa de terror da Sony: Slender Man – Pesadelo Sem Rosto. Dirigido por Sylvain White (Os Perdedores, The Americans) e estrelado pela nova queridinha da Netflix, a jovem Joey King (A Barraca do Beijo), o filme narra a história de quatro amigas, habitantes de uma cidade pequena dos Estados Unidos, que entram em contato com a lenda do Slender Man.

Aqui, a diferença principal é que o monstro deixa os registros fotográficos e se “moderniza”: acreditando ser apenas uma brincadeira ou um boato, as quatro protagonistas decidem invocar a criatura maléfica através de um vídeo na Internet. E é óbvio que não demora para o pior acontecer com o sequestro de Katie (Annalise Basso). Fazendo uso das tecnologias mais recentes e populares entre os jovens, incluindo aplicativos de celular e plataformas de vídeo, Slender Man – Pesadelo Sem Rosto promete trazer mais uma encarnação do monstro à realidade.

Embora os sites de resenhas cinematográficas afirmem que os cortes de algumas cenas e o exagero no CGI – que aliás tem sido um grande vilão em produções que deveriam ser assustadoras – comprometem a estética do filme e a intenção de gerar medo nos telespectadores.

Fontes: Portal Terra e Segredos do Mundo


Mione Le Fay é carioca, formada em Jornalismo. Escritora, professora de informática, apresentadora e produtora de eventos. Apaixonada por livros e fotografias, encontra nesses nessas duas artes uma forma de mostrar tudo o que existe em seu mundo.

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