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Um grupo de sete adolescentes de Derry, uma cidade no Maine, formam o auto-intitulado “Losers Club” – o clube dos perdedores. A pacata rotina da cidade é abalada quando crianças começam a desaparecer e tudo o que pode ser encontrado delas são partes de seus corpos. Logo, os integrantes do “Losers Club” acabam ficando face a face com o responsável pelos crimes: o palhaço Pennywise.

Uma das maiores criações de Stephen King chegou aos cinemas como um dos maiores sucessos do ano, e promete uma sequencia cheia de horror.

Não é de hoje que palhaços são o motivo de muitos pesadelos por aí, com o ainda recente surto de palhaços macabros assombrando as pessoas nas ruas de todo o mundo, não é uma surpresa que Pennywise tenha voltado com força total. O grande sucesso do filme se deve boa parte ao sucesso de Stranger Things, que não apenas popularizou os anos 80 de novo, como mostrou que um grupo de crianças pode lidar bem com uma ameaça sobrenatural. Não é atoa que Finn Wolfhard está em ambas as produções.

Eu fui assistir ‘It’ esperançoso, com a mente e o coração abertos, mas sempre com o pé atrás, o medo de criar um hype para um filme de terror é sempre constante. A decepção está sempre a espreita. Dentro do cinema, terror e comedia são os dois gêneros mais complicados de se trabalhar, no geral baratos, mas difíceis de se tornarem sucessos estrondosos de crítica e bilheteria.

Logo no inicio, eu comprei a relação dos irmãos, visual interessante, esteticamente falando um filme de alta qualidade. Mas quando Georgie bate de frente com o palhaço, a sequencia do bueiro que muitos já viram nos trailers, começa inocente, bons diálogos, atuação impressionante de Bill Skarsgård, mas no que para mim seria mais uma cena comum dos atuais filmes de terror, se tornou uma surpresa… O diretor Andrés Muschietti não se sentiu pressionado em trabalhar com um elenco jovem, e colocou cenas realmente assustadoras (e pesadas), seja na parte sobrenatural, ou até mesmo em cenas de violência causadas por humanos, como a gangue que vive machucando o “Clube dos Perdedores”, ou uma cena de quase estupro que culminou em morte. Andrés se mostrou um diretor decido e super capacitado, e acima de tudo, corajoso.

O filme trabalha super bem a relação dos personagens, seja no seu individual ou em grupo. Seus problemas, traumas e o que cada um precisa enfrentar para vencer o palhaço são mostrados em cenas que misturam bem o drama com o terror. A direção consegue entregar um filme com ótimo ritmo cinematográfico, onde duas horas e quinze de duração passam rápido. O roteiro consegue mostrar o melhor de cada personagem em cena, os amigos que já se conhecem, e depois como os outros vão se juntando a jornada para derrotar o mal que habita a cidade de Derry, que apenas flui, e funciona bem.

O elenco é ótimo, os adolescentes usados no filme são incríveis e mandaram super bem do começo ao fim. E mais uma vez eu digo, a atuação de Bill Skarsgård é realmente brilhante, você não consegue enxergar o ator por baixo de Pennywise, ele é assustador e ameaçador em uma intensidade que fica marcado em sua mente.

O diretor Andrés Muschietti fez um trabalho muito bom no terror ‘Mama’, e em ‘It’ você consegue enxergar a evolução em sua direção, mas ao mesmo tempo já é perceptível uma certa assinatura, algo que parece ter sido herdado de Guillermo del Toro ainda em ‘Mama’, onde ambos trabalharam juntos. Andrés trabalha bem as cenas de horror, e é possível perceber o seu esmero em cada uma delas, o sangue, o tempo dos sustos, a velocidade das criaturas, e ao mesmo tempo o trabalho do silencio em momentos mais lentos, com um tom mais de suspense.

‘It – A Coisa’ é realmente um trabalho de excelência dentro do cinema, e vai ser para sempre lembrado como um dos maiores sucessos de seu gênero. Foi bom não criar um hype, porque dessa forma eu estava aberto as surpresas propostas por Andrés, e o resultado foi um filme tecnicamente incrível, elenco incrível, e varias cenas corajosas.

Stephen King deve estar orgulhoso…

Nota: 9.8/10  

 

Mione Le Fay é carioca, formada em Jornalismo. Escritora, professora de informática, apresentadora e produtora de eventos. Apaixonada por livros e fotografias, encontra nesses nessas duas artes uma forma de mostrar tudo o que existe em seu mundo.

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