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Não é de hoje, como não foi de ontem e, muito possivelmente, não será amanhã que haverão dúvidas quanto o que faz um romance ser histórico ou de época.

Eu mesma, quando comecei a minha jornada de escritora dentro do romance de época, mal conhecia o gênero! (Você deve estar se perguntando como isso é possível, uma vez que tenho especialização em Literatura. Ao bem da verdade, é que gêneros não eram exatamente debatidos na minha faculdade, que seguia a linha da  intertextualidade e, de preferência, com outras áreas das Ciências Humanas, tais como Psicologia, Sociologia, Antropologia, História, Filosofia, Artes Cênicas, Línguas, etc. ). Portanto, para mim (como hoje é para muita gente), romance de época eram romances históricos mais “água com açúcar”.  E não são!

Há muitas similaridades, é verdade, pois ambos lidam com um momento Passado (se preferir: Histórico). Porém, o que faz a verdadeira diferença entre um gênero e outro é a maneira como esse Passado, ou essa História, vai ser trabalhada (e eis aqui o pulo do gato que veremos a seguir!) e o enfoque escolhido.

Neste primeiro post, vou explicar a questão do enfoque (deixarei para semana que vem, explicar melhor a instrumentalização da História nos dois tipos).

Quando temos as alcunhas romance histórico e romance de época, logo pensamos que ambos estão focados na mesma coisa: romances passados num momento histórico, ou (no seu sinônimo) numa época determinada. Não está errado pensar que HISTÓRICO e DE ÉPOCA são praticamente a mesma coisa, porque são!! A questão está na palavra ROMANCE que aparece em ambos. Ela não possui o mesmo significado!

No caso de ROMANCE histórico estamos lidando com o formato “romance” (não é poesia, não é conto), ou seja, uma narrativa longa. Assim, se fôssemos “traduzir”, poderíamos dizer que temos uma narrativa longa histórica (ou passada num tempo histórico).

Já no caso da palavra ROMANCE em romance de época, a conotação é outra. Aqui, estamos lidando com a “qualidade”/categoria, ou seja, estamos lendo uma narrativa romântica, ou em que o romance dos protagonistas faz toda a diferença. Uma maneira mais simplificada de diferenciar seria: romance de época é sobre o envolvimento amoroso de um casal numa dada época.

Para não haver problemas em entender isso, basta analisar como os americanos (“os inventores” das categorizações e classificações literárias) diferenciam ambos. No caso do romance histórico: Historical Fiction/Novels. Já romance de época é: Historical Romance Novels. A diferença aqui se faz BEM mais clara.

Generalizando, romances de época focam numa história romântica vivida por os protagonistas que estão num outro momento histórico que o leitor (não vamos confundir romance de época com algum clássico escrito em outro século); enquanto os romances históricos não são obrigados a se focarem numa história de amor. Podem falar de guerras, de tramóias políticas, de catástrofes, do cotidiano de uma família ou de uma personalidade, enfim, o leque de enredos do romance histórico é muito maior do que o do romance de época.

Portanto, podemos dizer que romance de época e romance histórico possuem coincidências por tratarem de enredos passados em outros momentos históricos que não são nem o do leitor, nem o do seu autor (existe uma confusão muito grande quanto a isso. Usemos o exemplo de Jane Austen, ela não é autora de romance de época, pois suas narrativas são contemporâneas a ela). Contudo, a maneira como trabalham a História e, sobretudo, o enfoque do enredo é o que diferenciará um do outro, pois o enredo do romance de época (como vimos na sua própria nomenclatura) é sempre focado no romance entre o casal de protagonistas. 

Quanto a maneira como se usa a História em ambos os tipos, aguardem o próximo post.

Até mais!

Mione Le Fay é carioca, formada em Jornalismo. Escritora, professora de informática, apresentadora e produtora de eventos. Apaixonada por livros e fotografias, encontra nesses nessas duas artes uma forma de mostrar tudo o que existe em seu mundo.

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