Então galera, essa é a nossa outra surpresa para o mês do orgulho LGBTQ! Nós do No Meu Mundo resolvemos chamar algumas pessoas que fazem parte da comunidade para uma sessão de entrevistas. Só tem gente bacana, tem autores, tem YouTuber, tem dono de um blog, e muitos outros. A nossa primeira entrevista é internacional, o primeiro convidado do nosso especial, é o Vlogger Doug Gam! Ele é um brasileiro que mora em NY e ficou famoso fazendo Lives comentando os episódio de Rupaul Drag’s Race. O cara é super legal, talentoso, simpático e mega engajado. A entrevista aconteceu por telefone direto de NY, onde ele nos contou muita coisa, inclusive falou como foi conhecer as queens de Drag Race.
No Meu Mundo – “Oi, Doug tudo bem? Então quando você fez a sua primeira Live, você imaginou que alcançaria o sucesso que fez hoje?”
Doug Gam – “Oi, tudo sim! Olha para falar a verdade eu nem lembro quando foi minha primeira Live, mas eu lembro de uma Live em especial, que tinha mais ou menos umas mil pessoas assistindo e elas estavam me acompanhando, interagindo, falando. Foi até uma Live que eu fiz sobre Meet the Queens of Drag Race. E aí eu falava sobre cada Queen de Drag Race e tudo mais, e todo mundo ali participando. Quando eu fui perceber já tinha uma hora de Live, e eu vi que as pessoas ainda estavam ali interessadas em saber. Aí foi ali que eu vi que realmente um público muito grande se interessava, então comecei a fazer outras lives e foi indo. Mas sinceramente, eu não esperava que as pessoas estariam tão engajadas assim, nessas lives que eu fazia. “
No Meu Mundo – ” Doug, o que te levou a mudar de país? E Como foi sua adaptação a outra cultura? “
Doug Gam – ” Na verdade eu vim para fazer um intercâmbio de três meses aqui no interior de Nova York, numa montanha de esqui. Não tinha pretensão nenhuma de ficar aqui. Mas as coisas foram acontecendo, quando acabou meu contrato com a empresa de esqui eu e minhas amigas resolvemos ficar um pouco mais aqui para estudar inglês. E nesse meio tempo eu conheci uma menina no curso, que virou minha minha melhor amiga, e ela tinha uma empresa no ramo de eventos e ela me chamou para trabalhar com ela, e foi assim que eu fui ficando e me adaptando. Eu comecei a trabalhar com ela, fui contratado e a vida foi passando, quando eu fui ver eu estava com a minha vida toda aqui, meus amigos eram todos daqui, meu trabalho, tudo e não tinha mais como sair daqui porque já estava tudo bem organizado em relação a minha vida, tudo estava aqui. A adaptação não foi fácil, os dois primeiros anos foram os mais difíceis porque como eu vim sozinho, minha família toda ficou no Brasil, meus amigos, eu não tinha ninguém aqui. Então foi meio que recomeçar, então eu recomecei, fui conhecendo novas pessoas, mas a falta da família, a falta dos amigos e a falta do meu estilo de vida que eu tinha no Brasil foi difícil, porque eu morava no Rio de Janeiro perto da praia, com calor o tempo todo. Então foram dois anos bem complicados, porque eu sentia falta tive que passar frio, porque no inverno o frio é terrível, demorei anos pra me adaptar a esse clima. Então foram dois anos bem difíceis, que as vezes eu pensava em voltar e desistir, mas eu fui insistindo, vendo até onde dava e hoje em dia eu tô super bem adaptado aqui e não tem nada que me faça querer voltar pro Brasil, minha vida tá toda estabilizada, meus amigos, meu trabalho, Graças a Deus!”
No Meu Mundo – “E em questão de aceitação, acha que a a aceitação das pessoas LGBTQ é muito diferente daqui do Brasil?”
Doug Gam – “Acho que Nova York não é muito parâmetro para isso porque se tem uma cidade gay, acho que Nova York e maior que já vi na minha vida em Nova York. Porque é gay em todo lugar, as pessoas não têm essas coisas, esse medo, sabe? As pessoas andam na rua tem segurança, seja casais homoafetivos de homem com homem, mulher com mulher, “casais” de três pessoas, aqui a gente vê de tudo, então as pessoa estão acostumadas com isso. Até acho que pode ter alguém que tem uma opinião contrária ou não goste, mas eu nunca vi ninguém falar nada, eu nunca presenciei nada, nunca presenciei uma piada, diferente do Brasil que eu já vivenciei, sofri preconceito, inclusive dentro da minha faculdade. Aqui não vejo isso, as pessoas são livres, são abertas, fazem o que querem e ninguém tá nem aí, ninguém presta atenção da forma que você sai na rua, o que você faz, tem respeito, ninguém te agride. Então acredito que sim, existe sim uma aceitação maior das pessoas assim em geral pela comunidade LGBTQ então acho que é nesse sentido, as pessoas são livres, não tem muito medo porque eu sei que no Brasil é perigoso, as pessoas tem medo de demonstrar afeto em público, não todo mundo, mas algumas pessoas porque tem medo de sofrer uma represália, um ataque ou uma agressão e aqui é quase impossível eu nunca soube e também nunca vi nada aqui em Nova York, nos Estados Unidos sei que tem em outros estados, mas aqui onde eu moro realmente não existe, pelo menos eu nunca vi nada parecido. “
No Meu Mundo – “Agora vou tocar num assunto um pouquinho mais chato, quando se é uma figura pública e se está na rede, a gente se torna propenso a muitos comentários, e nem sempre são bons. Você já recebeu comentários homofóbicos nas suas redes sociais? E como você lida com esses tipo de comentários ofensivos?”
Doug Gam – “Olha, eu já recebi alguns comentários sim, poucos, mas nunca foram assim direcionados a algum comentário meu sobre o mundo LGBTQ ou qualquer coisa. Comentários normais assim, comuns em algum post que a gente vai dar nossa opinião em alguém vai e nos agride assim com essas palavras homofóbicas. Só que assim como eu sempre passei por isso desde que eu sou criança, e eu acho que muita gente da comunidade LGBTQ também passa por isso, é sempre uma luta, a gente acaba se acostumando com isso que a gente acaba aprendendo a como lidar com isso. Porque no início quando a gente recebe ataques homofóbicos assim, a gente fica louco, eu pelo menos fui assim, queria rebater, queria brigar e tudo mais, porém o tempo a coisa foi perdendo a importância para mim sabe? Então assim quando eu vejo algum comentário que me desagrada a melhor coisa a fazer você bloquear, deletar, e não deixar te atingir. Então ultimamente assim eu não tenho recebido muito, eu tenho recebido mais comentários negativos de outras coisas em relação ao meu conteúdo, e também é pouco, não é muita coisa até porque nem tudo pode agradar todo mundo. Mas comentários homofóbicos já recebi alguns, porque qualquer coisa que a gente fala que vai de contra a opinião de algumas pessoas, as pessoas usam da nossa sexualidade para justificar que a gente tá errado, que a gente não pode ter sua opinião porque a gente é gay, porque a gente tem uma sexualidade diferente. Então, realmente essas pessoas são pessoas muito pequenas e não vale a pena a gente esquentar a nossa cabeça com isso, a melhor coisa que a gente pode fazer é bloquear, não dar atenção, e passar por cima porque são opiniões que realmente não fazem sentido e não vão acrescentar, e não devem mudar em nada seu jeito de ser e sua vida. “
No Meu Mundo – “Se você pudesse deixar uma mensagem de apoio e ajuda para alguém que está passando por problemas devido sua orientação sexual, qual seria?”
Doug Gam – “A mensagem que eu posso deixar para todo mundo aqui, é que a gente tem que ser forte. Nunca é fácil, na sua vida nada vai ser fácil, assim são poucas as pessoas que têm uma vida fácil de acordo com a sua sexualidade. Eu tive problemas quando eu me assumi para minha família, foi um momento difícil eu conheço pessoas que tiveram problemas dificílimo, que foram expulsos de casa e que passaram por um monte de problemas, e hoje em dia estão aí, estão lutando, é difícil mas assim a questão é não desistir, não desacreditar porque a vida é feita de momentos bons e de momentos ruins, então às vezes a gente tá naquele momento que a gente acha que nada nunca vai dar certo, que a gente prefere morrer e que ninguém gosta da gente, e que a gente tá ferrado na vida, que a nossa única opção é fazer uma besteira, e não é. Você vê que depois de um tempo, pode demorar, pode demorar meses, pode demorar anos mas um dia você vai ver que você conseguiu passar por cima, independente do que aconteça que você vai sobreviver e você vai olhar para trás e vai pensar e falar “Nossa! Olha o que eu passei, e eu pensei que não ia conseguir e hoje eu tô aqui!”. Então assim a melhor coisa é o tempo, e tudo fica melhor, tudo na vida tem uma solução, pode demorar, pode não ser no seu tempo, mas no tempo certo as coisas vão acontecer. É só ter fé, só acreditar, nunca desistir, também tem que se esforçar na vida, não deixar as pessoas te abalarem negativamente de alguma foram e procurar sempre os amigos se fortalecer com eles, porque amigos são muito importantes. Então é isso que eu tenho dizer, nunca desista porque um dia você vai olhar para trás você vai agradecer a você mesmo por não ter desistido e por ter chegado aonde você chegou. “
No Meu Mundo – “Na sua opinião qual a importância de um reality show como RuPaul Drag Race, não só para a sociedade LGBTQ, mas para a sociedade no geral?”
Doug Gam – “De grande importância, eu já conversei com pessoas tanto do mundo LGBTQ, quanto pessoas hetero e assim muitas hetéros que eu converso que assistem Ru Paul Drag’s Race perdem um pouco do preconceito que eles tinham com Drag Queens e o mundo LGBTQ em geral. Então assim eu acho que é de grande importância porque mostra o lado que as pessoas não conhecem, porque as pessoas não conhecem direito e criam opiniões que não são verdadeiras e ficam com aquela estigmatizada na mente, isso é importante porque o programa mostra principalmente para o mundo heterossexual que Drag Queens e homossexuais são pessoas que tem a sexualidade dferente da delas, mas que são iguais a ela, que nada muda as pessoas também tem problemas, que as pessoas sofrem, que as pessoas têm felicidade, que as pessoas também trabalham. Então eu acho que essa é a grande importância no mundo heterossexual, e para os LGBTQ é uma plataforma, principalmente para aquelas pessoas que a gente falou agora pouco, que sofrem com algum problema devido a sua sexualidade, o programa sempre tem aquele momento social, de onde as Queens contam um pouco da história delas, que elas falam dos problemas que já passaram com a família, no trabalho, na vida e como elas conseguiram passar por tudo isso e vencer. Então assim e acho que além de dar uma voz para comunidade Drag e para a comunidade LGBTQ em geral, ela ajuda muito as pessoas que passam por algum problema e vêem ali nas suas queens favoritas, que elas já passaram por problemas e que elas hoje estão bem e que conseguiram. Então tem muito importância para a sociedade em geral o programa. “
No Meu Mundo – “Eu vi que você esteve na última Dragcon e conheceu algumas drags, qual foi a mais simpática? Teve alguma que foi antipática? A livraria está aberta, conta tudo.”
Doug Gam – ” Olha das Queens que eu conversei acho que as mais simpáticas foram a Eureka e a Shangela, duas incríveis, duas maravilhosas. Aí teve uma que eu conversei, fiquei conversando com a Jade, a da primeira season e ela foi incrível também, super legal. Agora a única antipática, a única Queen que eu tive problema, que achei um pouco antipática, pessoalmente comigo, foi a Violet Chacki. Ela estava lá na fila dela atendendo todo mundo, aí a gente tava na fila e eu fui comprar o pôster dela, que a gente compra assim para elas assinarem, e ela decidiu que ia embora, que não ia mais falar com ninguém, e tipo assim eramos umas dez pessoas na fila que já estava acabando e tudo mais e ela surtou e falou que ia embora, aí eu fui mesmo assim quando ela estava saindo eu fui andando com ela, aí pedi pra tirar uma foto e ela falou “Vamo bora logo tira isso, porque eu tenho que ir embora porque eu tô com pressa e o carro tá esperando!” Aí eu falei “não tudo bem, uma rápida” aí eu tirei uma rápido. Mas assim isso comigo, mas as minhas amigas tiveram problemas com Gia Gunn que foi super antipática com elas. A Aja que foi amor comigo super simpática comigo, meu amigo também falou que ela tratou ele meio mal, que ele foi tirar uma foto com ela, aí ela disse “Tenho que ir lá agora e depois a gente tira!” aí depois ele disse que tudo bem, só que ele ficou ali no mesmo lugar que ela ficou e ela ficou ela não saiu de lá. Mas essa foi a impressão que eu tive, comigo acho que realmente as mais simpáticas foram a Shangela, Eureka e a Jade.
No Meu Mundo – “Você tem vontade de se montar? Se sim, qual seria seu nome de drag?”
Doug Gam – “Olha eu tenho muita vontade de ser drag queen, só que eu não sei nada, então tipo assim às vezes eu me monto, geralmente no Halloween, sabe que eu sei que muitas Queens começam assim né, se montando no Halloween ou para algum evento especial como uma festa a fantasia. Eu me montei já algumas vezes, todo Halloween eu me monto, porque eu acho que tipo é que o momento que eu posso ficar cagado montado porque é Halloween e ninguém vai estar nem ai. Mas tipo eu tenho muita vontade de aprender muitomais e aprimorar a técnica de maquiagem e talvez aprender costurar e tudo mais e começar a fazer drag de verdade, sabe eu estou na verdade até com planos, assim eu vou ter umas aulas de maquiagem quando estiver no Brasil agora, com dois maquiadores incríveis que são super competentes e eu vou pegar várias dicas com eles para eu começar a fazer já a minha automaquiagem, pegar alguns truques e tudo mais, produtos e vamos ver né. Quem sabe no futuro quem sabe não estarei representando o Brasil no RuPaul’s Drag Race, pode ser que sim né? Porque não? Só se empenhar. Eu tenho um nome de Drag já, que é pre Pietra Parker, eu sempre gostei desse nome Pietra desde sempre, quando alguém perguntava até quando eu estava no Brasil ainda e eu sempre gostei desse nome Pietra, recentemente eu tava pensando em botar um sobrenome que começesse com a letra P e ficou Pietra Parker. Esse é meu nome de Drag e se Deus quiser um dia, se for possível eu vou estar trabalhando por aí, com esse nome, mas eu não sei, é só um plano, uma ideia. “
No Meu Mundo – ” Qual seria seu top 3 de todas as queens campeãs? Incluindo as do All stars”
Doug Gam – ” Top 3 de todas campeões? Bom eu colocaria a Bianca Del Rio, colocaria a Violet Chachki porque eu acho que ela é muito competente e ela é muito dedicada no que ela faz, e eu colocaria a Sharon, eu acho que colocaria a Sharon. Então meu Top 3 de todas as vencedoras seria Bianca Del Rio, Violet Chachki e Sharon Needles.
No Meu Mundo – “Agora a última pergunta da entrevista. Sei que você está nos States, mas vamos lá, você diria Shantay You Stay ou Sashay Away para Michel Temer?”
Doug Gam – ” Cruzes! Sashay Away! Não era nem para ele ter entrado, Deus me livre! Sashay Away tipo 1000 vezes.”
E esse foi o fim da primeira entrevista, quero agradecer ao Doug Cam pela oportunidade e por nos dar essa maravilhosa entrevista. Para quem quer acompanhar ou conhecer um pouco mais sobre o Doug Cam aqui está todos os links das redes sociais dele:
Instagram: @dougnyc
YouTube: Canal Doug Gam
Facebook: Doug Gam
Espero que tenham gostado da entrevista, e também que fiquem atentos paras as próximas entrevista.
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Adorei a entrevista, Matheus!
Confesso que não o conhecia mas adorei ele rs
Vou começar a assistir os vídeos dele.
Amei a entrevista e gostaria muito de ver a Pietra Parker no RuPaul