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Procurar um filme no Netflix é sempre uma luta, e numa dessas lutas eu achei esse filme “Quando Te Conheci”,por ter atores conhecidos achei estranho eu não ter conhecido.
Li a sinopse e me interessei,por ser um grande fã de distopias. Fui ver bem desacreditado por ter a Kristen Stewart como protagonista, e eis que o filme me surpreendeu positivamente e muito.

TRAILER: 

https://www.youtube.com/watch?v=v6q6wjH2clo&w=854&h=480

A histórias se passa em um futuro utópico, depois de uma guerra que devastou grande parte do planeta e causou a morte de quase toda a população. Nesta sociedade futurística, as emoções são bloqueadas desde o nascimento; sentimentos são considerados ameaças ao sistema, apontadas como o catalizador da Grande Guerra. O sistema, no entanto, não é infalível, considerando o crescente número de pessoas recuperando suas emoções – que, por sua vez, são tratados como doentes. Apesar de não haver uma cura, eles tomam remédios bloqueadores que retardam os estágios de sua condição. Diagnosticado com a doença, Silas (Nicholas Hoult) rapidamente sucumbe à tristeza e ao isolamento, mas seu interesse em sua colega de trabalho, Nia (Kristen Stewart), o desperta sentimentos diferentes. Não demora muito para ele ficar convencido que Nia também tem sentimentos, apesar de escondê-los. Agora, em uma sociedade onde até mesmo o toque é proibido, eles terão que arranjar um jeito de ficarem juntos ao mesmo tempo em que tentam evitar as consequências mortais de serem pegos.

Um filme de pessoas sem sentimentos protagonizado por Kristen Stewart é bem irônico, e parece uma piada pronta para haters. Porém adianto para vocês, que Kristen entrega uma ótima atuação assim como seu companheiro Nicholas. Kristen ultimamente parece focada em deixar sua imagem de Bella Swan para trás,fazendo filmes que fogem do grande público,mas são aclamados pela crítica.

O enredo pode rememorar filmes como “A ilha” (2005) de Michael Bay ou “O doador de memórias” (2014) de Phillip Noyce, ou ate mesmo “Equilibrium”(2003) de Kurt Wimmer, mas, diferente de todos “Quando Te Conheci” requer, com poucos efeitos visuais, planos mais longos ou sequenciados em um ritmo narrativo reduzido, uma experiência sobre os estágios das relações amoroso-afetivas, a partir das experimentações do som e imagem orquestrados na tela. A falta de diálogos e o jogo de câmeras fazem você se sentir como o personagem e vivenciar toda aquela doença, que pessoalmente me lembrou a depressão. Os cenários, amplos, vazios e sem detalhes, contribuem para a sensação de isolamento, que é um dos pontos principais do roteiro, porém o maior ponto positivo do filme fica por conta de seus valores de produção. A fotografia está excelente, em total harmonia com os conceitos apresentados pelo enredo. Tons frios azulados predominam a tela, até mesmo em cenas ensolaradas, e todos  sabem que azul é a cor da tristeza. Já os tons mais quentes, avermelhados, aparecem justamente nas cenas em que o personagens estão com suas emoções elevadas, criando uma paleta de cores que refletem diretamente as situações da trama, além disso as sombras são muito bem utilizadas quando algum personagem demonstra medo ou indecisão. A direção de arte está impecável, e ajuda a dar credibilidade a este mundo neutro, onde o branco prevalece e a individualidade permanece suprimida.

Outro ponto bom desse filme é a abertura que ele dá para filosofar sobre o ser humano querer viver sem sentimentos e como isso poderia ser chamado de vida. Sem contar, a delicadeza que os atores demonstram quando os personagens vão conhecendo o toque, o beijo e o amor pela primeira vez e como isso é bonito e ao mesmo tempo doloroso, causando transtornos e confusões. Além de tudo sentir algo é visto como errado e doença, logo eles tem que esconder para demonstrar afeto, com medo de sofrer algo em público. Pode ser uma distopia,mas isso não foge muito do que pessoas homossexuais sofrem hoje em dia.

Quando Te Conheci é o tipo de filme que pode ser visto sem pretensão alguma, mas que conquista facilmente tendo alguns traços Shakespearianos, lembrando até a história do amor proibido de Romeo e Julieta, unindo o clássico ao moderno de forma bem rasa, mas com uma funcionalidade real. Pessoalmente não vejo um motivo aparente para Equals ou Quanto Te Conheci (que é um dos poucos títulos nacionais que faz um pouco de sentido e soa até que poético) ficar tão nas sombras.

Mione Le Fay é carioca, formada em Jornalismo. Escritora, professora de informática, apresentadora e produtora de eventos. Apaixonada por livros e fotografias, encontra nesses nessas duas artes uma forma de mostrar tudo o que existe em seu mundo.

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  1. Bom dia. Seu texto é BRILHANTE ( tanto na forma quanto no conteúdo). Então você poderia, por favor, escrever resenhas de filmes dos ícones Gene Hackman e Harrison Ford ( sobretudo dos anos 80 e 90), ao menos uma vez por semana? Muito obrigado pela atenção e um forte abraço.

    • Fico feliz que tenha gostado do texto, muito obrigado! Gostei da sua sugestão, estava pensando em falar sobre alguns filmes mais antigos mesmo, agora que eu já sei que alguém vai curtir, já sinto me inspirado! 😃

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