Dirigido por Oliver Stone (Platonn e JFK: A pergunta que não quer calar), Snowden é uma cinebiografia baseado nos livros The Snowden Files (Luke Harding) e Time Of The Octopus (Anatoly Kucherena).
E como muitos de nós já sabemos, Edward Snowden foi um administrador de sistema da CIA e trabalhava para a Agência de Segurança Nacional, a NSA, quando na manhã de 5 de junho de 2013, chocou o mundo ao deletar através do consagrado jornal The Guardian, todo um intricado e leviano esquema de ciber-espionagem praticado pelas principais agencias de inteligencias estadunidense, que abalou as estruturas do governo Obama e as relações internacionais dos Estados Unidos. Nem mesmo o Brasil escapou, sendo um dos países mais espionados, rendendo uma aparição em cenas de arquivo, da então presidenta Dilma Rouseff e da sede da Petrobras.
“Stone cercou-se de cuidados para dirigir o filme, garantindo os direitos de adaptação dos livros de todos os que ajudaram Snowden a delatar o governo dos EUA. Também contou com a ajuda do próprio ex-espião em nome da riqueza de detalhes de sua história, que busca um registro mais documental dos fatos – ainda que o documentário Citizenfour já tenha feito isso (e levado um Oscar em 2015).”
“A história acompanha o brilhante Snowden (interpretado pelo convincente Joseph Gordon Levitt), franzino e pálido, do fracassado treinamento militar até o coração do campo de batalha do futuro, a guerra digital em curso entre hackers de diversos países. Nesse mundo conectado, em que todos possuem uma câmera no bolso, ninguém está a salvo da vigilância… E Stone sabe se virar como ninguém em um clima de paranoia desses e conforme você assiste, é impossível não se sentir paranoico também.
A cinebiografia alterna momentos de suspense, com Snowden reunindo-se pela primeira vez com os jornalistas e a documentarista que vão expôr seu caso (vividos por Zachary Quinto, Tom Wilkinson e Melissa Leo) e seu cotidiano passado na NSA. A relação com a esposa, interpretada por Shailene Woodley, também é explorada, mas é o ponto fraco do filme e parece forçada, calculada demais para dar um clima mais humano à história.”
Apesar da interrogação colocada no título em português, ao impedir que o telespectador tire suas próprias opiniões quanto a decisão de Snowden ao deletar o esquema de espionagem, o longa desde o princípio se esforçar para pintar Edward Snowden como um verdadeiro herói, deixando de fora de sua temática por exemplo, o racha vivido entre a sociedade estadunidense na época do escândalo.
Fiquei com a sensação, embora eu concorde com ela, que o filme foi um esforço para convencer o mundo do papel heroico de Snowden e que por isso ele merece ser perdoado pelas autoridades dos Estados Unidos o quanto antes.
De qualquer forma, o conteúdo denunciado é alarmante e eu francamente gostei da maneira com que o filme se propôs a problematizar os argumentos usados pela inteligencia dos EUA para esse tipo de comportamento, denunciado a paranoia das autoridades com segurança e sobretudo a ideia de que tudo vale a pena se for para bem da humanidade, se for para combater o “terrorismo” quando na verdade tudo isso não passa de um discurso vazio pois no fundo o que realmente importa, é a soberania nacional, o controle social e econômico da país sobre as demais nações.
É bem verdade que tudo isso veio a tona por meio de Snowden, apenas quando ele percebeu que ninguém era tão espionado quanto os próprios estadunidenses, segundo o filme essa foi a gota d’água para o ex analista. Mesmo assim o longa de dirigido por Oliver Stone é aquele filme que a gente assiste e muda a gente… ainda que apenas um pouquinho…
https://www.youtube.com/watch?v=0105x3llAcA
Fonte: Omelete
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