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Faz alguma semana já que terminei a leitura do livro “Se eu ficar”, já resenhando aqui no blog. Assim que terminei a leitura busquei na internet o filme (R. J. Cutler) para assistir. Agora, resolvi expor aqui no blog uma análise um pouquinho crítica dos principais pontos entre o livro e o filme , por isso já vou avisando que você vai encontrar muitos spoilers pela frente.

Mas antes de começar, gostaria de dizer que achei a adaptação do livro para o cinema bem concisa, dentro dos parâmetros aceitáveis para um obra cinematográfica, tendo em vista que literatura e cinema são ambas artes, mas artes distintas, que se utilizam de meios e ferramentas diferentes para se comunicar.

Eu particularmente prefiro a arte das palavras escritas, mas amo cinema, e achei que a adaptação da obra de Gayle Forman foi agridoce no quesito fidelidade. Fiel e infiel em determinados pontos, mas nada muito revoltante.

Pra ficar mais fácil, separei a análise em dez pontos que mereceram destaques. Vamos a eles!

Spoiler Spoiler Spoiler Spoiler Spoiler Spoiler Spoiler Spoiler Spoiler 

1- Mia

Acho que Chloë Grace Moretz conseguiu encarnar bem a personagem. Ela foi exatamente o que eu imaginei como Mia,apesar dos cabelos claros demais, coff coff. Foi fofa, meiga e chatinha como a Mia.

O legal foi que ela aprendeu a tocar violoncelo de verdade, o que achei algo importante pois isso é essencial para se entender a personagem e foi um ponto alto na atuação da atriz.

O irritante mesmo era vê-la correndo de um lado para um outro no hospital, enquanto estava em seu modo espiritual. No filme isso acontece porque seu irmão e seu pai são levados para o mesmo hospital que ela, o que não acontece no livro. No original seu pai morre na cena do acidente e Teddy (Jakob Davies) fica em um hospital diferente.

2 – O acidente

Foi uma das coisas que mais me deixou decepcionada com o filme. No livro, o acidente que muda para sempre a vida de Mia foi muito mais grave, impactante e sangrento. No filme ele foi super amenizado, talvez pela faixa etária de doze anos, e infelizmente mal vemos sangue e nada para se chocar.

3 – Os pais de Mia

Doidos. Assim como no livro. Meirelle Enos (Kat Hall) e Joshua Leonard (Denny Hall), ficaram muito bons nos papeis de velhos punks aposentados e pais de Mia e Teddy. Queria ter pais assim!

4 –  Mia e família

Quem leu o livro sabe o quanto ele se apoia na carga familiar de Mia, quase que integralmente. Somos testemunhas de vários momentos engraçados e comoventes entre a família Hall. O lado romântico até existe, mas acaba ficando em segundo plano pois é a família de Mia a grande protagonista de “Seu eu ficar”, até mais do que a tragédia em si.

Pois bem. No filme, digamos que por uma tendencia de mercado, a polaridade de interesses deu uma invertida. A força da família de Mia até existe, mas discretamente ela caiu para segundo plano pois o romance dela com Adam ganhou muito mais ênfase nos cinemas. Se você leu o livro, pode assimilar isso bem, se não leu, vai entender o que eu estou falando se pegá-lo para ler.

5- Mia e Adam

Devido a mudança de polaridade que falei à cima, o relacionamento entre os dois tornou-se muito mais dinâmico. Eles brigam mais e estão até separados quando o filme começa, o que não acontece nem em sonho no livro. O filme é recheado com ceninhas clichês entre eles, mas que achamos super fofas. Se você adorou o lance da abelha, vai ficar triste em saber que no livro é o pai da Mia quem chupa a mão do Adam para tirar o ferrão da abelha, o que é bem engraçado.

6- Adam

Devido ao quase não uso de Adam no livro, eu não consegui me simpatizar muito com ele de primeira vez. A simpátia veio com o tempo, na continuação “Para Onde ela Foi”. Mas achei importante dedicar um espaço para esse personagem, interpretado por Jamie Blackley.

Assim como Chloë, Jamie também precisou cantar e tocar para incorporar o personagem, o que achei legal embora não tenha curtido muito a atuação dele. Mas o que quero expor, é que na minha opinião, o personagem Adam foi um dos que mais sofreu com adaptação do livro para o cinema. Seu lado familiar foi completamente desconstruído e o que foi posto no filme foi apenas a imagem de um roqueiro com sérios dramas familiar. Isso me incomodou bastante. Até mesmo porque Adam é um personagem bem normal, com pais normais e que se tornou um roqueiro talentoso porque seu pai teve a iniciativa de presenteá-lo com uma guitarra quando ele tinha 12 anos de idade. ( Para onde ela Foi).

Você pode até pensar: Ah, mas os pais de Adam quase não aparecem e são irrelevantes para a trama.

Pois aí é que tá. Não precisava meter também aquela de pai alcoólatra e brigão. Essa é velha né gente! Acho que isso só serviu para descaracterizar muito o personagem ao invés de cativar. Decidir ir por este caminho acabou per redefinir a personalidade do namoradinho da Mia.

7- Kim

Outra que sofreu bastante com as mudanças. Não me lembro se ficou especificado que o sonho de Kim (Sarah Grey) era ser fotografa profissional, embora em suas primeiras cenas ela apareça com uma câmera fotográfica nas mãos. A tensão entre ela e Adam também não ficou muito clara (No livro, Adam não dá a mínima para as amigas da Mia, o que é motivo de fortes contendas entre os dois). O fato dela ser judia também não é mencionado (axo), nem sua mãe super protetora e histérica, também não fica claro a mania dela e Mia separarem as coisas por categorias e infelizmente a briga épica entre as duas na infância não teve espaço em Hollywood.

8 – A música

Umas das coisas mais legais no livro é a atmosfera musical, o amor do personagem pela música e isso ficou muito legal e presente no filme. Um dos pontos mais alto.

9 – Shooting Star

No filme, devido a direitos autorais, a Shooting Star, nome horrível, passou a se chamar Willamette Stone, com cinco integrantes (quatro músicos de verdade) ao invés dos quatro que formam a banda no original (Adam, Liz, Mike e Fitzy). Seis músicas compostas pela Willamette Stone fazem parte da trilha sonora original do filme.

10 – A bateria

A história da bateria de Denny, contada a Mia em coma pelo avô é uma das coisas mais comoventes do filme. Acho que foi o único momento que chorei de verdade .

Até então, Mia achava que seu pai havia tomado tino na vida após o nascimento de Teddy, por isso que em um dos momentos mais triste do filme, uma revelação de seu avô pega a todos nós de surpresa.

Vovô Hall conta a garota moribunda que seu filho vendeu a bateria, que encerrou sua carreira como punk, porque usou o dinheiro da batera para comprar o primeiro violoncelo dela. Isso me fez chorar bem. Foi uma sacada muito boa no filme, embora no livro não seja assim.

A bateria ainda existe no lar dos Halls, e foi dada a Teddy, como herança, ou uma esperança de que o menino honrasse a vertente rock’n roll da família já que Mia pendeu para o lado clássico da música.

E Denny,  realmente tomou tino na vida quando Teddy nasceu. Tendo mais uma boca pra sustentar, ele largou a banda, foi estudar e virou professor de inglês. As passagens no livro em que a saída dele da banda é explicada é bem emocionante também, embora perca de longe para a versão do filme!

É isso, espero que tenham gostado. Estava um tempo sem escrever aqui então resolvi improvisar na madrugada 😉

Mione Le Fay é carioca, formada em Jornalismo. Escritora, professora de informática, apresentadora e produtora de eventos. Apaixonada por livros e fotografias, encontra nesses nessas duas artes uma forma de mostrar tudo o que existe em seu mundo.

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