Novo sucesso da HBO terminou sua primeira e última temporada, mexendo com o publico, chocando outros, e não impressionando alguns.
Baseado no livro de mesmo nome da autora Gillian Flynn, que também assina o roteiro, a série ainda conta com a direção de Jean Marc-Vallée, que ficou conhecido pelo sucesso de outra série da HBO, ‘Big Little Lies’. E para finalizar, na produção ainda temos a Blumhouse, produtora fundada por Jason Blum, conhecido por filmes de terror de baixo orçamento, como ‘The Purge’, ‘Fragmentado’, ‘Atividade Paranormal’, ‘Corra!’ e muitos outros. Com essa combinação, a série não tinha como dar errado.
Na trama temos Camille Preaker, uma repórter com um passado sombrio que se vê forçada a voltar para casa para investigar uma série de assassinatos. Mas seu retorno para a pequena cidade de Wind Gap não é nada fácil, trazendo a tona vários de seus traumas e coçando suas cicatrizes (que são muitas).
O elenco é sem duvida muito chamativo, e realmente não deixa a desejar. Amy Adams entrega uma atuação excelente, talvez uma das melhores de sua vida, e tem tudo para ganhar o Emmy. Patricia Clarkson também esteve ótima do inicio ao fim, e bateu de frente com Amy. Todos dentro da série, até os coadjuvantes, foram muito bem, mas minha maior surpresa foi exatamente com a estreante Eliza Scanlen, uma jovem atriz de 19 anos de idade que foi excelente do inicio ao fim. Eliza merece todo o reconhecimento por interpretar uma personagem difícil, que sem duvida abriu muitas portas para um futuro brilhante.
A série tem uma direção muito boa, e consegue deixar o publico interessado e instigado por mais episódios. Em alguns momentos parece que o tom da série vai ficar mais para o terror, com cenas intensas e sombrias, mas nunca chegou lá. O corte ajuda nesse quesito, e lembra muito bem os filmes de suspense investigativo, ou sobre distúrbios, traumas, sempre escondendo a informação principal do publico, te obrigando a pensar e cogitar. Todo o estilo e a forma como Jean filma algumas de suas cenas são de ótima qualidade, na verdade, a qualidade visual da série é melhor do que sua estoria.
O roteiro começa promissor, boa trama, assassinatos interessantes, personagens excelentes e complexos, mas infelizmente a qualidade vai caindo conforme os episódios passam. A série começa a dar muita atenção em pequenos momentos, e me pareceu enrolar demais em determinados temas. A temporada poderia ter sido ainda melhor se tivesse enxugado alguns momentos desnecessários e seguido adiante com sua trama.
É realmente incrível o trabalho de Flyn em criar personagens femininas tão complexas e ricas em detalhes, principalmente no psicológico. Seja vilã ou mocinha, Flyn entrega o que promete, e não deixou a desejar como roteirista. Em ‘Sharp Objects’ temos uma discussão sobre como as mulheres são tratadas, e muitas vezes ignoradas, ou pior, abusadas. Isso inclusive é discutido repetidamente quando se acredita que se trata de um assassino, já que as adolescentes tiveram os dentes arrancados, e logo a policia descarta a possibilidade de ser uma mulher, já que ela não teria força para arrancar os dentes.
O final da série teve um plot-twist digno dos filmes de M. Night Shyamalan, que termina muito bem sua jornada com uma cena pós-credito de tirar o folego. ‘Sharp Objects’ não terá uma segunda temporada, que já foi confirmada pela HBO que se tratava de uma minissérie, e realmente não precisava, já que foi muito bem encerrada.
Embora tenha tido alguns problemas aqui e ali, ‘Sharp Objects’ ainda é um grande achado da HBO, e mantem seu incrível selo de qualidade.
Nota: 9.0
No responses yet