Em abril, a Netflix adicionou os dez curtos episódios da primeira temporada do anime Aggretsuko a seu catálogo. Desde 2016, os personagens criados pela Sanrio – a inventora da Hello Kitty – já apareciam em curtos episódios de minuto, na rede japonesa TBS e anteriormente também em charges espalhadas pela internet.O foco da série não é infantil apesar das aparências, pois seria para um público com mais idade compreender as metáforas e críticas ao cotidiano da inserção de jovens na sociedade, como o desenho se propõe à fazer.
Tudo gira em torno da panda-vermelha Retsuko, contadora, que, aos 25 anos, encontra-se profundamente frustrada com seu trabalho e vida em geral. No grande escritório corporativo, a doce garota tem que lidar com o chefe mandão e machista, (literalmente) suíno e colegas fofoqueiros, bajuladores, intrometidos e/ou exploradores. Apertada no metrô, verbalmente abusada pelo superior, Interessante é que se pode observar que cada personagem é um animal que possui tudo haver com sua personalidade ou modo de se comportar e agir. Retsuko cogita sempre mudar de emprego ou até mesmo não ter um trabalho com remuneração fixa… apenas para fugir da empresa. Vale tudo para fugir da rotina e extravasar tanta tensão e da imensa dificuldade em conseguir acordar todas as manhãs.
Em meio a esse cotidiano opressor, o único local onde se sente confortável é um karaokê, onde urra death metal com voz masculinizada e mensagens de revolta contra tudo e todos que a incomodam ou a exploram no dia a dia. O nome da série é a simbiose de Aguresshibu Retsuko, ou Retsuko Agressiva, apesar de ela apenas se mostrar agressiva escondida entre as quatro paredes do karaoke – que no Japão são quase “pequenos estúdios de gravação” com direito até a refeição, como mostrado na animação . Para Retsuko o metal representa em sua vida: canal para extravasar sua agressividade, tanto é que em um episódio, onde as coisas parecem querer melhorar, a panda vermelhinha não consegue cantar.
A página de onde extraí a reportagem original para esta publicação supôs que fãs de metal poderiam se sentir incomodados pelo desenho fazer associação do subgênero musical apenas como manifestação de raiva. Mas pessoalmente eu enxergo isto na verdade como a música tendo um efeito cartático, o que nas ciências humanas aprendemos que seria uma “como um modo de purgar sentimentos,uma libertação necessária de tensões e conflitos por meio da sublimação ou canalização destas emoções para a arte e afins”, ou seja, no caso da Retsuko ela escolheu a música/death metal para não enlouquecer, o que não acho nem de longe ofensivo. Enfim… Confiram lá na Netflix e tenham suas opiniões.
Reportagem original por: https://whiplash.net/materias/news_768/282305-aggretsuko.html
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