As Crônicas de Gelo e Fogo é uma das sagas fantástica mais ambiciosas da atualidade, talvez a mais ambiciosa desde a concepção de O Senhor dos Anéis escrito por J.R.R. Tolkien. Além da genialidade natural de George R.R.Martin, é possível notar também em sua obra uma vasta lista de influências literárias como a do próprio Tolkien e Shakespeare, além de influencias mitológicas, religiosas e históricas como a Guerra das Duas Rosas (1455-1485) que serviu de base para os principais conflitos políticos que envolvem o Trono de Ferro.
A Guerra das Duas Rosas ou a Guerra das Rosas foi um conflito entre duas poderosas casas da Inglaterra, os Lancastres e os Yorkes, pelo Trono Inglês. Ficou conhecida por esse nome na historiografia pois ambas as casas eram representadas por uma rosa. Vermelha no caso dos Lancastres e branca no caso dos Yorkes.
Apesar das dissidências, ambas as casas possuíam uma origem em comum, já que descendiam de ramos da casa dinástica de maior longevidade da Inglaterra, os Plantagenetas ou Angevina (de Anjou) que reinaram na Inglaterra entre os anos de 1154 e 1399. A reivindicação ao trono tanto por parte dos Lancastres como por parte dos Yorkes advinham da relação de ambas as casas com a dinastia Angevina. Os Plantagenetas são originários do Condado de Anjou, que atualmente faz parte da França e se estabeleceram na Inglaterra através do casamento de Godofredo V, Conde de Anjou e fundador da dinastia a partir de seu casamento com Matilde de Inglaterra, herdeira de Henrique I. O primeiro rei Plantageneta foi Henrique II, filho de Godofredo e Matilde. Sendo um ramo da dinastia de Anjou, a qual Godofredo pertencia, a origem do nome e do símbolo dos Plantageneta vem da flor Cytisus scoporius, conhecida como “planta genista” em latim.
E para melhor compreender os precedentes que possibilitaram a Guerra das Duas Rosas, é necessário retroceder na genealogia dos Plantagenetas, pelo menos até Eduardo III, sétimo rei da dinastia.
Eduardo III foi casado com Filipa Hainault com quem teve sete filhos. De seus sete filhos pelo menos 4 deles são importantes para a nossa análise. São eles: seu herdeiro Eduardo, o Príncipe Negro e pai de Ricardo II, o último rei da dinastia Plantageneta; Lionel de Antuérpia, Primeiro Duque de Clarence; John de Gang, Primeiro Duque de Lancaster e pai de Henrique IV, responsável por destronar seu primo Ricardo II, o que fez de Henrique o primeiro rei da dinastia Lancaster; e Edmundo de Langley, Primeiro Duque de York.
Ao garantir casamentos estratégicos para os seus quatro filho citados, a partir deles Eduardo III criou os primeiro ducados da Inglaterra: Cornwall, Clarence, Lancaster, York e Gloucester. Os herdeiros desses ducados foram os principais agentes responsáveis pelo conflito entre a nobreza inglesa, conhecido como a Guerra das Duas Rosas.
John de Gant foi o fundador da Casa Lancaster a partir de seu casamento com Blanche de Lancaster enquanto seu filho com sua amante Katherine Swynford, John Beaufort, fundou a Casa de Beaufort. Edmundo de Langley fundou a Casa de York e seu filho, Ricardo de Conisburgh casou-se com a bisneta de seu tio, Lionel de Antuépia, e filha mais velha de “Roger Mortirner, conde de March e herdeiro presuntivo de Ricardo II”. No entanto, quando Conisburgh foi executado em 1415 por traição, seu filho, Ricardo de York, também conhecido como Ricardo Plantageneta, tornou-se seu herdeiro.
Ricardo de York era uma dos homens mais respeitáveis da Inglaterra durante o século XV e se cercava de pessoas influentes e poderosas como Richard Neville, conde de Warwick, que mais tarde seria conhecido como o Fazedor de Reis (The Kingmaker).
A origem do conflito se deu a partir de uma crescente oposição por parte de Ricardo de York contra Henrique VI, neto de Henrique IV. Por ser filho do conde de Combridge e Anne Mortimer, Ricardo era descendente de Eduardo III tanto pelo lado materno quanto pelo lado paterno, o que dava a ele e a sua família uma pretensão ao trono maior ao da Casa Lancaster que o ocupava.
Henrique VI chegou ao trono ainda muito pequeno, quando era um bebê e sua reivindicação ao trono era defendida sobretudo por Edmund de Beufort, duque de Somerset, da Casa Lancaster, que através da pretensão de Henrique VI ao trono, monopolizava o poder desde 1451.
Henrique VI no entanto, ficou conhecido por seu desempenho fraco e inábil durante o seu reinado. Mentalmente instável, era conhecido por ter ataques de loucuras e por se comportar como uma marionete nas mãos de sua esposa, Margarida de Anjou e de seus ministros que pertenciam a Casa Beufort , fundada a partir de um herdeiro bastardo de John Gant, que conforme já mencionado, fundara a Casa Lancaster.
Como um agravante ao já contestado e conturbado reinado de Henrique VI, a Inglaterra saiu derrotada da Guerra dos Cem Anos (1337-1453) travada contra a França, o que lançou o país numa profunda crise política e econômica, fragilizando ainda mais o reinado de Henrique VI.
Após esse desastroso resultado, o rei Henrique VI teve um surto psicológico e precisou ser afastado por um tempo do trono e para assumi-lo os lordes indicaram o nome de Ricardo de York e assim pela primeira vez Ricardo tornou-se regente em março de 1454 sob o título de Lorde Protetor do Reino.
Uma das primeiras medidas feitas por Ricardo de York, além de tentar estabilizar o reino e rodear-se de aliados influentes, foi afastar do governo os ministros da Casa Beaufort, sobretudo Edmundo Beaufort, assim como a rainha consorte, Margarida de Anjou, que cada vez mais exercia influência sobre os Lancastres..
Contudo, Henrique VI retornou ao trono no ano seguinte, restabeleceu seus ministros, entre eles Edmund e sua rainha, e privou York do título de Lorde Protetor do Reino. As complicações do retorno de Henrique VI ao trono precipitaram as disputas e as levaram enfim para o confronto armado em 1455.
A primeira batalha, conhecida como a Batalha de St.Albans, resultou numa incontestável vitória de York que capturou o rei e depôs sua rainha. York foi novamente elevado a função de Protetor do Reino e as coisas se estabilizaram por um tempo, embora a questão da sucessão se constituísse como uma problemática, uma vez que se discutia se era Ricardo ou o filho de Henrique e Margarida, Eduardo de Westmister, que deveria assumir o trono.
A batalha de St.Albans
Os Lancastres comandados por Margarida de Anjou recomeçaram o conflito em 1459 que culminou posteriormente na Batalha de Wakefiel, já em 1460, marcando a morte de Ricardo York, seu segundo filho, Edmund e Salisbury, pai de Warwick. A cabeça de Ricardo foi exibida em York com uma coroa de papel.
Embora o exército Lancaster tenha recuperado Henrique durante a Segunda Batalha de St.Albans, não conseguiram ocupar Londres e tão pouco foi derrotada a pretensão York, já que seu filho mais velho, Eduardo, conde de March, foi proclamado rei Eduardo IV por suas tropas nas Marcas de Gales quando obteve uma vitória esmagadora e decisiva na Batalha de Towton, sendo oficialmente coroado rei em 1461 na Abadia de Westmister sob aclamações e festejo popular.
Uma vez no governo, Eduardo IV esteve no centro de uma série de desentendimentos, o mais notável deles, com o poderoso conde Warwick, cuja relação ficou extremamente estremecida quando Eduardo casou-se escondido com uma plebeia chamada Elizabeth Woodville, ao invés de casar-se com uma princesa francesa, arranjo que Warwick estrategicamente havia arrumado para ele.
Como consequência do desentendimento, Warwick tentou suplantar Eduardo por seu irmão mais novo, George, que secretamente havia se casado com sua filha mais velha, Isabel Neville e posteriormente mudou de lado na guerra ao se aliar a Margarida de Anjou – que estava refugiada na França – e casou sua filha mais nova, Anne Neville, com Edward de Westminster, visando restaurar Henrique VI.
A manobra possibilitou que O Fazedor de Reis recoloca-se os Lancastres no trono através de Henrique VI, mas em 1471 Eduardo IV obteve importantes vitórias. Primeiro em Barnet, que culminou com a morte de Richard Neville e depois em Tewkesbury que levou a morte do herdeiro da Casa Lancaster após a batalha, Edward de Westmister e a de seu pai, Henrique VI, na Torre de Londres, terminando com a linha direta da Casa Lancaster pela parte masculina.
O trono enfim parecia garantido para os Yorkes quando em 1483, o rei Eduardo IV morreu repentinamente. Seu testamento garantia seu irmão, Ricardo, duque de Gloucester, como regente do reino durante a minoridade do herdeiro de Eduardo, seu filho, Eduardo V. Contudo, para impedir que a família da rainha, os Woodville, tomassem conta do poder, Ricardo tomou o trono para si e foi nomeado rei com o nome de Ricardo III.
Ricardo III chegou ao trono através do Titulus Regius aprovado pelo Parlamento e usou a suspeita de legitimidade do casamento de Eduardo IV como justifica para sua pretensão, tornando seu sobrinhos bastardos. O príncipe herdeiro, Eduardo V e seu irmão, Ricardo de Shrewsbury foram ambos presos na Torre de Londres e desde então nunca mais foram vistos. Ficaram conhecido como os Príncipes da Torre.
No entanto, este impressionante e complexo fato histórico, sofreu nova reviravolta quando o distante e improvável Henrique Tudor, esboçou sua fraca pretensão ao trono inglês.
Árvore genealógica de Eduardo III a Henrique VII
Henrique Tudor era um parente distante dos Lancastres por parte materna. Sua mãe, Margaret Beaufort, fora bisneta de John de Gant e portanto trineta de Eduardo III. Sendo assim, Henrique herdara a alegação da mãe ao trono inglês.
Contando com uma série de apoios, inclusive do País de Gales (ligado a ele pela parte paterna), da França de Luís XI e da Casa Lancaster, Henrique Tudor reuniu um exercito e marchou contra Ricardo III. Embora Ricardo tivesse um exército superior, foi derrotado em agosto de 1485, na batalha de Bosworth Field, encerrando assim a Guerra das Duas Rosas.
Henrique foi coroado como Henrique VII em janeiro de 1486 e casou-se com uma sua prima de terceiro grau, Elizabeth de York, filha mais velha sobrevivente de Eduardo IV. O casamento selou a união das duas casas protagonistas da Guerra das Duas Rosas e originou o inicio da dinastia Tudor que durou 120 anos. “A transição para a dinastia Tudor também coincide com o fim da Idade Média e o início do Renascimento Inglês, onde se moldou a Inglaterra moderna.”
Em As Crônicas de Gelo e Fogo, a Guerra dos Cinco Reis foi um grande conflito bélico travado em diferente frentes em Westeros,entre os anos 298 d.C a 300 d.c (depois da conquista). Conforme o próprio nome sugere, cinco reis foram coroados durante o combate, nem todos pelos mesmos objetivos e motivos. Enquanto Stannis e Renly Baratheon disputavam com os Lannisters o Trono de Ferro, ocupado por Joffrey Baratheon, acusado de ser na verdade um bastardo Lannisters nascido do incesto entre os gêmeos Jaime e Cersei Lannister, a rainha consorte; Balon Greyjoy e Robb Stark envolveram-se na verdade numa luta pela separação de dois dos Sete Reinos que deviam obediência ao Trono de Ferro; as Ilhas de Ferro no caso de Balon Greyjoy e o Norte, no caso de Robb Stark.
O que nos interessa aqui não é esmiuçar todos os precedentes da Guerra, que podem ser traçados antes mesmo da morte de Robert Baratheon, cuja morte lançou o reino numa disputa sangrenta pelo trono de um lado e numa luta pela independência de partes do reino, de outro.
A Guerra dos Cinco Reis pode ser mapeada antes mesmo da Rebelião de Robert (ou do Usurpador conforme é conhecida pelos lealistas que lutaram pela Casa Targaryen, destronada durante a Rebelião) e nas pendencias que foram deixadas por ela ou em motivações anteriores a ela. Um exemplo é a Rebelião de Balon Greyjoy no ano de 289.dc, onde as Ilhas de Ferros já tinham por objetivo uma separação do Trono de Ferro mas foram sufocadas pelas forças da Coroa.
Portanto, a morte de Robert Baratheon, ou indo ainda mais além, de Aerys II, último rei da dinastia Targaryen, apenas lançou as bases dos confrontos que se seguiram, abrindo janelas de oportunidades para semear pendencias passadas. Porém, minha intenção com este artigo, não é adentrar na miríade de eventos complexos que foi a Guerra dos Cinco Reis, que bem podemos acompanhar assistindo as primeiras temporadas da série ou lendo os livros, onde ela parece, ainda que sob nova roupagem, prestes a ressurgir.
Minha intenção no entanto é analisar as referencias, analogias e inversões oriundas da Guerra das Duas Rosas, que Martin se utilizou para construir alguns dos personagens que estiveram no centro da guerra fictícia que abalou os 7 Reinos.
Ricardo II, Henrique IV: o caso de Aerys II e Robert Baratheon
Ricardo II foi o último rei da linha principal da poderosa dinastia Plantagenta, que reinou sobre a Inglaterra por mais de 300 anos. Da mesma forma, Aerys II foi o último rei da dinastia Targaryen, casa reinante que foi destronada muito perto de completar 300 anos dinástico.
O brasão de armas pessoal de Ricardo era um veado coroado conhecido como The White Heart, que pode ter servido de inspiração para os estandartes da Casa Baratheon ou até mesmo da Durrandon, casa do último Rei da Tempestade cujo sede era Ponta Tempestade, antigo castelo construído por Durran e atual sede da família Baratheon.
O reinado de Ricardo II durou cerca de 22 anos e foi muito conturbado, impopular, além de muito hostilizado pela nobreza e como Aerys II, Ricardo foi destronado por seu primo pelo lado materno, Henrique Bolingbroke, que ao tornar-se o primeiro rei de sua casa, os Lancastres, assim como Robert tornou-se o da sua, corou-se como Henrique IV.
Os reinados de maior duração: Plantagenetas, Targaryens e a guerra civil
Em ambos os universos, foram as Casas reinantes por um longo período, tendo em comum a duração de mais ou menos três séculos a frente do poder de seus reinos e em ambos os casos, os destronamentos de seus últimos reis lançaram as bases para a instabilidade que alimentaram as disputas geradas a partir do vácuo de um grande poder central que desaparecera com elas.
Além do mais, Targaryens e Plantagenetas fundaram dinastias vindos do outro lado mar e existiam lendas de que os Plantegenetas descendiam de demônios, em paralelo com os Targaryen cujo origem remonta a Antiga Valíria, além destes possuírem uma estreita relação com a magia através de seus dragões.
As reivindicações ao trono feitas pela Casa Lancaster e York advinham da dinastia Plantagenta, tal como a reivindicação de Robert, seus filhos com rainha consorte; a pretensão de seus irmãos, Stannis e Renly ao Trono de Ferro, remontam a Casa Targaryen, da qual pelo menos os irmãos Baratheon descendem dela pela linha paterna, através de Aegon V, o Improvável. Ao contrário de Eduardo III, que arranjou casamentos estratégicos para seus filhos, Aegon V ficou conhecido na história de Westeros, por permitir que seus filhos se casassem por amor, como ele mesmo havia feito.
Essa profunda relação entre Targaryens e Baratheons, está na verdade por trás de todos os conflitos que cercam o Trono de Ferro desde a queda dos Targaryens, o que coloca ambas as casas no verdadeiro centro das guerras civis que assolaram Westeros , ao invés de Starks e Lannisters (que até soa como York e Lancaster) conforme muitos leitores dos livros e telespectadores da série acreditam. O confronto entre as duas casas remontam a Guerra da Conquista, quando Aegon, o Conquistador, confrontou o último Rei da Tempestade, Argelic Durrandon, o Arrogante, ancestral da família Baratheon. Aegon I ainda foi o responsável por anexar inicialmente seis dos reinos de Westeros ao Trono de Ferro, primeira das causas por trás dos movimentos separatistas conduzidos mais tarde por Robb Stark e Balon Greyjoy.
Os reis loucos: Henrique VI e Aerys II
Ainda que Henrique VI tenha ficado conhecido na História da Inglaterra como o rei louco, ele não era exatamente louco no sentido literal, mas somente alguém fraco e despreparado para a função de rei, que não se sentia confortável com ela.
Aerys II, o rei louco
Aerys II por outro lado, é incansavelmente descrito como louco e cruel, embora nem sempre tenha sido assim. Sua obsessão por fogo, pode ser ainda uma menção a Henrique V, pai de Henrique VI, que teria dito uma vez que “a guerra sem fogo é como salsicha sem mostarda”
Henrique VI como um Lancaster, ainda descendia dos Plantagenetas, como Ricardo II, a quem historiadores mais antigos chamavam de insano, embora seja mais provável que Ricardo sofresse de distúrbio de personalidade. Tanto Plantagenetas (e seus descendentes) como os Targaryens de George R.R Martin, possuem um históricos de instabilidade mental na família.
Eduardo IV e Richard Neville: As inspirações para Robert Baratheon e Twyn Lannister
Como Robert, Eduardo IV preferia o martelo de guerra como sua principal arma de combate. E como Robert, Eduardo IV liderou uma revolta muito jovens contra parentes seus. Ambos eram homens grandes e fortes, são descritos como pessoas carismáticas e populares, que gostavam de uma bebedeira, de uma boa caçada e mulheres.
Ambos os reis morrerem precocemente, deixaram o reino numa crise profunda e conferiram a regência a seus irmãos. Ricardo no caso de Robert, e Ned, no caso de Robert, já que Ned era irmão de Robert por consideração.
Robert Baratheon e Eduardo IV
Mas ao contrário de Eduardo IV que foi contra todos para casar-se por amor, Robert perdeu Lyanna Stark a quem ele verdadeiramente amava e precisou amargar um casamento estratégico com Cersei Lannister.
E assim como Richard Neville, Twyn Lannister é descrito como o homem mais rico e mais influente dos Sete Reinos, sendo o verdadeiro nome por detrás do trono enquanto com ele estiveram envolvidos.
Ambos os homens foram crucias durante as guerras que participaram. O apoio de Neville aos Yorks garantiu que estes chegassem ao trono inglês e posteriormente que os Lancastres o tomasse de volta, assim como Twyn, que desempenhou importante papel em todas as guerras que participou, da Rebelião de Reyne-Tarbeck até a Guerra dos Cinco Reis , permitindo que Robert ascendesse ao trono ao trair os Targaryens e depois garantindo que Joffrey Baratheon permanecesse nele, mesmo quando era acusado de ser um bastardo Lannister.
Twyn Lannister e Richard Neville
Neste contexto ainda podemos citar Mance Tyrell, cuja família é representada por uma flor, que conforme vimos é uma característica simbólica dos Plantagenetas aos Tudors, ainda que os Tyrell assim como os Tarlys, seus vassalos, sejam as únicas entre as grandes casas de Westeros que nunca tiveram uma dinastia.
Como Twyn, Mance é um homem muito rico e poderoso, que foi de suma importância durante a Guerra dos Cinco Reis, primeiro por apoiar a pretensão de Renly Baratheon de quem ele era Mão e depois por juntar-se aos Lannisters contra a pretensão de Stannis Baratheon, futuramente tornando-se Mão do rei menino, Tommen Baratheon.
Tanto para Mance Tyrell, quanto Twyn Lannister e Richard Neville, o conde de Warwick, o casamento era entendido como uma verdadeira munição de estratégia política. Mance casou sua única filha, Margaery Tyrell, com três reis – Renly, Joffrey e Tommen – enquanto Twyn pretendia casar Cersei com Rhargar Targaryen, mas as circunstâncias o levaram a casá-la com Robert Baratheon. Ele ainda tentou casar Jaime Lannister com Lysa Tully e posteriormente casou Tyrion Lannister com Sansa Stark ao descobrir que Mance tensionava casar a menina com seu filho mais velho, Willas Tyrell, com quem Twyn pretendia casar Cersei depois que esta tornou-se viúva de Robert.
Tywin ainda é famoso pelo Saque de Porto Real e sua crueldade absoluta, Warwick em contrapartida, ganhou o apoio popular por suas exortações para “poupar o povo comum” nas batalhas, incluindo em uma quebra crucial de um cerco – que foi garantida por uma traição dentro das fileiras Lancastres.
Eduardo IV, Anne Neville: Robb e Sansa Stark e Joffrey Baratheon
Eduardo IV ainda guarda certa semelhança com Robb Stark. Como Robb, o rei casou-se por amor, indo contra um arranjo matrimonial estrategicamente arrumado para eles. A decisão de ambos enfraqueceu drasticamente sua base de aliados. Eduardo IV perdeu o apoio do poderoso conde de Warwick que mais tarde conspirou contra ele, enquanto o Jovem Lobo, comprou uma briga feia com os Freys, de quem era aliado. Eduardo não pagou com a sua vida, mas o Jovem Lobo sim, em mais uma inversão entre a vida real e a ficção.
Em ambos os casos, as esposas escolhidas por amor descendiam de baixo nascimento. Eduardo IV casou-se com a plebeia e ex Lancaster, Elizabeth Woodville; enquanto Robb Stark com Jeyne Westerling, que embora tenha nascido na nobreza, sua família não possui uma linhagem a altura das grandes casas de Westeros. A senhora Sybell Westerling, sua mãe, é uma Spicer por nascimento. É quem traz riqueza para a sua casa. Ela é a filha de uma família consideravelmente rica que descende de comerciantes. No entanto, os Westerling são rejeitados poque o seu patriarca se casou com uma ‘sem nome’ (que não possui uma rica linhagem sanguínea). Na série da HBO, o paralelo é ainda mais claro, já que Robb conhece Jeyne que foi transformada em Talissa Maegyr pelo show, quando esta trabalhava no campo de batalha socorrendo os feridos e moribundos, se passando por uma plebeia quando na verdade descendia de uma importante casa da cidade livre de Volantis, em Essos.
Elizabeth Woodville e Talissa Maegyr
Ambos possuíam mães que eram boas conselheiras, assumiram o controle de suas casas ainda jovens, tiveram pais que perderam a cabeça, irmãos que confiavam e que de certa forma os traíram – Theon no caso de Robb, seu irmão de consideração; e Ricardo no caso de Eduardo IV – e se a teoria sulista for mesmo verdadeira, avós homônimos que conspiraram para depor seus reis. A teoria sulista defende que todas as grandes casas de Westeros passaram de uma hora pra outra a formar alianças através de casamentos entre membros do Norte e do Sul do continente. Por exemplo, os nortenhos casaram por gerações entre eles mesmos, mas anos antes da Rebelião de Robert, começaram a casar com pessoas sulistas. Lyanna era prometida de Robert Baratheon e Brandon de Catelyn Tully que com sua morte casou-se com Eddad Stark. Esses arranjos matrimônios inusitados foram fundamentais do ponto de vista militar para depor os Targaryens do Trono de Ferro. Aerys II acreditava que havia uma grande conspiração contra ele, e talvez ele tivesse mesmo razão, ainda que fosse louco.
Sansa Stark e Anne Neville
Sansa Stark por sua vez, é a versão invertida de Anne Neville, filha herdeira de Warwick que casou-se aos 14 anos com Eduardo de Westminster como uma tentativa de manobra de Richard Neville para restaurar Henrique VI no trono inglês.
O jovem herdeiro de Henrique VI no entanto, era conhecido por seu comportamento sádico e por seu gosto mórbido por decapitações, numa clara referencia com Joffrey Baratheon, o sádico filho bastardo de Cersei Lannister, que ironicamente foi o responsável pela decapitação de Eddard Stark, pai de Sansa. Mas ao contrário de Anne Neville que casou-se com o herdeiro da casa Lancaster, Sansa não chegou a casar-se com Joffrey, mas sim com Tyrion Lannister, que como outros personagens de George Martin, guarda certa semelhança com Ricardo III, como quem Anne casou-se posteriormente.
Eduardo de Westminster e Joffrey Baratheon
Lordes Protetores do reino: Ricardo de Glaucester, Eddard Stark e Tyrion Lannister
Com a morte precoce de Eduardo IV, seu irmão, Ricardo de Glaucester, assumiu a regência sob o título de Lorde Protetor do Reino a partir do testamento deixado pelo rei falecido.
Para livrar o trono da ambição da família da rainha, os Woodvile, Ricardo tomou o trono para si baseando-se nos boatos sobre a legitimidade dos filhos de Elizabeth Woodvile com Eduardo IV. Considerados bastardos, os príncipes foram presos na Torre de Londres e nunca mais foram vistos. Segundo algumas interpretações historiográficas, Ricardo III assassinara seus sobrinhos como uma maneira de garantir o trono inglês.
Ned Stark por sua vez, cresceu sendo considerado um irmão por Robert Baratheon que em seu leito de morte, o nomeou como regente e Senhor Protetor do Reino. Mas inversamente a Ricardo, ao descobrir a ilegitimidade dos filhos de Cersei, que neste caso era mesmo verdade, Ned decide revelar a verdade mas também tenta negociar com Cersei para garantir a segurança das crianças. O resultado disso nós já sabemos, Eddard morre, mas tenho que dizer que Ricardo III não, pelo menos não exatamente por isso.
Ned Stark e Ricardo III
Tyrion Lannister é outro personagem que ecoa um pouco Ricardo III. Ele era o irmão mais novo de Eduardo IV e cresceu sobre a sombra de seu glorioso irmão mais velho. Dizem que nasceu deformado com uma corcunda, seu reinado durou dois anos e ele foi extremamente diabolizado pela história britânica, sob as suspeitas de ter matado os seus sobrinhos tal como Tyrion foi acusado de ter matado Joffrey.
Tyrion cresceu sendo ofuscado por Jaime Lannister e quando assumiu a função de Mão do Rei, naquele momento agindo como uma espécie de Protetor do Reino, ele era também extremamente diabolizado por nobres e pebleus, mesmo quando fazia de tudo para proteger Porto Real.
Ricardo III morreu em campo, ao ser desafiado por Henrique Tudor que reivindicava para si o trono. Na Batalha da Água Negra contra Stannis Baratheon que lutava pelo Trono de Ferro, Tyrion também quase morreu em campo, sendo salvo por um triz.
“As ”Rainhas Más”: Cersei Lannister, Margarida de Anjou e Elizabeth Woodville
Elizabeth Woodville era a Rainha consorte – a primeira a ter tido um cerimônia de coroação – de Eduardo e usou de sua posição para ganhar e acumular um poder excessivo para si e sua família, assim como Cersei faz. No entanto, Eduardo IV se casa com Elizabeth por amor, desperdiçando oportunidades de estabelecer alianças; Robert casa-se com Cersei por uma aliança, sabendo que ali nunca haveria amor. Elizabeth era de uma família de plebeus, enquanto Cersei é da mais poderosa Casa não monarca dos Sete Reinos. Tanto Elizabeth quanto Cersei tem seus filhos – herdeiros do trono – acusados de serem ilegítimos, no caso de Elizabeth provavelmente não era verdade, mas a mentira prevaleceu, no caso de Cersei certamente era verdade, mas a mentira mais uma vez prevaleceu.
Cersei e Elizabeth Woodville
Como Cersei, Elizabeth era extremamente sedutora, com gelados olhos azuis e longos cabelos dourados. Cersei é retratada nos livros como uma das mais lindas mulheres de todos os Sete Reinos, Elizabeth Woodville era descrita por contemporâneos como “a mais bela mulher na ilha da Grã-Bretanha”.
Cersei vai a extremos para proteger a ascensão de seus filhos, em paralelo a Margarida de Anjou, cujo filho, Edward de Westminster, foi também acusado de ser ilegítimo, mas enquanto a última foi a esposa do rei Lancaster Henrique VI e liderou seus exércitos na guerra; Cersei é a esposa de Robert – Baratheon em paralelo aos York – e prefere usar a manipulação e as promessas de favores sexuais para conseguir o que quer.
O filho de Margarida, também chamado de Edward de Lancaster, se assemelha claramente ao primogênito de Cersei, Joffrey Baratheon. Edward de Westminster era um jovem sádico e obcecado por decapitações e que, como Joffrey, rejeitou os pedidos de misericórdia de prisioneiros que foram executados. Edward também enfrentou boatos questionando sua legitimidade. Mais uma vez, no entanto, a ironia: Joffrey era o herdeiro Baratheon – York -, enquanto Eduardo era o herdeiro Lancaster.”
Texto original: História de Gelo e Fogo
“Entre Dragões, Bastardos, Beauforts e Blackfyres: A Ascensão de Jovem Griff
Apesar de Henrique VII ser conhecido por ter criado um novo estandarte para sua Casa unindo as rosas de Lancaster e de York, seu brasão de armas pessoal – que, inclusive, ele usou na Batalha de Bosworth Field – ostentava o Welsh Dragon devido as suas ligações com o País de Gales pela linha paterna, a família Tudor de Penmynydd. Além disso, por motivos políticos, ele se apresentava aos galeses como o cumprimento da profecia do Mab Darogan – o Filho Destinado ou Profetizado, o Filho do Destino -, uma figura messiânica da mitologia galesa que expulsaria os ingleses para fora da Grã-Bretanha e a recuperaria para os seus habitantes originais, os celtas.
Henrique Tudor, como já dito anteriormente, tinha uma pretensão ao trono muito fraca, e além disso, descendia de bastardos pela linha materna. Muitos fãs e leitores de ASOIAF e de GOT teorizam sobre quem irá ficar no Trono de Ferro no fim da história, e há um grupo entre estes especuladores que baseando-se em referências, analogias e paralelos com a história real afirmam que será Daenerys, ou mesmo Jon Snow.
Martin já negou veementemente inúmeras vezes que seguirá um roteiro igual ou similar ao da Guerra das Rosas ou de qualquer outro período ou acontecimento histórico real, ele diz que usa a história de modo vago, que mistura e combina aspectos e elementos díspares, de vários eventos, personagens e fatos históricos, que não existe uma correspondência exata entre fatos, acontecimentos e personagens históricos reais e de seu universo fantástico.
Não obstante, o que há na história de seu mundo são inúmeras referências, inversões – como provei ou tentei provar, ao menos – e analogias possíveis. Hipoteticamente, como forma de continuar especulando, usando o caso da fraca porém bem sucedida pretensão de Henrique VII como destaque e exemplo, podemos constatar que nem Daenerys tampouco Jon Snow – que nunca se importou ou teve interesse pela guerra pelo trono, pretensões e etc – mas o recém-revelado Jovem Griff, como um Blackfyre – apoio essa teoria -, é um candidato provável a ocupar o Trono de Ferro no fim.
o Jovem Griff e Jon Connington
Vamos supor que o Jovem Griff é realmente um Blackfyre por descendência feminina. Ele é o filho de Illyrio Mopatis, Magíster de Pentos, e sua segunda e falecida esposa, a lisena Serra, que tinha fama de ter características Targaryen, incluindo cabelos dourados com listras de prata. Assim, quando a linha masculina Blackfyre morreu com Maelys, o Monstruoso na Guerra dos Reis de Nove Moedas, somente a linha feminina permaneceu. Destarte, a ascendência de Jovem Griff partilha traços semelhantes a de Henrique Tudor.
A pretensão deste ao trono não apenas era derivada de sua mãe, mas também através de nascimentos ilegítimos posteriormente legitimados. Seu antepassado era John de Gant, o terceiro filho de Eduardo III. John de Gant teve quatro filhos com sua amante Katherine Swynford antes de se casarem, tornando-os tecnicamente ilegítimos. Ricardo II, sobrinho de John de Gant, os legitimou. No entanto, quando o filho de John de Gant com sua primeira esposa, Henrique IV, subiu ao trono, ele defendeu a legitimidade de seus meio-irmãos, mas os excluiu da linha de sucessão por decreto.
A pretensão de Henrique Tudor vinha de sua mãe, Margaret Beaufort, que era neta de John Beaufort, um dos filhos de John de Gant e Katherine Swynford. Portanto, em termos de reivindicações, vemos circunstâncias semelhantes entre Henrique Tudor e Jovem Griff. Ambas advém de bastardos legitimados, que foram excluídos da sucessão – pelo fracasso da Primeira Rebelião Blackfyre no caso do segundo, e por decreto real no caso do primeiro – e ambos derivam sua reivindicação de suas mães.
No entanto, há mais semelhanças, e elas também chegam aos seus oponentes – ou prováveis oponentes, no caso do Jovem Griff. Muitos apontam as similaridades entre Ricardo III e Stannis Baratheon. Ambos são extremamente fiéis e leais às suas famílias e à seus irmãos mais velhos, ambos matam seus outros irmãos que os traíram – George, duque de Clarence e Renly, de acordo com a historiografia tradicional, no caso de Ricardo – e após a morte de seus reis, eles alegam publicamente a ilegitimidade de seus sobrinhos. Ambos são sábios legisladores, governantes justos e cumpridores de seus deveres – o lema pessoal de Ricardo era ”Loyaulté me lie, Loyalty binds me.”
Stannis Baratheon e Ricardo III
Quando Henrique Tudor passou a reivindicar o trono da Inglaterra, muito de seu sucesso devia-se ao fato de não haver mais candidatos Lancasters masculinos. Em cima disso, a família de sua mãe, a Casa de Beaufort, tinha recentemente sido extinta na linha masculina no campo de batalha, deixando assim nenhum outro Beaufort masculino descendente de John de Gant e Eduardo III além de Henrique.
Mas enquanto Henrique VII não foi moldado para governar, sua vida antes de reinar foi a de um refugiado e fugitivo, e foi auxiliado em seu governo por sua mãe, sua esposa e conselheiros, Jovem Griff teve a educação de um príncipe, foi moldado para reinar, como Varys descreve a Kevan:
”Aegon tem sido moldado para governar desde antes que pudesse andar. Foi treinado em armas, como convém a um cavaleiro, Mas esse não foi o fim de sua educação. Ele lê e escreve, fala diversas línguas, estudou história, leis e poesia. Uma septã o instruiu nos mistérios da Fé desde que teve idade suficiente para entendê-los. Viveu com pescadores, trabalhou com as próprias mãos, nadou em rios, remendou redes e aprendeu a lavar as próprias roupas na necessidade. Ele consegue pescar, cozinhar e curar uma ferida, sabe como é sentir fome, ser caçado, sentir medo. Tommen tem sido ensinado que a realeza é o direito dele. Aegon sabe que a realeza é seu dever, que um rei deve colocar seu povo em primeiro lugar, e viver e governar para eles. ” – A Dança dos Dragões, Epílogo.
Martin afirmou que vários pretendentes ocuparão o trono antes do fim, certamente Jovem Griff será um deles, como um Blackfyre sem ter consciência da verdadeira identidade e sendo apresentado a todos os Sete Reinos como o filho herdeiro de Rhaegar, provavelmente ele conquistará as graças do povo e ganhará apoio da maior parte dos lordes de Westeros, tanto de Dorne dos Martell, ligada ao pretendente pela crença dele ser o filho de Elia, quanto da Campina dos Tyrell, que com a morte de Kevan e a possibilidade de Cersei vencer seu julgamento terão que se virar para ele em sua busca por poder. E é daí que surgem Arianne e Margaery como opções de um casamento político, exercendo o mesmo papel que Elizabeth de York na história britânica.
Porém, há mais um fator decisivo nesse enredo, que pode definir os rumos da luta pelo trono: a Fé dos Sete reerguida ao poder pelo popular novo Alto Septão, que conseguiu restabelecer as famosas ordens da estrela e da espada antes extintas por Maegor. No quarto livro, em um diálogo com Cersei, ele mostra que a Fé terá um papel extremamente importante no futuro, citando a Guerra da Conquista e a coroação de Aegon I:
”Há trezentos anos, quando Aegon, o Dragão, desembarcou no sopé desta mesma colina, o Alto Septão trancou-se no interior do Septo Estrelado de Vilavelha e rezou durante sete dias e sete noites, sem ingerir nada além de pão e água. Quando saiu, anunciou que a Fé não se oporia a Aegon e às irmãs, pois a Velha erguera a sua lanterna e lhe mostrara o caminho adiante. Se Vilavelha pegasse em armas contra o Dragão, Vilavelha arderia, e Torralta, Cidadela e o Septo Estrelado seriam derrubados e destruídos. Lorde Hightower era um homem devoto. Quando ouviu a profecia, manteve as suas forças em casa e abriu os portões da cidade a Aegon quando ele chegou. E Sua Alta Santidade ungiu o Conquistador com os sete óleos. ” – O Festim dos Corvos, Cersei VI.
Devido a tendência da saga em seguir um padrão cíclico da história – ”a história é uma roda, pois a natureza do homem é fundamentalmente imutável. O que aconteceu antes irá forçosamente voltar a acontecer” – é provável que o Alto Pardal se decida por coroar Jovem Griff em pleno Septo de Baelor, ele é novo Aegon, Aegon VI, e a Fé exercendo um papel importante na trama era algo que devíamos esperar, sendo análoga a Igreja Católica, que sempre coroava e destronava reis no período medieval, mas não atuando decisivamente desde o fim da Revolta da Fé Militante, ela finalmente ressurge ao palco do jogo sob uma liderança forte, enérgica e reformista, se colocando acima da autoridade do Trono de Ferro – que parou de cumprir a promessa de Jaehaerys I de a defender -, e não como subordinada. Também creio ser possível que o Alto Pardal convoque uma ”Cruzada” contra o Norte se Stannis vier a vencer a batalha contra os Boltons, o que seria bem interessante.
Assim como o Jovem Griff, Henrique Tudor viveu grande parte de sua vida do outro lado do Mar Estreito… ou melhor, no caso deste, do Canal Inglês, em exílio, no caso do Jovem Griff em Essos, nas Cidades Livres, entre exilados e descendente de exilados westerosi e líderes e soldados de companhias mercenárias, no de Henrique na Bretanha e na França, onde ele conseguiu suprimentos, mercenários franceses e soldados Lancastres leais e atravessou o canal para tentar uma invasão rápida, como recentemente o Jovem Griff fez com o apoio da célebre Companhia Dourada, desembarcando no Sul de Westeros. E ambos contam com aliados e conselheiros proeminentes, ambos refugiados, que os criaram como filhos no exílio: o ex-Mão do Rei Jon Connington no caso do Blackfyre, e Jasper Tudor, duque de Bedford, no caso de Henrique.
Alguns dos detalhes mais importantes:
- Ambos, Jovem Griff e Henrique Tudor, têm pretensões ao trono derivadas de sua mães e de bastardos legitimados.
- Ambos viveram no exílio do outro lado de mares estreitos e reuniram suprimentos e tropas de legalistas necessários para uma invasão.
- Tem por principais aliados e conselheiros refugiados e exilados que os criaram como filhos, Jon Connington do lado do Jovem Griff, e Jasper Tudor do lado do futuro Henrique VII.
- Casa de Beaufort = Casa Blackfyre, ambos os nomes soam foneticamente semelhantes e ambas as Casas são historicamente similares.
- Entre seus opositores se incluem Stannis Barathon/Ricardo III.
Diante de tudo isso, é bastante provável que nas páginas do sexto livro veremos a causa do protegido de Varys e Illyrio – a semelhança de Henrique VII, protegido de Margaret Beaufort e Thomas Stanley – triunfar, a pergunta a ser feita é se esse triunfo, com de Dorne, da Campina e principalmente da Fé, será duradouro, como o do primeiro rei Tudor, ou apenas temporário.”
Texto original: História de Gelo e Fogo
Fontes: História de Gelo e Fogo, Fatos Desconhecidos e Amino Game of Thrones.
No responses yet