Qualquer gamer que curta um bom jogo de terror já deve ter ouvido falar da lendária franquia Resident Evil. E desde seu primeiro jogo, lançado em 1996 no PlayStation, tivemos inúmeras sequências, spin-offs, adaptações para o cinema, animações em longa-metragem, livros… Um verdadeiro fenômeno da cultura pop, devidamente explorado, para a alegria dos fãs. Ou não.
Resumindo uma longa história: a série de jogos que se tornou conhecida pelo clima de terror, moldando o gênero de games de Terror de Sobrevivência (Survival Horror), vinha tomando um rumo que a tornasse mais rentável ainda: com seus jogos principais passando a incluir cada vez mais características de ação e menos de terror e suspense. A descaracterização foi sentida fortemente em Resident Evil 5 (2009) – que ao menos entregava um jogo de ação interessante para se jogar em modo cooperativo – e atingiu seu auge em Resident Evil 6 (2012), que (aí sim) foi considerado medíocre e não agradou ninguém. Sabe quando alguém chega e diz “amiga, assim não tem como te defender?”.
Embora os jogos de RE nos moldes blockbusters de ação não agradassem aos fãs, são até hoje alguns dos títulos mais vendidos da CAPCOM (RE5 o segundo mais vendido, e RE6 o terceiro). Some a isto o bom desempenho de bilheteria das adaptações da franquia ao cinema, estreladas por Milla Jovovich e produzidas, escritas e/ou dirigidas por Paul W. S. Anderson, que pouco tinham a ver com a história dos jogos, e imaginem a frustração de fanbase tão exigente quanto a de Resident Evil. Sim, os filmes lotavam salas, mas eram muito ‘xingados no Twitter’. Nem fãs nem críticos curtiam as aventuras de Alice, mas os filmes conseguiam divertir o público, e os seis filmes se tornariam os live-actions baseados em videogames de maior sucesso.
Com grana entrando nos cofres, mas críticas na reputação, a CAPCOM demoraria a reagir, mas em algum ponto do caminho começaria a tomar atitudes para tentar agradar a todos. No meio de tudo isso, tivemos os jogos Resident Evil Revelations (o primeiro em 2012, e o segundo em 2015), que davam um tanto mais do terror que os fãs sentiam falta, mas ainda não eram aqueles jogos gloriosos e aterrorizantes. Ainda assim, eram bem recebidos em geral, se tornando importantes “termômetros” para saber se valia a pena para uma empresa retornar a série para suas raízes. Mas a maior confirmação, aparentemente, viria de fora da franquia.
De fato, na época parecia que os jogos de terror andavam meio apagados, mas fenômenos instantâneos, criados por pequenos desenvolvedores, como Amnesia: The Dark Descent (2010) e Oulast (2013) mostraram que os jogadores ainda queriam experiências aterrorizantes.
Influências e Motivações
Em 2014, uma franquia “rival” de Resident Evil ressurgiria no meio gamer, através do cativante e assustador P.T. E não se tratava de certo partido político (desculpem a piada óbvia), mas sim de um Playable Teaser, uma demonstração jogável do que viria a ser Silent Hills – aguardado título da sumida série Silent Hill (no singular) que nasceu, como Resident Evil, no final dos anos 90, igualmente ajudando a moldar o Terror de Sobrevivência. Assim como sua quase irmã, Silent Hill sofreria a mesma decadência e perda de reputação por mudar demais.
O problema é que logo o projeto de Silent Hills seria cancelado pela empresa ‘dona da coisa toda’, a Konami, devido a diferenças criativas com Hideo Kojima, escolhido como diretor do projeto, que incluiria uma parceria até com o aclamado cineasta Guillermo Del Toro (O Labirinto do Fauno) e Norman Reedus (sim, o Daryl da série The Walking Dead). Sim, outro P.T. sofrendo impeachment, e nossa cota de piadas sem graça no meio do post esgotou por dois anos, talvez.
Sem o público saber, mesmo antes do lançamento de P.T., ainda em 2014, o desenvolvimento de Resident Evil 7 já havia começado. Com um mundo gamer um tanto órfão de tudo que Silent Hills poderia ser, era a oportunidade perfeita para Resident Evil voltar com tudo.
As demonstrações de Resident 7 que seriam lançadas ao longo de 2016 eram claramente influenciadas por P.T. e os jogos independentes (como Outlast e Amnesia, que mencionamos anteriormente). Mas com tantos anos pedindo à CAPCOM um Resident de terror, a nova direção ainda deixava os fãs desconfiados… Mas a história de como Resident Evil 7 salvaria a série fica para a próxima parte deste post. Quem jogou, no entanto, já sabe o porquê.
One response
[…] sobre a evolução da lendária franquia de games de Resident Evil. Você provavelmente já leu a primeira parte – caso não, deveria fazê-lo AGORA! Em resumo, dissemos como a franquia da CAPCOM […]