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Quando pensamos em romances de época, imediatamente nos vem um nome à cabeça: Julia Quinn. Não há somente ela no mercado, claro, temos autoras maravilhosas como Sarah Maclean, Tessa Dare, Madelaine Hunter, Lorraine Heath, Mary Balogh, Lysa Klaypas, entre outras… Mas Julia é Julia! E por que ela pode ser considerada a rainha dos romances de época no Brasil? É sobre isso que vamos investigar numa série de posts, a começar por este.

Duvido que em 2013, quando o seu romance O Duque e Eu foi lançado pela primeira vez no Brasil pela Editora Arqueiro, sabiam a febre que estavam disseminando. Pois foi o que aconteceu! Foram mais de um milhão de livros vendidos! Sim! É muito quando nos lembramos dos baixos índices de leitura no Brasil. Portanto, Julia Quinn vende e MUITO! E, talvez, seja por isso que ela tenha se tornado a rainha, pois nenhuma outra autora de romances de época a desbancou por enquanto – e não faltam tentativas e novos nomes sendo lançados.

O interessante é que poucos sabem que não foi a primeira vez que Julia Quinn pisou em terras brasileiras. Ela já havia sido lançada antes, em formato banca pela editora Nova Cultural. Contudo, não foi esse “escândalo” de vendas que hoje é. Por que será?

Certa vez, escutei que um livro tem hora certa para explodir. Alguns conseguem achar essa hora, outros nunca a encontrarão. Poderia ter sido o caso de Julia Quinn na Nova Cultural? Naquela época, ela não era conhecida como hoje. Seria porque ela estava no circuito das bancas em vez de o das livrarias? Ou teriam sido as capas e a nova proposta de marketing que foi criada para lançarem Julia Quinn como a nova Jane Austen? Ou estaríamos no momento certo para lançar os livros com histórias leves, engraçadas e românticas?

É conhecido que o eixo das bancas não é bem visto por boa parte dos leitores que não o frequentam. Consideram romances de banca leitura menor, de pouca qualidade e, os mais preconceituosos, “passatempo para mulheres”. Será que fugir desse estatos de romance de banca e se propagar por livrarias teria ajudado Julia Quinn? Porque estar nas livrarias não somente a ajudaria a ser vista como a ser considerada uma autora de qualidade, o que poderia aumentar consideravelmente as suas vendas.

Há quem diga que o livro a gente compra pela capa. Talvez foi pensando nisso que as capas de Julia Quinn também sofreram uma transformação para atrair mais e novos leitores. Com capas românticas, em tons claros e que remetem a uma época passada (não necessariamente a Inglaterra Regencial narrada por JQ), as novas capas de livraria fugiram do padrão dos romances de bancas com mulheres semi-nuas entrelaçada aos braços de um herói forte e sem camisa (não que eu não adore essas capas!). Quem olha para essas capas mais leves, inclusive, não imagina que pode encontrar cenas hot e sim, alguma espécie de Orgulho e Preconceito “moderno”.

Outra coisa que, aparentemente, têm feito diferença é o constante marketing da editora Arqueiro, que tem focado na relação leitor-autor e, inclusive, trouxe a autora americana ao Brasil (e não foi somente na Bienal!) e a aproxima dos leitores com lives no Instagram durante a quarentena. Um marketing mais consciente e direto, indício da nova concepção de marketing e branding que não se concentra a ser somente uma propaganda na traseira de um ônibus, ou a visita do autor a um talk show brasileiro e, muito menos, uma entrevista numa revista ou jornal de alta circulação.

Talvez, o grande diferencial seja o seu texto direto e limpo, repleto de diálogos bem construídos em que conseguimos “ver” as personagens através deles, e cujas histórias românticas, com pitadas de comédia e sensualidade, conquistam os leitoras num momento de turbulências sociais e crises político-econômicas. Quem não gostaria de fugir para dentro de um livro, vivenciar as belezas de uma Inglaterra Regencial fictícia e na companhia de um lorde charmoso e bom de cama? (Mr.Darcy que se cuide!)

Seja qual for o segredo do sucesso de Julia Quinn, é ela a nossa rainha do romance de época, portanto, a questão se torna outra: Quanto tempo durará o seu reinado?

Depois do sucesso no Brasil e nos Estados Unidos, do prêmio RITA, dinheiro e reconhecimento merecidos, a própria autora, numa live recente, revelou que só irá escrever quando “tiver vontade”. Não se trata de ser blasé, nem de desdenhar os seus leitores, ao contrário! Julia Quinn, que sempre foi muito amigável e querida pelo seu público, somente confirmou que não precisa mais escrever livros para ter nenhuma dessas três coisas, pois ela já as conquistou, e que irá somente focar em histórias que ela considere que mereçam ser contadas e nada mais. Afinal, ela é a rainha.

Hail the Quinn!

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Mione Le Fay é carioca, formada em Jornalismo. Escritora, professora de informática, apresentadora e produtora de eventos. Apaixonada por livros e fotografias, encontra nesses nessas duas artes uma forma de mostrar tudo o que existe em seu mundo.

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