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Fullmetal Achemist em sua versão live action, é um filme dirigido por Fumihiki Sori que estreou no Japão em 1 de dezembro de 2017 e já se encontra disponível, desde fevereiro, no catálogo da Netflix.

A adaptação para o cinema do mangá criado por Hiromu Arakawa, é com certeza um tapa sem mão no rosto de muitos roteiristas e diretores americanos que se aventuram pelo universo das animações japonesas e deram vida a fracassos e aberrações como o famigerado Dragon Ball Evolution e o desastroso Death Note!

Embora o filme peque em alguns aspectos, os japoneses deram uma verdadeira aula de como adaptar as produções (mangás e animes) que são tão caras a sua cultura, sem desfigurá-las ao ponto do ridículo e do inaceitável.

Todos os atores usados no elenco são orientais, o que já injeta uma boa dose de veracidade ao bom trabalho feito por Fumihiki Sori.

As caracterizações foram fidelizadas dentro da fronteira do possível e os traços de personalidades caricatas, que é tão importante dentro desse universo, foram respeitosamente preservados. Um exemplo disso é próprio Edward Elric de Ryosuke Yamada, com seus complexos de altura; e a estridente Winry Rockbell, interpretada por Tsubasa Honda.

As interpretações dos atores pode causar certo estranhamento, mas isso não significa dizer que os atores são ruins ou que fizeram um mal trabalho. Significa dizer que os orientais possuem técnicas de interpretações que são diferentes da nossa, ocidentais. Além do mais, o filme tentou ser o mais fiel possível a história original, copiando falas e características que um fã de mangá/anime já está acostumado, mas que por melhor que seja o trabalho apresentado em tela, ainda pode soar estranho quando feito por atores reais.

Quando eu comecei a assistir ao longa, fiquei preocupada com trato que os envolvidos com a produção dariam a história. Quem é fã de Fullmetal Achemist, sabe o quão complexos são os seus desdobramentos, então eu assisti achando que eles iriam sintetizar toda a jornada dos irmãos Elrics em duas horas e vinte de filme, o que tornaria o filme algo extremamente pobre. Mas ao invés disso, coerentemente, optaram pelo recorte.

Sendo assim, o filme aborda ainda que com algumas modificações  importantes, sem grande impacto a curto prazo pelo menos, os primeiros acontecimentos do mangá, o  que basicamente engloba a busca de Edward Elric pela Pedra Filosofal até o momento que ele descobre qual é o preço necessário para tê-la.

Em suma, o filme não ambicionou ter mais do que podia conquistar e claramente foi construído para o restrito público de animes. E embora seja bom quando comparado a adaptações anteriores do gênero, peca na falta de profundidade tão característica do mangá. A atmosfera sombria e o mistério tão bem costurados por Hiromu Arakawa, passaram longe da adaptação para o cinema, ainda que esta tente a qualquer custo a te fazer sentir algum tipo de emoção.

Com exceção da armadura de Al (Alphonse Elric) que parecia real, o CGI não é dos melhores, mas não decepciona. O filme conseguiu bons números nas bilheterias do outro lado do globo e uma boa recepção pela crítica, o que nos deixa uma esperança de uma futura continuação, quem sabe com uma produção com maior recurso aquisitivo.

Fullmetal Alchemist não é uma produção da Marvel, mas já aviso que tem um crédito final e depois de todos os filmes que se arriscaram no escorregadio mundo dos mangás ou jogos japoneses para o cinema, ele com certeza está entre os melhores trabalhos já realizados.


 
 


 

Mione Le Fay é carioca, formada em Jornalismo. Escritora, professora de informática, apresentadora e produtora de eventos. Apaixonada por livros e fotografias, encontra nesses nessas duas artes uma forma de mostrar tudo o que existe em seu mundo.

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