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Com o anúncio de que GOT só volta no ano que vem, eu resolvi secar minhas lágrimas escrevendo um pouco sobre o fantástico e inteligente mundo que George R.R. Martin criou. Pra começar então, eu escolhi falar de dois personagens muito populares de As Crônicas de Fogo e Gelo e muito caros a obra, Jon Snow e Daenerys Targaryen, mas especificamente sobre jonerys, como é conhecido a união romântica entre os dois. Um outro motivo, é que não se encontra (pelo menos eu não encontrei) posts assim falando sobre um relacionamento entre os dois. A maioria ou fala com certo desdém ou passa muito longe da análise adequada, fazendo parecer que o casal seja uma coisa isolada da série. O que parece não ser verdade.

Eu sinceramente não acredito que David Benioff e Dan Weiss desperdiçariam uma temporada inteira para construir uma relação entre Jon e Daenerys se ela não fosse realmente importante para o desfecho final. O mais curioso é que essa relação na verdade vem sendo costuradas desde o primeiro episódio da primeira temporada, através de cenas e diálogos incrivelmente parecidos num momento em que a série seguia rigorosamente o desenvolvimento dos livros.

Então para melhor compreender a construção da relação que vimos durante a sétima temporada, eu me voltei para As Crônicas de Gelo e Fogo, e percebi em minha análise o quanto Jon e Daenerys são cercados por simbolismos que indireta ou diretamente podem sim ser uma silenciosa menção a  um e  a outro.

Eu busquei olhar as passagens dos dois em conjunto, levando em consideração o que já aconteceu, o que resta e o que falta hoje no enredo, que estacionou no quinto livro da série, A Dança dos Dragões. Para tanto me utilizo de várias citações retiradas dos povs dos dois, interpretações encontradas em fóruns e minhas próprias especulações, e para fazer justiça a série, usei uma série de imagens para ilustrar os paralelos entre os dois personagens e mostrar que sim, sempre esteve lá. Eu sei que ficou um pouco grande, mais muito mais pelas imagens e citações do que pelo texto em si.  Então vamos ao resultado:

edit: as imagens estão como gif, então dependendo da sua conexão eles podem não carregar corretamente.

Contém spoilers dos livros e da série

Infância

Ambos perderam o pai antes do nascimento e a mãe depois do parto.

Tanto Jon quanto Daenerys foi afastado do seu lugar de nascimento, por questão de sobrevivencia. Ele foi levado para Winterfell para viver sua vida como um bastardo e Daenerys para Essos, para viver como uma exilada.

E um dos maiores contrapontos entre os dois personagens é a relação de ambos com um lar. Daenerys cresceu sem um lar, mas carregando o nome de uma das maiores dinastia que o mundo já conheceu. Jon cresceu sem um nome, mas dentro de um lar, Winterfell. Esse paradoxo é algo que molda de maneira profunda a personalidade de ambos os personagens e está por trás de suas maiores motivações.

Importante dizer também que ambos tiveram uma infância um tanto que difícil e familiares com quem se desentendiam. Jon teve Sansa e Theon E ainda precisou conviver com a fria reprovação de Cat Stark.  Daenerys teve Viserys, que todos concordamos que vale pelos três espantalhos de Jon hehhe.

Se eu olhar pra trás, estou perdida.

Você não sabe de nada, Jon Snow.

O dragão e o lobo

Ambos ganham bichinhos fofineos e mortais praticamente ao mesmo tempo e possuem uma forte conexão com eles.

E sabe o que é mais engraçado, ambos negam parte dessa conexão, mais uma vez praticamente ao mesmo tempo. Em A Dança dos Dragões, quinto livro de As Cônicas de Gelo e Fogo, Jon nitidamente entende e rejeita suas habilidades de troca pele, enquanto Daenerys se coloca em grande perigo por ser afastar de seus dragões. Fantasma é o maior dos lobos gigantes, assim como Drogon é o maior dos três dragões.

O gosto de sangue quente encheu a boca de Jon, ele soube que Fantasma matara aquela noite. Não, pensou. Sou um homem, não um lobo. Esfregou a boca com  a mão enluvada e cuspiu. (Jon, A Dança dos Dragões, pág 129)

Mãe de dragões, Daenerys pensou. Mãe de monstros. O que eu desencadeei sobre o mundo?Sou uma rainha, mas meu trono é feito de ossos queimados e repousa sobre areia movediça. Sem os dragões, como poderia esperar manter Meereen e muito menos retomar Westeros?Sou do Sangue do dragão, ela pensou. Se eles são monstros, eu também sou. (Daenerys, A Dança dos Dragões, pág 142)

  

Durante A dança dos dragões, após um processo progressivo, vemos tanto Daenerys quanto Jon rejeitando os deveres atribuídos pelos papeis que eles assumiram. Daenerys finalmente assume seu lado dragão e aceita o lema de sua casa “fogo e sangue”. Enquanto Jon, vive uma intensa crise de inidentidade, ao final finalmente aceitando Winterfell ao invés de seus votos para com a Patrulha. Em O Vento dos Invernos, finalmente veremos este personagem aceitando sua natureza warg, lobo, da mesma forma que Daenerys escolheu o dragão que existe dentro dela ao final do quinto livro.

Quando finalmente baixou a pena, o quarto estava escuro e gelado, e ele podia sentir as paredes se fechando. Pousado sobre a janela, o corvo do Velho Urso olhava para ele com astutos olhos negros. Meu último amigo, Jon pensou com tristeza. E é melhor que eu sobreviva a você, ou você vai queimar meu rosto também. Fantasma não contava. Fantasma era mais próximo do que um amigo. Fantasma era parte dele. (Jon; A Dança dos Dragões, pág 131)

O dragão deu um último silvo e deitou-se sobre a barriga. Sangue negro fluía da ferida feita pela lança, soltando fumaça onde pingava nas areias queimadas. Ele é fogo feito carne, ela pensou, e eu também. (Daenerys, A Dança dos Dragões. 594).

A Jornada

Ambos embarcam ao mesmo tempo em jornadas que foram definidas em banquetes. No banquete em Winterfell, Jon decide ir para a Muralha. Enquanto a partir de seu casamento com Khal Drogo, Daenerys inicia sua longa caminhada por Essos.

Ambos foram profundamente transformados pela jornada e de certa forma, estão exilados do jogo dos tronos, vivendo experiencias próprias, participando dele muito indiretamente. Daenerys do outro lado do mar estreito e Jon na Patrulha da Noite. Ele ficando a par do verdadeiro perigo e unindo pessoas, de um modo muito parecido com Daenerys que além de trazer os dragões de volta a vida, reúne em torno de si diferentes povos e motivações.

E novamente de um jeito muito parecido, ambos estão em jornadas que devem ser analisadas para além do potencial dos personagens dentro do enredo. Jon e Daenerys embarcam numa jornada de descobrimento…descobrimento de quem eles realmente são e de uma procura por um lugar no mundo. Jon partiu para Muralha pois sentia que não existia lugar para ele no mundo, em Winterfell. Daenerys aonde quer que chegue, é tratada e se sente como uma estrangeira e sabe que ainda não encontrou seu lugar no mundo.

Abandonados a própria sorte

Ambos se sentiram abandonados e solitários perante o destino que tomaram. Daenerys vendida para Kahl Drogo e Jon recluso na distante  Muralha de gelo, sem que aparentemente ninguém se importasse com a escolha deles.

Ambos precisaram adaptar-se ao meio que estavam para sobreviver e com o tempo passaram a gostar dele.

Ao final do primeiro livro no entanto, Daenerys perdeu Drogo e o filho, enquanto Jon perdeu Ned Stark. Todos eles pessoas que amavam. Um pouco antes disso, os dois perderam pessoas próximas que os levaram/acompanharam no início da jornada,  Daenerys perdeu seu irmão, Viserys, e Jon, perdeu seu tio Benjen Stark, que nunca voltou de uma patrulha.

O dragão tem três cabeças

O Dragão tem três cabeças. Há no mundo dois homens em que posso confiar, se conseguir encontrá-los. Então já não estarei só. Seremos três contra o mundo, como Aegon e as irmãs. (Daenerys, A Tormenta de Espadas, pág 732)

Ainda que apenas a série tenha confirmando a teoria R+L = J, é quase uma verdade entre os fãs que Jon Snow é parte Targaryen. Filho de Lyanna Stark e Raeghar Targaryen. Isso significaria então que ele e Daenerys compartilhariam do mesmo sangue e que portanto, Jon possa ser uma das cabeças de dragão que Daenerys espera encontrar. Enquanto ela espera sem saber por alguém que pode ser ele, Jon cada vez mais se pega pensando em dragões. Seja ele de gelo ou feitos de carne e fogo:

Não, essas outras velas…. do extremo oriente talvez…ouvem-se estranhas histórias sobre dragões.
–  Poderíamos ter um aqui. Um dragão poderia aquecer um pouco as coisas. (Jon: A Dança dos Dragões pág 498)

Existem muitas teorias sobre as três cabeças de dragão, a mais forte dela é a de que seria Dany, Jon e Tyrion, que na verdade seria outro bastardo Targaryen, filho de Aerys II, o pai de Daenerys, com Joanna Lannister. E os três seriam Azor Ahai renascido.

Uma bruxa da floresta disse ao rei Jaehaerys II, que o Príncipe Prometido nasceria de sua linhagem. Jaehaerys é avô de Rhaegar, Viserys e Daenerys e pai de Aerys II. O símbolo da casa Targaryen é um dragão de três cabeças e sendo um Targaryen o Azor Ahai renascido, talvez ele seja três e não uma pessoa conforme se acredita. O que explicaria a profética frase”O dragão tem três cabeças” e os três dragões de Daenerys, e o fato de que mais de uma pessoa aparentemente cumpre (cumpriu ou pode cumprir) a profecia do Azor Ahai (o Príncipe Prometido). É sabido que Dany só pode montar um dos dragões, sobrando então dois deles.

Por meistre Aemon, ficamos sabendo que Targaryen que é Targaryen vira e mexe sonha com dragões, foi assim com Daenerys e é assim com Tyron que é aficionado por Dragões (embora isso não signifique que ele seja de fato um Targaryen). Jon Snow nunca sonhou, embora claramente ele pareça ter sonhos proféticos como Daenerys, mas dragões parecem estar sempre na ponta da língua do rapaz.

– Monstro?

–  Seu nome de leite. Tenho que chamá-lo de alguma coisa. Assegure-se de que esteja protegido e aquecido. Pelo bem da mãe dele, e pelo meu. E o mantenha longe da mulher vermelha. Ela sabe quem ele é. Ela vê coisas nas chamas.

Arya, ele pensou, esperando que fosse assim.

–  Cinzas e brasas.

–  Reis e dragões.

Dragões novamente. Por um momento, Jon quase os viu também, serpenteando na noite, suas sombras escuras delineadas contra um mar em chamas. – (Jon; A Dança dos Dragões, pág 441)

A neve estava leve, uma dispersão fina de flocos dançando no ar, mas o vento soprava do leste pela Muralha, frio como a respiração do dragão de gelo das histórias que a Velha Ama costumava contar. (Cap. Jon; A Dança dos Dragões; pág 550)

Devíamos ter vinte trabucos, e não dois, e eles deviam estar montados em trenós e bases rotativas para podermos movê-los. Era um pensamento fútil. Podia também desejar mais mil homens e talvez dois ou três dragões. (Jon; A Tormenta de Espadas; pág 655)

– Nunca vi um dragão.

– Ninguém viu. Os últimos dragões morreram há cem anos ou mais. Mas isso foi há muito tempo. (Jon; A Tormenta de Espadas, pág 429)

Eu confesso que sou muito resistente a ideia de Tyrion ser na verdade um bastardo Targaryen. Na minha opinião, isso esvaziaria mais da metade do arco narrativo desse personagem, murcharia em boa parte a disfuncional  e interessantíssima relação que ele tem com Twyn Lannister, seu pai. Jon Snow por outro lado, é um forte candidato a ter sangue de dragão e pistas mais consistentes que provam que na verdade ela pode ser mesmo filho de Lyanna Stark e Rhaegar Targaryen.

Entre bárbaros e selvagens

Jon e Daenerys são os únicos personagens realmente importantes que conviveram entre os selvagens e tiveram seus preconceitos desconstruídos e aprenderam importantes lições com eles. Tiveram outros, mas apenas Jon e Daenerys começaram a transformar o mundo após conviver com povos e culturas diferentes das suas.


Primeiro amor

E se apaixonaram por pessoas tidas “selvagens” e as perderam devido escolhas que fizeram. Jon traiu os selvagens ao voltar para a Patrulha da Noite e Daenerys entregou Kahl Drogo para Mirri Maz Duur e foi traída, cabendo a Khaleesi mais tarde por fim aos suspiros do seu sol e estrelas. Drogo morreu nos braços de Daenerys e Ygritte nos braços de Jon. No final, ambos acenderam fogueiras para seus amantes e lembram deles com carinho e pesar.

A flor do inverno

Uma das passagens mais conhecidas e usadas pelos fãs que defendem Jonerys, ocorre quando Daenerys entra na Casa dos Imortais, em A Fúria dos Reis, e recebe uma série de profecias e visões. Em uma das visões, ela ver o seguinte:

Uma flor azul cresceu de uma fenda numa muralha de gelo e encheu o ar de doçura. Mãe de dragões, noiva do fogo… (A Tormenta de Espadas, página 455)

Não são poucas as pessoas que atribuem esta passagem a um inevitável romance entre Dany e Jon. A único muralha de gelo que existe no universo que Martin criou é a que Jon Snow está e a flor azul é algo frequentemente relacionado à Lyanna Stark, isso já foi feito algumas vezes nos livros. A passagem serve para reiterar mais uma vez a  origem materna de Jon. A parte que mexe com o lado romântico dos fãs é “enchendo o ar de doçura e noiva do fogo.”

  

Você pode pensar, poxa, nada a ver. Daenerys viu uma série de visões na Casa dos Imortais, inclusive com pessoas que ela nunca chegou a conhecer como Rob Stark, no Casamento Vermelho e portanto ter esse tipo de visão com o Jon, não significa que eles terão algo romântico. Então vamos analisar este trecho aqui:

A luz da meia-lua transformou o cabelo loiro-mel de Val em prata-claro e deixou seu rosto tão branco quanto a neve. Ela respirou profundamente: – O ar tem gosto doce. (Jon; A Dança dos Dragões, pág 441)

Coincidência demais não acham não?Logo em seguida, novamente conversando com Val (sob a Muralha de Gelo) e na mesma página, Jon volta a pensar em dragões, algo que ele faz com frequência em A Dança dos Dragões.

–  Cinzas e brasas.
–  Reis e dragões.
Dragões novamente. Por um momento, Jon quase os viu também, serpenteando na noite, suas sombras escuras delineadas contra um mar em chamas. – (Jon; A Dança dos Dragões, pág 441)

  

Eu seria muito ingenua se dissesse que Jon Snow não se sente atraído por Val, a selvagem que Stannis cisma em chamar de princesa por ela ser irmã da falecia esposa de Mance Rayder, considerado como o rei para lá da muralha. Não será surpresa caso ele se envolva com Val em Ventos do Inverno, uma vez que ele estará livre de seus votos após ter sido morto e pelos próprios irmãos de preto.

No entanto, o mais estranho nisso tudo, é Val precisar parecer com Daenerys (cabelos prata-claro e pele branca feito a neve)  por meio segundo para dizer a Jon algo que Dany viu/ouviu/sentiu sobre ele em sua passagem pela Casa dos Imortais em Qarth.

Essa parte da visão que Daenerys ver a flor azul, tornasse muito mais reveladora quando você percebe que na verdade ela vem relacionada a agrupamentos de coisas que Daenerys em algum momento experimentaria ou que marcariam a vida dela.

Então Fantasmas estremeceram através da névoa, imagens em índigo. Viserys gritou quando outro derretido escorreu por sua cabeça e encheu sua boca. Um senhor alto, com pele de cobre e cabelo louro- prateado, ergueu-se sob um estandarte com um garanhão fogoso, tendo uma cidade incendiada ao fundo. Rubis escorreram como gotas de sangue do peito de um príncipe moribundo, e ele caiu de joelhos, e com seu último suspiro murmurou um nome de mulher… Mãe de dragões, filha da morte… Brilhando como um pôr do sol, uma espada vermelha foi erguida na mão de um rei de olhos azuis que não projetava sombra. Um dragão de pano oscilou em mastros por cima de uma multidão exultante. De um torre fumegante, um grande animal de pedra levantou voo, exalando fogo de sombras… Mãe de dragões, matadora de mentiras… Sua trata trotou pela grama, dirigindo-se a um riacho sombrio sob um mar de estrelas. Um cadáver oscilou à proa de um navio, de olhos brilhantes na face morta, lábios cinzentos e sorrindo tristemente. Uma flor azul cresceu de uma fenda numa muralha de gelo e encheu o ar de doçura… Mãe de dragões, noiva do fogo… (A Tormenta de Espadas, página 455)

Aqui Daenerys estaria vendo três momentos diferentes, cada um dentro de seu contexto segundo as visões. São mostradas a ela três mortes (filha da morte), três mentiras (matadora de mentiras) e o último trecho sugere três romances ou no mínimo, relações afetivas (noiva do fogo).

“Sua prata trotou pela grama, dirigindo-se a um riacho sombrio sob um mar de estrelas” (uma referencia a sua primeira noite com Khal Drogo). “Um cadáver oscilou à proa de um navio, de olhos brilhantes na face morta, lábios cinzentos e sorrindo tristemente” (pode ser Daario Naharis ou ainda Victario Greyjoy, que foi para Meeren pedi-la em casamento ou até mesmo meistre Aemon, seu tio avô. Aemon morreu a bordo de um navio quando o que ele mais queria era encontrar-se com Daenerys). “Uma flor azul cresceu de uma fenda numa muralha de gelo e encheu o ar de doçura” ( a flor azul é uma clara referencia a Lyanna Stark e sugere que uma parte sua está crescendo na muralha de gelo, portanto, Jon Snow).

Segundo alguns fãs, na mesma Qarth, cidade onde Daenerys vai a Casa dos Imortais e tem uma série de visões conforme as citadas acima, existe outro ato simbólico que talvez seja uma menção secreta as casos românticos de Daenerys. Deste vez o segredo estaria nas muralhas da cidade, que curiosamente são TRÊS.

Três reforçadas muralhas rodeavam Qarth, elaboradamente esculpidas. A exterior era de arenito vermelho, com nove metros de altura, e estava decorada com animais: serpentes rastejantes, gaviões voando, peixes nadando, misturados com lobos do deserto vermelho, cavalos rajados e monstruosos elefantes. A intermediária, com doze metros de altura, era de um granito cinza e mostrava-se viva com cenas de guerra: o entrecruzar de espadas, escudos e lanças, flechas em voo, heróis em batalha, bebês sendo massacrados e piras de mortos. A interna era feita de quinze metros de mármore negro, com esculturas que fizeram Danny corar, até dizer a si mesma que estava sendo tola. Não era nenhuma donzela, se podia olhar para as cenas de massacre da muralha cinzenta, por que haveria de desviar os olhos ao ver homens e mulheres dando prazer uns aos outros?(A fúria dos Reis, Daenerys, p.275)

A primeira muralha, de arenito vermelho e com cenas da natureza selvagem, seria Drogo, o rei dothraki. A segundo, em granito cinza, com cenas de guerra e angústia, seria Daario. E a terceira, maior e de mármore negro, com cenas íntimas entre homens e mulheres, seria Jon, o que de acordo com tal simbologia, revelaria que dos três homens,  seria com Jon que ela teria algo mais profundo e íntimo.

E embora considere uma simbologia questionável,  a própria Ygritte tinha como característica algo que remetia a distante  Targaryen. O fogo. Como ruiva, Ygritte era conhecida pelo seu povo como alguém que fora beijada pelo fogo e por isso, sortuda. E Jon sempre lembra que Ygritte era beijada pelo fogo e segundo a casa dos imortais, Dany é a própria noiva do fogo. Seria algo simbólico tal como os cabelos de Val ou apenas mais um detalhe do vasto universo de Gelo e Fogo?

A questão é que quando pensamos ou lemos fogo, é impossível não pensar nos Targaryen, mas precisamente em Daenerys. E ainda temos esse trecho aqui de Daenerys, no primeiro livro da série. Muito antes de Jon conhecer Ygritte e Val.

A mulher mais velha lavou seus longos cabelos esbranquiçado ( que no original é pale silver, as mesmas palavras usadas para descrever os cabelos de Val a luz da meia lua, o correto seria prata-claro) e removeu suavemente os nós com uma escova, sempre em silêncio. A moça esfregou-lhe as costas e os pés e disse-lhe como tinha sorte. (Daenerys, A Guerra dos Tronos. pág 27)

A própria menção a lua na descrição dos cabelos de Val pode ter um sentido escondido, já que na Guerra dos Tronos, é dito a Daenerys pelas garotas dothrakis, que os primeiros dragões vieram da lua e sabemos que lua e lobo estão também estritamente relacionados. Eles se sentem atraídos pela Lua. Inclusive em seu primeiro capítulo em A Dança dos Dragões, que é subsequente ao de Daenerys, Jon está tendo um sonho de lobo e a lua murmura pra ele:

O lobo corria por um tronco negro, ao pé de um pálido penhasco tão alto quanto o céu. A lua corria com ela, deslizando por um emaranhado de galhos desfolhados suspenso sobre sua cabeça, no céu estrelado.

-Snow –  a lua murmurou. O lobo não respondeu. A neve era triturada sob suas patas. O vento soprava por entre as árvores. (Jon, A Dança dos Dragões, pág 47)

 

Molhados cabelos prateados caíram-lhe diante dos olhos quando Dany virou a cabeça, curiosa.

-Da Lua?

-Ele me disse que a Lua era um ovo Khaleesi – respondeu a jovem lynesa – Antes havia duas luas no céu, mas uma delas se aproximou demais do Sol e rachou com o calor. Mil milhares de dragões jorraram de dentro dela e beberam o fogo do Sol. É por isso que os dragões exalam chamas. Um dia essa Lua também beijará o Sol, e então rachará e os dragões regressarão. (Daenerys; A Guerra dos Tronos; pág 170).

Depois de ouvir isso, Daenerys concebeu Rhaego a luz do luar. Daenerys chamava Drogo de Sol da minha vida e ele carinhosamente a chamava de Lua, lua da minha vida. Daenerys entrou na fogueira que fez para Khal Drogo, o seu sol, e então a lua deu a vida aos dragões.

Fogueiras e Montarias

Além de ouvir na Casa dos Imortais que seria traída três vezes (uma vez por sangue, uma vez por ouro, uma vez por amor), Dany ouviu também que precisaria acender três fogueiras (uma pela vida, uma pela morte e uma pelo amor) e precisaria montar três montarias (uma para sexo, uma para o terror e uma para o amor).


A primeira fogueira foi pela vida dos dragões, a segunda talvez pela morte de seus inimigos na Baía dos Escravos e a terceira ainda é um mistério, mas talvez seja por amor ao seu povo, em Westeros, na luta contra Os Outros ou contra aqueles que dilaceram Westeros,  ou talvez seja ainda algo mais especifico, para proteger alguém/algo que ela ame ou venha a amar.

A montaria para sexo foi Khal Drogo, a segunda talvez seja Drogon, pois não existe no mundo coisa mais terrível do que um dragão. A terceira montaria pode ser um outro homem que ela venha a amar e muita gente acredita que possa a ser Jon Snow. Hizdahr zo Loraq poderia ter sido a montaria por amor, mas não por amor a ele, mas pelos libertos que Daenerys chama de filhos e queria proteger. No entanto, ela se casa com Hizdahr antes de montar em Drogon e talvez essas previsões sigam a ordem em que foram ditas, o que significa que a montaria por amor ainda possa estar por vir.

Liderança

Aliás ambos assumiram postos importantes ao mesmo tempo. Ela como Rainha de Meereen e ele como Lorde Comandante da Patrulha da Noite. E ambos estão em processo de aprendizagem, crescimento e aceitação do que eles realmente são.

Tanto Dany quanto Jon, abriram mãos de coisas que desejavam em nome do dever e da honra. Permaneceram no caminho que estavam para proteger os mais fracos e colocaram os interesses destes a frente dos seus.

Jon abriu mão de Winterfell e Daenerys quase ao mesmo tempo rejeitou ouro e navios que lhe dariam o Trono de Ferro para proteger os seus filhos em Meereen, colocando-se em perigo mortal. Jon “morreu” por suas ações dissonantes com os votos da Patrulha, muitas delas numa tentativa de proteger os mais fracos e o mundo dos “outros”. Dany por sua vez, apesar de sua crescente irritação com sua perda de controle em Meereen, foi capaz de se auto-sacrificar, entregando seu corpo a um homem que não amava e contendo os seus impulsos mais profundos.

Ambos aceitaram refugiados sob sua proteção e caíram ao mesmo tempo, quando tantas coisas dependiam dos dois. Ele morto. Ela desaparecida no Mar Dothraki.

Solitária, adorável e letal (Val), Jon Snow refletiu, e eu poderia tê-la tido. Ela, Winterfell e o nome do senhor meu pai. Em vez disso escolhera a capa negra e a parede de gelo. Em vez disso escolhera a honra. Um tipo bastardo de honra. (Jon; A Dança dos Dragões, pág 129)

-Ninguém será deixado para morrer. Vocês todos são meu povo – Seus sonhos de lar e amor a tinham cegado – Não abandonarei Meereen ao destino de Astapor. Sinto muito dizer, mas Westeros deve esperar. (Daenerys; A Dança dos Dragões, pág 189)


Como líder, Daenerys torna-se cada vez mais famosa em todo o mundo e o nome de Jon vire e mexe é mencionado nas tavernas do outro lado do mar estreito, em lugares como Bravos.

Como espelhos

Embora sejam opostos em temperamento, Jon e Daenerys são na verdade como espelhos e passam por desafios, tentações e conquistas quase que ao mesmo tempo, como uma dança.

Em A Dança dos Dragões, por exemplo, ambos passam por difíceis momento como líderes, estão cercados de inimigos e cheios de dúvidas.

Quando Jon era menino em Winterfell, seu herói havia sido o Jovem Dragão, o rei garoto que conquistara Dorne com a idade de  catorze anos. Apesar de seu nascimento bastardo ou talvez por causa disso, Jon Snow sonhara em liderar os homens para a glória como o Rei Daeron fizera, quisera crescer para ser um conquistador. Agora era um homem feito e a Muralha era dele, ainda que tudo o que tivesse fossem dúvidas. Nem parecia ter conquistado aquilo. (Jon; A Dança dos Dragões, pág 405)

Este trecho é o último paragrafo de um dos capítulos de Jon. O capítulo seguinte é o de ninguém mesmo do que o de Daenerys – Aegon Conquistador de tetas, segundo Tyrion Lannister –  que da mesma forma se sente impotente, sem saber o que fazer com as pessoas refugiadas de Astapor, muitas delas doentes com a égua descorada.

Abençoa-me, Dany pensou amargamente. Sua cidade se foi, em cinzas e ossos, seu povo está morrendo ao seu redor, não tenho abrigo para você, nem remédios, nem esperança. Apenas pão amanhecido, carne bichada, queijo duro, um pouco de leite. Abençoa-me, abençoa-me.

Que tipo de mãe não tem leite para alimentar seus filhos? ( Daenerys; A Dança dos Dragões, pag: 407)

Jon também pensa em como vai alimentar os selvagens na Muralha e enxerga toda a situação como uma verdadeira ruína.

E eu terei mil selvagens, pensou Jon, e nenhuma maneira de alimentar metade desse pessoal. (Jon, A Dança dos Dragões, pág 202)

Onde estou indo?O que estou fazendo?Castelo Negro estava quieto e silencioso, seus salões e torres, escuras. Meu assento, Jon Snow refletiu. Meu salão, minha casa, meu comando. Uma ruína. (Jon. A Dança dos Dragões, pág 327)

Daenerys também está insatisfeita e pesarosa, apesar do acordo de paz que sacrificou tanto para conquistar.

Sou uma rainha de uma cidade construída sobre pó e morte. (Daenerys; A Dança dos Dragões; pág 43)

Odeio isso, pensou Daenerys Targaryen. Como isso aconteceu, eu aqui bebendo e sorrindo com homens que antes eu esfolaria? (Daenerys, A Dança dos Dragões; pág: 562)

 

Jon Snow também reza para os deuses. Prestem atenção no juramento dos homens da muralha e como ele pode ser entendido como profético no caso de Jon Snow.

-A noite chega e agora começa minha vigília – disseram, como milhares antes deles. A voz de Cetim era doce como uma canção, a de Cavalo, rouca e hesitante, e a de Arron um guincho nervoso – Não terminará até minha morte.

Faça essas mortes demorarem a chegar. Jon Snow afundou um joelho na neve. Deuses de meus pais, protejam esses homens. E Arya também, minha irmãzinha, onde quer que ela esteja. Rezo a vocês, deixem Mance encontrá-la e trazê-la a salvo para mim.

– Não tomarei esposa, não possuirei terras, não gerarei filhos – os recrutas prometeram, por vozes que ecoavam por anos e séculos ao passado. – Não usarei coroas e não conquistarei glórias. Viverei e morrerei no meu posto.

Deuses da Floresta, deem-me forças para fazer o mesmo. Jon Snow rezou silenciosamente. Deem-me sabedoria para saber o que precisa ser feito e coragem para fazê-lo. (Jon; A Dança dos Dragões, pág 402)

No quinto capítulo de Daenerys, ela pede o mesmo que Jon pede aos deuses em sua oração:

Deuses, rezou, vocês tomaram Khal Drogo, que era meu sol-e-estrelas. Tomaram nosso valente filho antes que ele respirasse. Vocês já tiveram seu sangue de mim. Ajudem-me agora, eu oro para vocês. Me deem sabedoria para ver o caminho adiante e a força para fazer o que tiver que fazer para manter meus filhos a salvo. (Daenerys; A Dança dos Dragões, pág 350)

Outra questão que vale ser mencionada, é que quando em A Dança dos Dragões, ao ver Shireen, a filha de Stannis Baratheon, Val afirma de forma insistente que a escamagris da garota não está curada. Isso poderia significar que logo a Muralha precisaria enfrentar uma pestilencia, da mesma forma que Daenerys enfrenta em Meereen?Eu tenho uma teoria sobre isso, mas vai ter que ficar para outro dia!

De qualquer forma, também entre os selvagens que Tormund levou para a Muralha, Jon viu mais pessoas doentes e se preocupa com isso. Jon e Daenerys descrevem seus refugiados da mesma maneira (os astaporis no caso dela e o o povo livre no dele), como doentes, esfarrapados, magros e famintos.

Outro detalhe escondido na narrativa que talvez venha a ser uma ponte para unir os dois finalmente no futuro, foram os selvagens de Durolar, que Jon estava movendo fundos para levá-los para a sua proteção na Muralha – contra todos, o que inclusive custa sua vida – mas dois navios de escravos foram levados por uma tempestade até a costa de Westeros e partiram lotados com mulheres e crianças selvagens que seriam vendidas no mercado de escravo em Essos. Devido a visão de uma bruxa da floresta, os selvagens acreditavam que navios chegariam para levá-los para um lugar quente. Por isso embarcaram enganados.

Daenerys vem lutando com unhas e dentes contra a escravidão, embora ela tenha cedido um pouco em sua causa, acredito que em Ventos do Inverno ela vai pisar muito sobre as cabeças dos mestres de escravos e talvez leve este sistema a um colapso definitivo . Se ela topar com essas selvagens perdidas – tem um mercado de escravos concentrado fora das muralhas de Meereen e é provável que ainda antes de Westeros ela passe por Volantis, uma grande cidade assentada sobre o escravismo – talvez isso signifique mais uma vez Jon Snow. Eu acredito nisso porque esse fato foi mencionado mais de uma vez, inclusive num dos povs da Arya que está em Essos, o que casou grande interesse do Homem Gentil.

  

E quer saber mais uma coisa bem interessante sobre um outro rei que também se chamou Daeron, como o Jovem Dragão, que Jon cresceu admirando?Olhe essa fala do Príncipe Doran de Dorne, sobre Daeron II, O Bom:

Os Jardins das Águas são meu lugar favorito neste mundo sor. Um dos meus antepassados o construiu para agradar à sua noiva Targaryen e libertá-la da poeira e do calor de Lançassolar. Daenerys era o nome dela. Era irmã do Rei Daeron, o Bom, e foi o casamento dela que garantiu que Dorne fizesse parte dos Sete Reinos. O reino todo sabia que a garota amava o irmão bastardo de Daeron, Daemon Blackfyre, e era amada por ele também, mas o rei foi sábio o bastante para ver que o bem de milhares deveria vir antes do desejo de dois, mesmo que esses dois fossem caros a ele. (O Sentinela, A Dança dos Dragões; pp: 432-433)

Tudo indica que talvez Jon Snow seja um bastardo Targaryen. Uma coisa curiosa em Westeros é que de tempos em tempos as histórias se repetem. Talvez essa nova Daenerys se apaixone por um novo bastado Targaryen. Um bastado Targaryen que tem verdadeiro horror de colocar outro bastardo no mundo. E talvez seja isso mesmo que aconteça.

Não gerarei um bastardo, disse-lhe. Não o farei. Não o farei. (Jon, A Tormenta de Espadas, pág 506)

Mas o inverso e o irônico também podem acontecer, basta colocar o Jovem Griff na equação, já que na verdade ele pode ser um Blackfyre,  casa nascida de um ramo bastardo da Casa Targaryen.

Contudo, Aegon/Jovem Griff acredita que ele é de fato o filho do Príncipe de Pedra do Dragão e tem claras pretensões em se casar com sua tia, Daenerys. Mas tudo para Aegon/Jovem Griff, parece perfeitinho demais. Pelo apresentado nos dois últimos volumes da série e nos capítulos divulgados por Martin, de Os Ventos do Inverno, a história indica muito mais um casamento seu com  Arianne Martell, sua prima, por parte de mãe, do que com Dany.

Isso pode vir a colocar Daenerys e Jon do mesmo lado em mais de uma batalha, já que ao invés de bastardo, Jon pode ser o legítimo herdeiro de Rhaegar e seria muito ironia, se fosse ele e não Aegon, a garantir um lugar na cama da Mãe dos Dragões, seja por algum arranjo político ou mesmo por amor.

As inversões na narrativa é uma tática frequentemente utilizada pelo Martin, o exemplo disso é a Cersei, que tem sangue Lannister, casa que traiu os Targaryen, mas tem tudo para ser uma monarca tão louca quanto o Aerys II , com quem ela ironicamente compartilha uma série de semelhanças.


Outras semelhanças percebidas em seus capítulos:

  • Em a A Dança dos Dragões, as páginas 550 a 571, estão divididas entre capítulos de Jon e Daenerys, ambos vivendo situações semelhantes, num banquete e ouvindo louvores. Ele no casamento de Alys Karstark e ela no acordo de paz com os yukaítas. E em capítulos anteriores, ambos os personagens deixaram sua zona de conforto, para levar comida aos refugiados. Daenerys entre os miseráveis e doentes refugiados de Astapor e Jon entre os selvagens esfomeados em Vila Toupeira.

Jon viu poucos bebês de colo. Os bebês de colo morreram durante a marcha, percebeu, e aqueles que sobreviveram a batalha morreram nas paliçadas do rei. (Jon; A Dança dos Dragões; pág 236)

-Estamos alimentando vocês da melhor maneira possível, tanto quanto temos disponível. Maçãs, cebolas, nabos, cenouras… há um longo inverno diante de todos nós, e nossos estoques não são inesgotáveis. (Jon; A Dança dos Dragões; pág 237)

Até alimentá-los estava ficando mais difícil. Todos os dias, enviava o que podia, mas todos os dias havia mais deles e menos comida para dar-lhes. (Daenerys; A Dança dos Dragões; pág 407

Mulheres esqueléticas sentavam-se no chão segurando bebês moribundos. Seus olhos a seguiam. (Daenerys; a A Dança dos Dragões; pág  407)

  • No primeiro capítulo dos dois em A Dança, que são subsequentes, vemos como eles estão cercados por inimigos, ambos usam/ou pensam na frase “acordar o dragão”(– Encontre esses covardes para mim. Encontre-os, para que eu possa ensinar os Filhos da Harpia o que significa acordar o dragão – Daenerys; ADDD, pág 33) e ambos acordam de um sonho para audiências (ele de um sonho de lobo e ela de um sonho com a porta vermelha de sua infância), ambos pensam em casamentos que negaram  e em ambos os capítulos é mencionado “morte de uma criança”. Daenerys recebe os ossos da menina que Drogon tostou e Jon Snow compartilha da seguinte opinião sobre essa prática:

-Queimar crianças mortas tinha deixado de ser um problema para Jon Snow; já as vivas eram outro assunto. Dois reis para acordar o dragão. O pai primeiro e depois o filho, para que ambos os reis morram. (Jon; A Dança dos Dragões, pág 48)

O rei pode ser duro e implacável, sim, (falando de Stannis), mas um bebê de peito?Apenas um monstro daria uma criança viva às chamas. (Jon; A Dança dos Dragões, pág 49)

Um monstro é como Daenerys se sente depois que Drogon queima a garotinha e por isso ela aprisiona dois de seus dragões.

Pra finalizar aqui, uma outra coisa interessante é que Daenerys realizou muitas coisas que Jon sempre desejou realizar. Ela saiu e viu o mundo. Conquistou. Jon por sua vez, se lamenta secretamente por estar recluso na Muralha, sem nunca ver Westeros e o resto do mundo.

Aquela estrada ia dar em Winterfell, e depois em Correrrio, Porto Real e Ninho da Águia, e tantos outros lugares; o Rochedo Casterly e depois em Correrrio, as Ilhas das Caras, as montanhas vermelhas de Dorne, as cem ilhas de Bravos, no mar, nas ruínas fumegantes da velha Valíria. Todos os lugares que Jon nunca veria. Chegava-se ao mundo por aquela estrada ( a do rei)… e ele estava ali. (Jon, A Guerra dos Tronos, p 317)

O lobo a distância 

Quando Jon cai morto na muralha e Daenerys está perdida e ferida no meio do mar dothraki, então acontece uma coisa muito interessante com a nossa Khaleesi:

Ao longe, um lobo uivou. O som a fez se sentir triste e sozinha, mas não menos faminta. Quando a lua se ergueu sobre as terras de grama, Dany mergulhou finalmente em um sono agitado. (Daenerys; A Dança dos Dragões. pág 792)

Dany ouve o uivo de um lobo e se sente triste e sozinha. A presença de um lobo onde ela estava não é algo anormal, ela mesmo deixa transparecer que lobos não eram estranhos ao lugar onde ela estava, lobos e leões e por isso sabe que deve ser cuidadosa. O que faz a gente pensar é o fato dela ter se sentido triste ao ouvir o uivo.

Poucas coisas são tão simbólicas no mundo de Martin quanto lobos e dragões, eles carregam uma carga pesada no enredo, por isso muitos jonerys fãs acreditam que a presença de um ali não fora uma peça aleatória. O trecho citado está no último capítulo de Daenerys, que é por sinal o último capítulo do livro. Ao começar a ler este capítulo, você entende que ele engloba dias e não apenas horas ou alguns momentos.

O cabelo de Daenerys está crescendo de novo, ela está razoavelmente familiarizada com o local onde está e ficando cada vez mais magra pois praticamente está passando fome. Seu capítulo é separado do capítulo do que Jon “morre” apenas por um outro, de Sor Barristan como Mão da Rainha, então fica fácil perceber que esses eventos ocorreram  quase ao mesmo tempo, talvez um pouco antes ou um pouco depois, mas ao longe ela ouviu um lobo, como um prelúdio do que aconteceu ou aconteceria com ele em Westeros. É como se inconscientemente ela soubesse que tinha ficado sozinha, que dessa vez ela era mesmo a única de sua família.

Jon caiu de joelhos. Pegou a adaga pelo cabo e arrancou. No ar frio da noite, a ferida soltava fumaças.

-Fantasma – sussurrou. A dor tomou conta dele. Espete neles a ponta aguçada. Quando a terceira adaga o atingiu entre as omoplatas, ele deu um grunhido e caiu com o rosto na neve. nunca sentiu a quarta faca. Apenas o frio… (Jon, A Dança dos Dragões, pág. 774)

Há uma forte teoria de que Jon, no momento de sua morte, wargou Fantasma, seu lobo gigante. Então tecnicamente seu corpo poderia estar morto, mas seu espírito estaria em Fantasma. Sabemos que Fantasma não emite sons, ele não poderia uivar de modo que justificasse o que ela ouviu do outro lado do mar estreito, mas o lobo naquele lugar e naquele momento a fazendo se sentir triste e solitária, talvez seja de fato um tipo de presságio e mais um elemento simbólico que liga os dois. E não para por aí.

Na mesma página. Repito, na mesma página, Daenerys acorda sendo atacada por formigas e do nada pensa na Muralha em Westeros, a muralha que pertence a Jon Snow!

Perguntava-se como as formigas conseguiram escalar tudo aquilo para encontrá-la. Para elas, essas pedras em ruínas deveriam parecer tão grande quanto a Muralha de Westeros. A maior muralha em todo mundo, seu irmão Viserys costumava dizer, tão orgulhoso como se ele mesmo a tivesse construído. (Daenerys; A Dança dos Dragões. pág 792)

Lobo e Muralha aparecem no mesmo contexto relacionado a Daenerys. É algo parecido com o que aconteceu entre Jon e Val capítulos antes, onde surge cabelos prateados, ar cheio de doçura e dragões no mesmo momento. Ela poderia ter pensando em outra muralha, a de Meereen, ainda seria grande para uma formiga, mas Martin preferiu inserir na narrativa sua grande muralha de gelo.

E não foi a primeira vez que a presença de um lobo chama atenção em um pov de Daenerys. Em A Guerra dos Tronos, enquanto Mirri Maz Duur usava magia negra para “salvar” Khal Drogo, Daenerys viu as sombras dançando e entre elas havia um lobo gigante e um homem envolto em chamas, que novamente pode ser interpretado como um prelúdio da morte  e ressurreição de Jon Snow ou mesmo de sua natureza fogo e gelo.

Dentro da tenda, as formas dançavam, escuras contra a sedaria, rodeando o braseiro e o banho sangrento, e algumas não pareciam humanas. Vislumbrou a sombra de um grande lobo, e outra que era como um homem envolvido em chamas. (Daenerys, A Guerra dos Tronos, pp 504)

Os Ursos

Desde o primeiro livro, A Guerra dos Tronos, Dany e Jon contaram com a importante presença de um Mormont próximo a eles. Ele com o Lorde Comandante da Patrulha da Noite e Daenerys com seu filho exilado, Sor Jorah. E mesmo que Jorah tenha traído Daenerys e sido banido por ela, pai e filho se comportaram como mentores, conselheiros e instrutores para Dany e Jon. Fora que Daenerys tem Jorah como um verdadeiro amigo e se lamenta pelo o que fez com ele e Jon tem Garra Longa, a espada de aço valiriano que deveria ter sido de Jorah mas foi dada a ele pelo velho comandante por Jon tê-lo salvado da morte.

Casamento

Será que após dois casamentos que não acabaram muito bem,  Dany aceitará um terceiro casamento quando desembarcar em Westeros? E se sim, com quem?Não existe muitos homens solteiros em Westeros com todos os títulos e nobreza de Daenerys, com uma fraca exceção do Jovem Griff que acredita ser o filho de Rhaegar, Aegon Targaryen, e espera um dia poder pedir a tia em casamento.

Alguns indícios no entanto, apontam que Aegon é um falso dragão (além de ser óbvio demais um casamento entre os dois) e depois de Hizdahr, acho que Daenerys vai ficar mais cuidadosa e receosa com essa história de matrimônio. Euron e Victario Greyjoy também pretendem a mão da Mãe de dragões, mas acho muito difícil para os dois, sobretudo para Euron que fala até em vender prisioneiros para o mercado de escravos, coisa que Daenerys quer erradicar do mundo com Fogo e Sangue.

A grande questão é que não restam muitas opções pois as casas de Westeros estão se destruindo entre si e se Daenerys viesse a se casar mais uma vez conforme acredita Missandei, a garota que se mostra mais sábia do que parece, segundo a própria Daenerys, teria que ser com alguém tão importante quanto ela é para o conjunto da obra de Martin, não concordam?Justiça seja feita dessa vez!

É tarde demais, a rainha pensou triste.

– O sangue de Hizdahr é antigo e nobre. Nossa união vai unir meus libertos ao povo dele. Quando nos tornarmos um só, o mesmo acontecerá com nossa cidade.

-Vossa Graça não ama o nobre Hizdahr. Esta uma acha que você logo terá outro como marido.

Não devo pensar em Daario hoje.

-Uma rainha ama quem ela deve amar, não quem ela quer… ( Daenerys; A Dança dos Dragões, 490)

Considerada sábia até mesmo por sor Barristan, O Ousado, eu resolvi considerar esse fala de Missandei a Daenerys. Talvez o que ela disse em sua sabedoria seja mesmo verdade. Talvez Daenerys se case mais uma vez.

Daenerys está muito envolvida com Daario, isso é certo, mas embora até Sor Barristan acredite que ela o ame, Daario pra mim foi uma forte alegoria na vida de Daenerys, para lembrá-la que ela se sente mais atraída pela liberdade e por fogo e sangue. Paralelamente a Daario, estava Hizdahr zo Loraq, representando uma paz feita em termos amargos para Daenerys.

Daario era guerra e angústia. Daí em diante, devia mantê-lo fora de sua cama, fora de seu coração e fora dela. Se ele não a traísse, podia dominá-la. Ela não sabia qual das duas opções temia mais. (Cap. Daenerys; A Dança dos Dragões, pág 564)

Daenerys já se casou por causa de um exército, depois por dever, exercendo seu papel como rainha. Mas nas duas vezes foram por questões políticas, embora na primeira ela não tenha tido escolha.

Será que haveria então para ela um  terceiro casamento – lembrando que o número três é um número mágico para a Targaryen – só que movido por sentimentos ou objetivos mais profundos?E se sim, será que Jon Snow teria algum papel nisso?Lembram das três montarias?Teriam algo a ver com os casamentos de Daenerys? Drogo foi seu primeiro marido pois sua virgindade foi entregue a ele (sexo) em troca de um exército. Seu casamento com Hizdahr zo Loraq garantiu que ela montasse Drogon (terror) nas arenas de Meereen, que ela só foi por insistência Loraq que alegava que as  lutas na arena eram seu presente de casamento. O terror ainda pode ser o Daario. Só restando então a terceira montaria, a por amor.

E quem ousaria amar um dragão? (Daenerys; A Dança dos Dragões; 135)

Todos os homens importantes pretendem Dany, mas Jon nem sabe que ela existe. Pelo menos conscientemente. E seus votos na patrulha parecem proféticos no caso do personagem, como se ele estivesse destinado a fazer tudo que abnegou quando entrou para Patrulha. Ou pelo menos parte do que abnegou. Lembra que Martin gosta das ironias e inversões?Então. Jon com certeza irá abandonar a Muralha por um tempo, ele irá voltar a Winterfell e quem sabe finalmente poderá ter o castelo que tanto desejou… Se Jon assumir o controle de Winterfell, estrategicamente falando, ele se torna um forte candidato a ser um aliado de Daenerys através de uma aliança de casamento que uniria o norte e o sul do continente.

Apesar de reconhecer que Jon estará muito mais sombrio em O Vento dos Invernos, devido a sua ressurreição, temos que lembrar que ele ainda estará diretamente envolvido na luta contra Os Outros. Ele mais do que ninguém saberá a importância de unir o continente em torno de uma causa. Mais do que uma aliança política pelo Trono de Ferro, seu casamento com Daenerys unindo norte e sul, poderá representar a sobrevivência do próprio continente durante a Longa Noite.

Filhos

Como bastardo, o maior ranço de Jon era gerar outro bastardo. A possibilidade o aterrorizava. Ela está por trás de alguns dos motivos pelo o qual Jon se exilou na Muralha.

Ele nunca pretendeu ter uma família e sempre se manteve afastado das mulheres por medo de que uma delas pudesse ser parente dele sem que ele soubesse (coisa do destino?). A ausência materna sempre foi um buraco na alma de Jon mas em A Tormenta de Espadas, quando Stannis lhe oferece Winterfell e Val, Jon reconsidera. Ele pensa em construir uma família e até em ter filhos. Pensa em como seria bom. Mas acaba deixando isso de lado, fiel ao juramento feito à patrulha” não gerarei filhos”. Contudo, isso apenas nos mostra uma surpreendente mudança de pensamento de Jon em relação a constituição de uma família.

  

Teria que raptá-la (Val) se quisesse o seu amor, mas ela poderia me dar filhos. Eu poderia um dia segurar nos braços um filho de meu próprio sangue. Um filho era algo com que Jon Snow nunca se atrevera a sonhar, desde que decidira viver a sua vida na Muralha. (Cap. Jon; A Tormenta de Espadas, pág 814)

Mas é muito interessante pensar que ele se torna alguém proibido de gerar filhos, num período semelhante em que Daenerys também fica impossibilitada de gerar filhos devido a profecia de Mirri Maz Duur, ambos ainda no primeiro livro, A Guerra dos Tronos. Daenerys e Jon são os únicos personagens, com o tipo de ligação descrita aqui, impedidos de terem filhos no universo de As Crônicas de Gelo e Fogo e se as teorias estiverem corretas, liberados do impedimento,  mais uma vez no mesmo momento,  no mesmo livro, em A Dança dos Dragões.

A profecia de Mirri Maz Duur aparentemente se cumpriu e Jon aparentemente morreu, o que o tecnicamente o libertaria de seus votos quando ele fosse revivido também nos livros. Não é interessante?Coincidência mais uma vez ou a mão do destino trabalhando através de George Martin?

Jon se levantou e subiu os degraus até a cama estreita que uma vez fora de Donal Noye. Esta é minha sina, ele percebeu enquanto se despia, a partir de agora e até o final dos meus dias. (Jon; A Dança dos Dragões, pág: 131)

E não é interessante pensar que Daenerys talvez seja tudo o que Jon inicialmente sempre negou, temeu ou desejou?Ela é mãe, mulher, seu próprio sangue, uma conquistadora e cosmopolita, talvez finalmente um nome seu  e o sobrenome pela o qual a identidade de sua mãe tem sido mantida em segredo todo esse tempo. Fora que a maternidade em Daenerys é algo muito latente nela e ela se lamenta secretamente por não poder mais gerar um filho seu.

Eu ia chamá-lo de Rhaego, e o dosh khaleen disse que ele seria o Garanhão que Monta o Mundo. Nunca, desde aqueles dias de poucas lembranças em Bravos, quando vivera na casa com a porta vermelha, havia sido tão feliz. (Cap. Daenerys, A Dança dos Dragões, pág. 789)

– Nunca terei uma garotinha (Cap. Daenerys; A Dança dos Dragões, pág 795)

Ambos possuem questões mal resolvidas com o elemento concepção e acreditam piamente que nunca poderão ter um filho. Mas é importante salientar que o que os personagens acreditam, quase nunca é o que realmente acontece. Martin já nos provou isto uma centena de vezes.

 

Profecias são coisas perigosas e por vezes imprecisas. No entanto, poucas profecias foram tão lembradas ao leitor dos livros quanto a que Mirri Maz Duur diz para Daenerys, depois de matar Khal Drogo. A insistência de Martin em nos lembrar dessa profecia pode ser um indicio de que em algum momento ela poderia vir a se cumprir, apesar de sua aparente impossibilidade.

No entanto, ao final de A Dança dos Dragões, a narrativa sugere que de fato o impossível aconteceu…

“Quando o sol nascer a oeste e se pôr no leste. (Quentyn Martell, o Príncipe Sol, nasceu no Oeste (Westeros) e morreu no Leste (Meereen)
Quando os mares secarem (os mar Dothraki, local para onde Dany é levada por Drogon e lá ela ver que a grama está secando e o grande mar de grama morrendo) e as montanhas forem sopradas pelo vento como folhas (Quentyn Martell solta os dragões presos de Daenerys com a ajuda da companhia de mercenário Soprados pelo Vento, o resulto: Algumas pirâmides de Meereen (montanhas) viram pó sob o sopro quente dos dragões).Quando o seu ventre estiver pronto a ganhar vida e der à luz um filho vivo. (Daenerys volta a ter sangue de lua quando está no Mar Dothraki e nem ela parece lembrar qual foi a última vez que aquilo aconteceu) Então ele voltará, e não antes…” (Daenerys acorda e percebe que está sangrando e logo em seguida ouve um barulho de sinos, ela pensa que é Khal Drogo, mas é Khal Jhaqo, antigo Ko de Drogo, que partiu quando ele morreu, com parte de seu Khalasar. Um Khalasar é sangue do sangue de um Khal. Seu espírito. Ou seja, Khal Drogo voltou, mas através de seu Khalasar que um dia fora seu.

Se a partir de então Daenerys poderá gerar um filho, a grande pergunta seria com quem?Não sobraram muitos pretendentes em Westeros. As grandes Casas do continente estão se destruindo entre si enquanto jogam o jogo dos tronos, de forma que não sombram muitas opções de alianças e apoio para Daenerys. Ela será vista em Westeros como uma estrangeira, uma invasora seguida por uma horda de selvagens. Certamente não será bem recebida por seus conterrâneos.

Por isso a ideia de Jon Snow soa tão atraente. Em Os Ventos do Inverno, certamente o veremos deixando a Muralha e talvez finalmente assumindo o controle de Winterfell, isso o tornaria uma peça fundamental no Jogo dos Tronos.

E mesmo se todas as teorias que apontem Jon como um Targaryen estejam erradas, este personagem é tão complexo  e intrigante que ainda existiria toda uma rede de possibilidades para ele. Temos que lembrar que antes de morrer, Robb Stark queria legitimá-lo e torná-lo seu herdeiro. Então mesmo que ele não tenha direito a Winterfell devido ao plano de Wyman Manderly de resgatar Rickon Stark – que Robb acreditava que estava tão morto quanto Bran – Jon ainda poderia tornar-se reconhecidamente um Stark através do testamento deixado por Robb (se você acreditar na teoria conhecida como A Grande Conspiração do Norte).

Eu não sei vocês, mas quando eu analiso Jon assim de pertinho, tudo nele grita o inverso para mim. Eu fico com a sensação de que ele deveria e não deveria estar ali na Muralha. Que aquele é e não é o lugar dele no mundo. Porque sinto que este personagem tem a matéria prima dos reis que Dany tanto reclama que falta em Daario. Não que ele será um rei, mas é como se ele tivesse nascido para ser! – Você não sabe de nada, Jon Snow!

Então tudo isso ainda faz dele a minha grande aposta para ter um casamento e  filho com Daenerys. Primeiramente devido a óbvia sugestão da importância desses dois personagens e também por tudo que liga um ao outro. E se ele não fosse filho do Rhaegar, isso só tornaria a união ainda mais honesta pois corroboraria com maior clareza o paradoxo Gelo e Fogo, sem que Jon precisasse também ser metade fogo.

  

Solidão

Eles se sentem sozinhos, mesmo quando estão acompanhados.

A noite veio mesmo quando Daario veio, tão bêbado que mal conseguia ficar em pé. Sob as cobertas ela se jogava e se virava, sonhando que Hizdahr a estava beijando… mas seus lábios estavam azuis e feridos, e quando ele se enfiou dentro dela, sua masculinidade era fria como gelo. Ela se sentou, os cabelos desgrenhados e as roupas de cama emaranhadas. Seu capitão (Daario) dormia ao seu lado e, mesmo assim, ela estava sozinha. Queria sacudi-lo, acordá-lo, fazê-lo abraçá-la, fodê-la, ajudá-la a esquecer…  (Cap.Daenerys; A Dança dos Dragões pág 484)

Seu nobre marido (Hizdahr zo Loraq) logo estava profundamente adormecido. Daenerys apenas podia se revirar ao lado dele. Queria sacudi-lo, acordá-lo, fazê-lo abraçá-la, beijá-la, fodê-la novamente, mas mesmo se ele fizesse isso, dormiria logo em seguida, deixando-a sozinha na escuridão. (Cap. Daenerys; A Dança dos Dragões; página 570)

Em ambos os trechos, tanto Daario, quanto Hizdahr zo Loraq, são descritos como estando bêbados e em ambos os trechos, de maneira muito semelhante, Daenerys se sente aflita, solitária e carente, nitidamente precisando de conforto e carinho. Sonhando com gelo e lábios azuis, que muitos acreditam ser uma menção a Euron Greyjoy, que cada vez representa um grande perigo para Daenerys e todos em Westeros. Tenho pavor!

O sonho pode ter sido ainda mais uma menção silenciosa a Jon, já que posteriormente ele é assassinado na Muralha, e certamente estará com lábios azuis e rachados, e frio feito gelo.

Jon interrogava-se onde estaria agora o Fantasma.Teria ido para Castelo Negro, ou andaria vagueando pelos bosques com alguma alcateia?Não tinha qualquer percepção do lobo gigante. Isso fazia-o sentir como se parte de si mesmo tivesse sido cortada. Até com Ygritte dormindo ao seu lado sentia-se só. Não queria morrer sozinho. (Cap. Jon, A Tormenta de Espadas; pág 427)

De repente sentiu-se muito só. Mirri Maz Duur assegurara que ela nunca mais daria luz à um filho vivo. A Casa Targaryen acabará comigo. Aquilo entristeceu-a. ( Cap. Daenerys; A Tormenta de Espadas, pág 444).

Senhor da Luz

Tanto Jon quanto Daenerys despertam o interesse de sacerdotes do deus R’hllor. Ele de Melissandre de Asshai e ela do misterioso Maqorro que está a caminho de Meereen. É muito provável que logo a Melissandre do livro perceba seu engano e chegue a conclusão de que Jon e não Stannis seja o Príncipe Prometido, da mesma forma como alguns Feiticeiros em Essos, aparentemente o Maqorro, acreditam que o herói renascido seja Daenerys Targaryen. Sendo que de acordo com as profecias ditas na Casa dos Imortais, é Dany que vai desmascarar a mentira, de que Stannis é Azor Ahai renascido. Stannis está no momento bem próximo de Jon, o que de novo leva nossa Khaleesi de volta ao lobo branco.

O homem silencioso nas sombras

Outro trecho muito conhecido por quem defende jonerys, acontece quando Daenerys está vivendo um momento de extrema carência e admite fechar os olhos às vezes e sonhar com o homem que seria o seu amante. Lembrando que os Targaryens, como a própria Daenerys, costuma ter sonhos proféticos.

Às vezes fechava os olhos e sonhava com ele, mas nunca era com Jorah Mormont que sonhava; seu amante era sempre mais jovem e mais belo, embora o rosto de Jorah nunca deixasse de surgir, como uma sombra em constante mutação. (Cap. Daenerys, A Tormenta de Espadas; pág 250)

É uma passagem vaga, Daenerys estava sentido falta de Drogo, estava se sentindo carente e balançada com o beijo que Jorah lhe dera. O trecho poderia ser sobre Daario (que ela ainda não conhecia), mas também sobre outro, ou apenas um devaneio de uma menina sexualmente carente. No desenrolar da cena, Dany se masturba e tem relações com sua aia, Irri. A tradução para o português deixou o trecho mais embaçado, mas no original Daenerys é muito mais clara, ela diz: her lover was always younger and more comely, though his face remained a shifting shadow (Seu amante era sempre mais jovem e lindo, embora seu rosto permanecesse uma sombra em constante mutação). Jon não é descrito como uma beldade, mas com toda certeza ele é mais jovem e mais lindo quando comparado a Sor Jorah, sempre descrito como feio. Então nos fóruns gringos, relacionam a essa passagem a Jon, levando em consideração os sonhos proféticos de Dany e o fato de que o próprio Jon se considere alguém que caminha pelas sombras:

 

Ele era quem era: Jon Snow, bastardo e traidor, sem mãe, sem amigos e perdido. Durante o resto da sua vida, não importa quanto durasse, estaria condenado a viver como um estranho, o homem silencioso nas sombras que não se atreve a pronunciar seu verdadeiro nome. (Cap. Jon Snow, A Guerra dos Tronos, pág 545-546)

Sabemos o quanto Jon é resignado com sua condição de bastardo. Talvez o trecho diga mais sobre ele do que sobre ele e Daenerys. Ele é silencioso como Fantasma, seu lobo gigante, porque é um segredo escondido nas sombras da muralha. De qualquer forma, não deixa de ser um trecho que quando analisado ao trecho anterior, não gere algum tipo de reflexão mais profunda. Ainda mais quando adicionamos Melissandre na equação:

As chamas crepitaram suavemente, e em seu crepitar ela ouviu uma voz sussurrando o nome de Jon Snow. Seu rosto comprido flutuou diante dela, delineando em chamas vermelhas e laranja, aparecendo e desaparecendo novamente, meio escondido atrás de uma cortina esvoaçante. Primeiro ele era um homem, depois um lobo, no fim um homem novamente. (Cap. Melissandre, A Dança dos Dragões, pág 352)

Além de insinuar um renascimento de Jon Snow, o trecho aponta para o fato de que talvez seja realmente verdade que Jon tenha wargado Fantasma quando fora apunhalado, mas aponta também para uma natureza mutável desse personagem que se esconde nas sombras, que é um troca peles, um segredo e que nos leva novamente ao trecho de Daenerys citado anteriormente.

A canção de Gelo e Fogo

Existe uma discussão muito grande entre os fãs dos livros/série, quanto ao verdadeiro significado escondido por trás de A Canção de Gelo e Fogo. Algumas pessoas acreditam ser Jon A Canção de Gelo e Fogo, por ele poder ser filho de Lyanna Stark (gelo) e Rhaegar Targaryen (fogo), ainda que nos livros Rhaegar se refira A Canção de Gelo e Fogo, como sendo de Aegon, seu filhinho com Elia Martell que morreu supostamente durante o saque de Porto Real que destronou os Targaryen.

– Aegon –  ele disse para a mulher que amamentava um recém nascido numa grande cama de madeira – Que nome seria melhor para um rei?

-Fará uma canção para ele?- a mulher perguntou.

-Ele já tem uma canção. É o príncipe que foi prometido, e é a sua canção de gelo e fogo – ergueu o olhar quando disse aquilo, e seus olhos encontraram os de Dany, e pareceu que a via ali em pé através da porta. – Terá de haver mais um –  ele disse, embora Dany não soubesse dizer se estava falando para ela ou para a mulher na cama. – O dragão tem três cabeças… (Daenerys, A Fúria dos Reis; pág 452)

Mas já vimos que na verdade Rhaegar estava errado ou pelo menos equivocado segundo o próprio meistre Aemon.

De qualquer forma tanto gelo, quanto fogo são códigos que configuram todo o universo criado por Martin, de Westeros a Essos, mas Dany e Jon são com certeza dois represantes humanos desse paradoxo, embora não sejam os únicos. A própria relação morte e vida que permeia toda a narrativa de Martin pode ser entendida como o motivo por trás do nome da série de livros, a relação amor e ódio, geografia e clima e por aí vai. Uma relação de opostos, mas que ainda assim se equilibram. E pouca coisa nesse universo soa tão oposta e equilibrada quanto Jon e Dany.  A relação de Jon com o Gelo é muito forte, ele carrega o nome do próprio Norte e mesmo podendo ter sangue Targaryen correndo nas veias, é Stark até os ossos, enquanto Daenerys é uma verdadeira Targaryen, sangue do dragão, estando intrinsecamente relacionada com o elemento fogo. Ela tem dragões, carne e fogo. Então talvez A canção de gelo e fogo possa ser algo que nasça da união desses dois, como um filho por exemplo, ou tão somente a união dos dois.

 

Se você chegou até aqui sem estar totalmente convencido dessa relação entre os elementos representados na trama por Jon e Daenerys, então quero compartilhar com você uma curiosa observação feita por um usuário do Reddit, que demonstra a forma simbólica com a qual a ideia de Dany e Jon vem sendo cuidadosamente semeada por Martin.

Então, se lembra das muralhas de Qarth que eu falei logo acima?

Três reforçadas muralhas rodeavam Qarth, elaboradamente esculpidas. A exterior era de arenito vermelho, com nove metros de altura, e estava decorada com animais: serpentes rastejantes, gaviões voando, peixes nadando, misturados com lobos do deserto vermelho, cavalos rajados e monstruosos elefantes. A intermediária, com doze metros de altura, era de um granito cinza e mostrava-se viva com cenas de guerra: o entrecruzar de espadas, escudos e lanças, flechas em voo, heróis em batalha, bebês sendo massacrados e piras de mortos. A interna era feita de quinze metros de mármore negro, com esculturas que fizeram Danny corar, até dizer a si mesma que estava sendo tola. Não era nenhuma donzela, se podia olhar para as cenas de massacre da muralha cinzenta, por que haveria de desviar os olhos ao ver homens e mulheres dando prazer uns aos outros?(A fúria dos Reis, Daenerys, p.275)

Simbolicamente, as três muralhas representariam os três romances mais marcantes da vida de Dany: Drogo, Daario e por fim Jon, respectivamente.

Reparem como as muralhas estão ligadas aos elementos básicos da natureza. A muralha de arenito vermelho, está relacionada ao elemento terra, enquanto a de granito cinza é nada menos do que uma rocha magmática, que aqui podemos relacionar ao elemento fogo. O mármore por sua vez é uma rocha metafórica, proveniente do calcário, no entanto notavelmente reconhecido por ser frio ao toque. Temos aqui a nossa água, porém em forma de gelo.

Percebendo isso, podemos analisar os amantes de Dany a partir de uma lógica elementar da seguinte maneira:

Khal Drogo: o arenito vermelho, a terra. Estoico, forte, imutável, imóvel. Um alicerce sobre o qual Dany se constrói ao longo dos livros. Ela olha para Drogo, para sua trança nunca cortada e busca estabilidade e confiança para se apoiar, ser forte e seguir em frente.

Daario: o granito cinza, o fogo. Imprevisível, ousado, hipnótico, barulhento, selvagem. Não é por Daario que Daenerys está apaixonada, mas pela ideia dele. Os Targeryens se sentem perigosamente atraídos pelo fogo. Daario é excitante, livre, perigoso e sua paixão é irresistível. Literalmente ele potencializa o fogo que existe dentro dela. Porém Dany sabe, e comenta, que seu amor por ela começa e termina com as suas conquistas. O fato dela ser rainha, é o que o atrai, não a pessoa que ela é. Daario é perigoso para ela e a própria Daenerys reconhece isso.

Daario era guerra e angústia. Daí em diante, devia mantê-lo fora de sua cama, fora de seu coração e fora dela. Se ele não a traísse, podia dominá-la. Ela não sabia qual das duas opções temia mais. (Cap. Daenerys; A Dança dos Dragões, pág 564)

Hizdahr: Não está entre as muralhas, mas é reconhecido por Dany como “Hizdahr dos beijos tépidos”. Hizdhar é o vento. Em constante mudança porém morno e suave. Ele é uma brisa, sem paixão, sem luxúria. Mas em seu amago Daenerys deseja uma tempestade enquanto Hizdahr enche suas velas e a leva de encontro a paz que ela tanto desejou conseguir com a Harpia. No entanto, Dany não confia nele, ele é o vento que sopra e sossega a Harpia. E a ideia de que esse vento poderia mudar de direção a deixa cada vez mais longe de seu nobre marido meereenense.

Jon Snow: Jon é gelo. Ele é o mármore negro. O que isso representa?Pode ser a segurança que Drogo prometeu, a água representando a vida ou a igualdade, o equilíbrio conforme discorri anteriormente. Sendo fogo, a terra pode sustentá-la, o fogo potencializá-la, o vento alimentá-la… mas a água… o gelo… é algo completamente diferente. Pode transformá-la tanto quanto a Jon. A água apaga o fogo, mas o fogo também pode evaporá-la. Em suma ambos têm a mesma capacidade de ameaçar um ao outro, acabar um com o outro, ou de equilibrar um ao outro.

A própria narrativa sugere um certo equilibro entre esses dois elementos:

– Para cima e para baixo – suspirava às vezes Meera enquanto caminhavam – e depois para baixo e para cima. E depois outra vez para cima e para baixo. Detesto estas suas malditas montanhas, Príncipe Bran.
– Ontem disse que as adorava.
– Ah, e adoro. O senhor meu pai tinha me falado de montanhas, mas nunca tinha visto nenhuma até agora. Adoro-as mais do que consigo expressar.
Bran fez uma careta para ela.
– Mas acabou de dizer que as detestava.
– Por que é que não pode ser as duas coisas? – Meera esticou a mão para apertar o nariz de Bran.
– Porque são coisas diferentes – insistiu ele. – Como a noite e o dia, ou o gelo e o fogo.
– Se o gelo pode queimar – disse Jojen em sua voz solene –, então o amor e o ódio podem se juntar. Montanha ou pântano, não importa. A terra é só uma.
– Uma – concordou a irmã –, mas enrugada demais.
(A Tormenta de Espadas, capítulo 24, Bran II. Negritos meus.)

Eu gosto de pensar que na construção desse universo, os elementos foram importantes para que simbolicamente, Martin estabelecesse suas bases de sustentação. O próprio nome da série, no original A Song of Ice and Fire (Uma canção de gelo e fogo), sugere esse cuidado do autor.

E novamente repito que Jon e Daenerys podem não ser os únicos representantes do paradoxo do título, mas eles são  duas alegorias dessa noção. Ao longo dos livros, Martin vem deixando pequenos rastros de um potencial envolvimento entre os dois e como já diz o ditado, o diabo mora nos detalhes.

Drogo com seu mar de grama e cavalos, Hizdahr com suas asas de Harpia e Daario com suas paixões e fogo,  todos estes caminhos acabarão por levá-la ao último dos elementos: a muralha branca e gelada, a flor azul crescendo em sua fenda, ao lar que ela tanto buscou, ao lobo branco de Winterfell,  ao último e mais importante dos elementos: Jon Snow.

Azor Ahai

De um lado, há aqueles que acreditam que Azor Ahai, O Príncipe Prometido que salvará o mundo da escuridão, seja Daenerys Targaryen. O próprio meistre Aemon, tido como o homem mais sábio dos Sete Reinos, chega a essa conclusão. Mas depois dos últimos capítulos de Jon em A Dança dos Dragões, a crença de que Azor Ahai renascido seja Jon ficou consideravelmente forte, pelo menos entre os fãs.

 

– Quando a estrela sangrar e as trevas aumentarem, Azor Ahai renascerá entre fumaça e sal para despertar dragões de pedra… (Melissandre diz a Jon em: Cap. Jon; A Dança dos Dragões, pág: 554)

Talvez a grande confusão seja feita pelo fato de que tanto Jon quanto Daenerys, preenchem a profecia do Príncipe Prometido, ela até com um pouco mais de consistência  e segurança do que ele. Mas de qualquer forma, existem duas pessoas vivas (ou três conforme já expliquei anteriormente) que poderiam desempenhar essa função.

Embora seja impossível e perigoso tentar crava algo com toda  certeza do mundo, podemos perceber pelo menos, pela forma com a qual Martin vem trabalhando esses dois personagens, que um dado momento seus caminhos irão enfim se encontrar e  assim eles poderão (quem sabe) exerceram um importante papel no quadro geral das cônicas, o que por si só já  justificaria os paralelos e a sutil ligação entre eles. Gosto de chamar isso de destino.

 

  • Nascido do mar e da fumaça: Daenerys nasceu em Pedra do Dragão, uma ilha frequentemente coberta por névoa e maresia e atividades vulcânicas. Depois renasceu das fogueiras da pira de Drogo no meio do Mar Dothraki. Já o renascimento de Jon Snow, seria da fumaça em suas feridas e das lágrimas de Bowen Marsh.

 
 

A estrela que sangra: Daenerys queimou Khal Drogo depois que viu o cometa vermelho no céu. Desse evento nasceu seus dragões de ovos de pedras e ela mesma. A estrela que marcaria a chegada de Jon, por outro lado, pode ser entendido como algo mais figurativo, mas ainda possível, como estrela nas vestes de Sor Petrek da Montanha do Rei, morto para o gigante Wun Wun segundos antes de Jon ser traído e apunhalado. A estrela então sangrou.

                              

E por enquanto somente um deles despertou dragões de pedra, mas todas às vezes que Melissandre tenta ver o rosto de seu Azor Ahai (Stannis) nas chamas, ela apenas enxerga neve (Snow). E Jon sabe que “o berrante de Joramun pode despertar  os gigantes da terra”.Será que tem alguma coisa a ver?

  

  • Daenerys pode ser ainda O Garanhão que Monta o Mundo, o Khal dos Khals, que unirá os dothrakis em um único Khalasar e cavalgará com ele até o fim do mundo (Muralha de Gelo?Westeros?) e talvez Azor Ahai e o Garanhão do Mundo sejam a mesma pessoa, no caso dela. Ou talvez todas essas pessoas seja um filho nascido da união entre Daenerys e Jon. Talvez, talvez, talvez…

    
De qualquer forma, mesmo que Jon e Daenerys não sejam Azor Ahai, os eventos continuam se desdobrando de forma parecidas para ambos. Quando a gente analisa os dois dessa maneira, a gente percebe de forma mais clara o quão maravilhoso são esses dois personagens e como é incrível a capacidade de George Martin de escrever, criar e conectar coisas sem que elas fiquem tão evidentes.
Conclusão:

Embora nem todas as passagens citadas aqui sejam muito claras ou tão consistentes, os paralelos entre Jon e Daenerys são nítidos, eles são opostos, mas também se completam, numa conexão única dentro do universo de Martin, trazendo simbolismo sutis que rementem um e o outro (ou não).

Então vai ser no mínimo interessante ver os caminhos que levarão esses dois a se encontrarem e quem sabem se apaixonarem. Ambos muito mais endurecidos com certeza. Ambos amargando traições talvez. Ela deixando a garota de vez  no Mar dothraki e ele deixando o menino para adagas na neve fria, mas ainda com uma legião de selvagens para proteger e uma muralha cada vez mais escura e gelada entre o reino dos homens e Os Outros.

Os caminhos que levarão um até o outro poderá ocorrer de infinitas formas. Samwell Tarly, que atualmente está na Cidadela, tem conhecimento seguro sobre Daenerys ser o Príncipe Prometido e pode deixar em algum momento durante o sexto livro, as pessoas na Muralha cientes de sua existência. Inclusive Melissandre e Jon.

Por outro lado, uma revelação da verdadeira paternidade de Jon, pode enfim deixá-los cientes da existência um do outro. Jon ainda pode assumir Winterfell e torna-se Rei do Norte, e a união pode vir de um arranjo político entre Daenerys e o Rei do Norte, embora esta opção talvez não seja viável por uma série de motivos que no momento não vale a pena discutir aqui.  Por fim, Tyrion que se deu tão incrivelmente bem com Jon no primeiro volume, A Guerra dos Tronos, seja a peça que falta para finalmente unir Gelo e Fogo.

Cinco Aegons haviam governaram os Sete Reinos de Westeros. Teria havido um sexto, mas os cães do Usurpador assassinaram o filho de seu irmão quando ele ainda era um bebê de peito. Se ele tivesse vivido, eu poderia ter me casado com ele. (Daenerys, A Dança dos Dragões, pág 38)

Espero que tenham gostado. Até!


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Mione Le Fay é carioca, formada em Jornalismo. Escritora, professora de informática, apresentadora e produtora de eventos. Apaixonada por livros e fotografias, encontra nesses nessas duas artes uma forma de mostrar tudo o que existe em seu mundo.

17 Responses

  1. Mais uma excelente reportagem do blog.
    Tbm acho que Jon e Dany estão destinados nos livros, ainda que o final não seja cor de roda, mas com as cores cinzas qus são caras ao Martin!
    Muito bem observado a parte em que eles ficam impossibilitados e possibilitados de terem um baby praticamente ao mesmo tempo. O time é realmente muito bom acho que significa que eles terão um bebê nos livros!

  2. Caramba, maior textão mas valeu a pena!
    Você fez uma análise excelente dos dois.
    Acho tbm que tem tudo pra acontecer nos livros!
    Adorei as imagens que vc colocou. Ilustrou bem os paralelos que a série trabalhou. Mas a gente só se toca quando ver tudo juntinho assim!
    Parabéns!

    • Eu não sei, só sei que serão importante para o desfecho final. mas é difícil dizer quando a gente sabe muito pouco sobre os outros. Eu não gosto dessa ideia de matar só porque é “game of thrones”. Se tiverem que morrer, que seja bem feito e dotado de sentido pelo menos.

  3. A luz da meia-lua transformou o cabelo loiro-mel de Val em prata-claro e deixou seu rosto tão branco quanto a neve. Ela respirou profundamente: – O ar tem gosto doce. (Jon; A Dança dos Dragões, pág 441)
    Eu que tinha ranço cada vez mais admiro!Você tem razão quando diz que a série se preocupou com isso desde a primeira temporada, o que torna jonerys um fato já que ninguém pode dizer que nas primeiras temporadas ela não se baseava nos livros, logo, isso daí tá longe de ser fanservice. parece mais um plano arquitetado desde o inicio pra me fazer chorar no final!

  4. […] A única diferença é que Jon não estaria necessariamente pagando um preço, a não ser que por meio de Fantasma, ele insinue que ela o traga de volta, sem saber direito sobre as consequências. Fora que ele ignorou todos os apelos de Melissandre para que tomasse cuidado, novamente sem ter dimensão da consequência causada por sua incredibilidade na mulher vermelha e Melissandre o alertou que ele logo iria precisar da ajuda dela. Seria mais um paralelo entre ele e Daenerys, que como ele, também pode ser Azor Ahai. […]

  5. Mds Ameii ! Eu ainda não li os livros ( não sei se vou ler) Amo a serie apesar de ter começado a ver ela penas esse ano ( Se arrependimento matasse..) Mais gçs a uma Amiga que soube me dar bastante insentivo eu assisti em menos de 1 semana todas alas temporadas e AMEI ! Sou 100% fãn com certeza, por isso não quero lê os livros , não quero confundir a minha mente. Adorei todo seu resumo ! Torço muito pro Jon e Dany reinarem juntos e terem uma bela familia ( eles mais que merecem). Foi muito bom ler aqui coisas dos livros ( Ensenciais por sinal) adorei as profecias e tudo mais , os livros parecem ser incríveis!
    Obg pelo resumo ! XO ❤

    • Que bom que você gostou!!! Mas se eu fosse você, eu leria os livros!Não confunde a mente não, até porque até a quarta temporada a série foi fiel dentro das possibilidades, mas a leitura dos livros proporciona momentos muito mais ricos. Acrescenta mais no conhecimento deste universo. A relação entre o Jon e Dany foi trabalhada na série sobretudo a partir de imagens relacionados, mas nos livros essa relação é muito mais visceral, faz parte do que eles são, como tentei mostrar aqui. Ainda que não dê em nada, mas a ligação entre eles é inegável e você só consegue entendê-la se estiver prestando atenção nos mínimos detalhes pois toda a narrativa do martin é ambígua pra caramba, mas vale muito mais do que a série, ainda que esta consiga fazer um bom trabalho, embora já tenha sido melhor em fazer isso.

  6. […] Mas vamos supor que Daenerys chegue pelo  norte ao invés do Sul de Westeros. Por que ela faria isso?Na Casa dos Imortais, ao ouvir sobre as três primeiras mentiras que mataria, a primeira parece ser a de Azor Ahai/Stannis. E Stannis está no Norte. Até então, todas as profecias que Daenerys ouviu na Casa dos Imortais ocorreram na ordem em que foram faladas. Então será que Daenerys se encontrará primeiro com Jon antes de se encontrar com o Jovem Griff/Aegon?Será que é neste momento que o ar se encherá de doçura e ela cumprirá a sua visão: Mãe de dra… […]

  7. Muito bom, parabéns!
    Eu sempre vi isso tbm enquanto lia os livros. Não entendo porque as pessoas ficam nessa de que “got não pode ter romance”. A maioria dos fãs de ASOIAF são ridículos. Se acham… Martin já disse que gosta de escrever o que existe no coração humano. E no coração hano não existe só vingança, ambição… Existe tbm amor! E quero acreditar que depois de tanta tragédia, Jon e Dany construirão um sentimento bom, viveram esse amor, ainda que por causa da vida, não fiquem juntos.
    Se os livros encerrarem sem mensagens de esperança, será apenas uma história sobre tragédias. Não vai valer a pena!

  8. Eu tava procurando algo assim, realmente ninguém faz, é algo muito subestimado dentro do fandom mas que faz todo sentido, eu acho muito orgânico, quando levado em conta pra onde a história está se encaminhando. Se Jon se tornar rei do norte nos livros, o caminho dele até Dany será óbvio. Será bem diferente da palhaçadinha de “ajoelhar” que a série fez. Um casamento entre eles é vantajoso para os dois, jon teria um exercito e os dragões ao seu lado e dany uniria o norte ao reino pelo casamento. Não existe realmente outro pretendente pra ela. Também acho que o jovem griff estará casado quando ela chegar e se martin insistir com o Euron cortejando a Dany eu paro de ler porque odeio aquele lixo. Jon seria a escolha mais segura e natural, apenas ele e dany poderia unir novamente o norte e o sul em torno de uma causa. E caramba, não tinha percebido que eles ficam impossibilitados de gerarem vida ao mesmo e depois novamente ao mesmo tempo para que tudo isso se desfaz. Amei a matéria, parabéns, escreve mais coisa assim, principalmente sobre Jon e Dany, eu estou cansada de ler as avaliações superficiais em outros lugares.

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