A entrevista de hoje é com o autor Thiago Monteiro, que escreveu os livros “O Vale dos Suicidas” e “O Mascarado. Nessa entrevista a gente abordou alguns temas polêmicos mas tudo de uma forma leve e descontraida.
No Meu Mundo – ” Você sempre sonhou em escrever? Ou foi algo que veio de repente?”
Thiago Monteiro – “Na verdade escrever nunca foi um sonho. Tinha como hobbie. Nunca fui daqueles garotos apaixonados por pipas e futebol… Preferia mesmo era ler um livro, ou transcrever minhas idéias em um papel. Lembro-me que até em provas de matemática, no qual sou péssimo, eu gastava o tempo da prova escrevendo enormes textos tentando justificar e merecer uma nota boa mesmo sem fazer nada do que a prova pedia.”
No Meu Mundo – “De onde surgiu a inspiração para escrever o seu livro?”
Thiago Monteiro – “O “Mascarado” foi inspirado num videoclipe de uma canção dos anos 90. Inclusive uma das cenas narradas no livro se assemelha bastante ao vídeo. Já o “Vale dos Suicidas” não teve uma inspiração propriamente dita. Foi uma junção de curiosidades e ideias. Como eu estava afim de conhecer um pouco mais sobre o espiritismo, resolvi transcrever algumas coisas encontradas na religião, e, de forma respeitosa, adicionando um pouco de ficção na mesma.”
No Meu Mundo -” O livro Vale dos Suicidas é bem denso. Inclusive você recebeu uma mensagem bem forte certa vez. Conta para nós como foi isso.”
Thiago Monteiro – “Quem me acompanhava no Wattpad sabe que eu quase não “entrava” mais no app. Embora tivesse vontade de voltar a escrever como antes, o tempo aqui no RJ parece passar voando, então, poucas eram as vezes em que eu logava no Wattpad, e, consequentemente atualizava a história. Um dia, ao abrir o e-mail vi havia a notificação de uma mensagem privada, e quando a li, percebi que o interlocutor da mesma falava sobre sua vontade de suicidar-se e como o livro havia o feito repensar sobre. Confesso que na hora não acreditei, até conversar um pouco mais com ele, e ter visto que o que me contara era real. Logicamente o aconselhei a procurar ajuda qualificada, e, mesmo temendo alongar o assunto, o agradeci pela sinceridade e por dividir essa experiência comigo. Depois dele recebi cerca de mais 3 relatos parecidos. A sensação de estar ajudando alguém é a melhor possível, mas confesso também que temia escrever algo que pudesse se tornar um gatilho para essas pessoas.”
No Meu Mundo – “Seu livro passa uma mensagem bastante forte e aborda um tema bem polêmico também, que agora está em alta devido a série 13 Reasons Why. Na sua opinião qual é a importância de falar sobre isso?”
Thiago Monteiro – “Quem tem depressão sabe a diferença que palavras de apoio fazem no dia-a-dia. Tentei fazer com que o livro não parecesse uma condenação, e sim reflexão. E talvez essa seja a chave que tentamos buscar. Condenar nunca é o correto, ainda mais quando não estamos “do lado de lá” em certas situações. Agora, refletir, fazer pensar, ponderar, é o que faz a diferença para quem vive e para quem convive com quem sofre de depressão. Nos calarmos, fingindo não acontecer nada em nossa volta, é ser omisso, e a omissão nunca vence batalhas.”
No Meu Mundo – “Estudos apontam que a taxa de suicídio entre jovens LGBTQ é bem maior do que entre jovens hetéros. Se você pudesse deixar uma mensagem de apoio e ajuda para alguém que está passando por problemas devido a sua orientação sexual, qual seria?”
Thiago Monteiro – “Seja você mesmo. Independente de raça, gênero, orientação, religião, etc, seja sempre você mesmo. Saibam que não precisamos da aprovação de ninguém, nem mesmo daqueles que consideramos tão importantes.”
No Meu Mundo – “Como sua família lidou com o fato de você ser LGBTQ?”
Thiago Monteiro – “Acredito que como em qualquer família, no começo foi um choque. A primeira fase foi a negação, o não entendimento, a reprovação e até a condenação. Com o tempo passaram a ver que, independente do que eu sentia e por quem eu sentia, eu continuava ser aquele Thiago de sempre. Hoje, sou bem aceito, bem quisto e bem visto por todos eles, e o assunto LGBTQ que antes era um tabu, é encarado com respeito e empatia por eles.”
No Meu Mundo – “Qual a sensação de saber que muitas pessoas já se sentiram tocadas, e provavelmente até choraram lendo sua obra? “
Thiago Monteiro – ” Não existe melhor! Quando comecei a escrever o Vale dos Suicidas, percebi que o livro era denso, e de certa forma, polêmico. Meu medo, como eu já disse, era de transformá-lo em um gatilho para quem sofre com depressão. Por isso, tomei todos os cuidados para evitar parecer com que eu concordasse com as atitudes da personagem principal. Quando vi os relatos em meu inbox e até mesmo em comentários no Wattpad, percebi que estava trilhando o caminho certo.”
No Meu Mundo – “Qual dica você daria para alguém que está começando a escrever agora? “
Thiago Monteiro – ” Não desista no primeiro obstáculo. Bloqueios criativos são sempre bem-vindos. Por mais que nos faça desesperar no começo, quando passa, parece uma barragem se rompendo, e uma enxurrada de novas ideias logo aparecem.”
No Meu Mundo – ” Você está com algum projeto para um livro novo?”
Thiago Monteiro – ” No momento por conta da faculdade e do trabalho que consomem o meu dia todo, não consigo ter tempo hábil para isso. Infelizmente nem mesmo o Vale dos Suicidas ainda foi finalizado. Mas pretendo termina-lo antes mesmo do fim do ano.”
No Meu Mundo – “Sua vida mudou muito depois do lançamento do seu livro?”
Thiago Monteiro – “Confesso que não haha! Na verdade foi um sonho tudo o que vivi. Participar de uma bienal como autor foi uma experiência encantadora, e assinar aqueles livros para pessoas dos quais eu não conhecia antes daquele momento era uma loucura rs mas eu não esperava grandes mudanças mesmo. Tratava-se mais de realização pessoal.”
Esse foi o fim dessa entrevista com esse querido, quero agradecer ao Thiago Monteiro por nos essa oportunidade. Para quem quiser conhecer e acompanhar um pouco mais dele aqui está o link das redes dele:
Facebook: Facebook.com/thiagotmo
Instagram: TyerreSquizo
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Foi lindo conviver com o Thiago durante a Bienal que ele lançou o Mascarado, ele queria chorar com todo mundo que pedia autografo!
Conheci este autor em um dos eventos da Travessa e foi ótimo conhecer mais um pouco dele aqui. Como sempre, arrasou nas perguntas, Matheus!
Eu me lembro ainda do garotinho que disse que queria ser como você Thi! <3