Paradigma pronto, personagens criados, agora começa a verdadeira aventura, ao iniciar o seu livro você terá que tomar uma decisão muito importante, sobre quem será o seu narrador, se ele será em primeira ou terceira pessoa. Se for em primeira o personagem/narrador está contando uma historia que aconteceu com ele à muito tempo atrás, ou que está acontecendo com ele no momento? Se o narrador for em terceira pessoa, esse narrador ele é onipresente e onisciente? Ou ele esta contando algo que está acontecendo aos poucos?

Eu particularmente gosto de ler e escrever em primeira pessoa, pois você consegue mais facilmente transportar as pessoas para dentro do seu livro, se torna um recurso mais fácil para as pessoas se apegarem mais rápido à leitura, como o exemplo abaixo:

“Minha respiração estava pesada, existia algo naquela casa que eu não sabia o que era, mas fazia os pêlos do meu braço se arrepiarem, foi então que uma sombra surgiu e por um momento meu coração pareceu parar de bater.”

Nesse caso você é tomado pela sensação de medo do personagem, o leitor se sente dentro da casa mal assombrada, pelo menos no meu caso, do que se a narração fosse em terceira pessoa.

“E ela sentiu sua respiração pesada, June sabia que existia algo na casa, algo que fazia os pêlos do seu braço se arrepiarem e quando uma sombra surgiu, June sentiu seu coração parar de bater.”

Então se você quer contagiar rapidamente o seu publico, talvez uma narração em primeira pessoa seja melhor, o problema da narração em primeira pessoa é a necessidade de explicação para determinadas ações de outros personagens que possam ser importantes para a historia mas que o personagem narrador não estava presente.

Richelle Mead, a escritora de Academia de Vampiros, usa a narração em primeira pessoa, na visão da personagem Rose Hathaway todos os seis livros da coleção mas para explicar determinadas ações onde Rose não estaria por perto e que fosse necessário os leitores saberem, ela criou uma sacada genial que foi fazer a Rose ver através do laço de espirito que ela tinha com Lissa Dragomir, pode até ser que Richelle não pensou por esse lado (o laço tem uma importancia muito grande na série), mas que provavelmente ajudou à determinadas narrações, isso ajudou.

Em histórias que começam antes do nascimento do personagem narrador, pode-se também trocar a narração, desde que você consiga um bom gancho. Atualmente eu estou com dois livros prontos e um deles sendo escrito, sendo que dois desses livros eu precisaria explicar certas coisas antes do nascimento dos meus personagens narradores, como eu tenho a preferência de escrever em primeira pessoa, eu optei por, em ambos os livros, no primeiro capitulo ter uma narração em terceira pessoa sobre o nascimento desses personagens e no segundo capitulo ter um pulo no tempo com a narração em primeira pessoa.

Uma forma também para quem preferir escrever em primeira pessoa é ter dois personagens narradores e alternar os capitulos dos livros pela narração dos personagens, no livro “Convergente”, “Legend”, “Prodigy”, “Coração Ardente” e “Bruxos e Bruxas” é esse tipo de narração, feita por dois personagens, assim podemos ter mais informações sobre a historia, sem ver apenas o ponto de vista de um personagem, ao mesmo tempo que nos sentimos mais próximas do livro. Existem provavelmente outros livros com esse tipo de narração, mas que eu tenha lido e vi que funciou muito bem, apenas esses (pelo menos que eu me lembre no momento).

Então antes de começar realmente à escrever o seu livro, pense bem em qual tipo de narração vai funcionar melhor para ele e qual tipo de narração funciona melhor para o público que você quer cativar.

Então galera, até semana que vem, onde falaremos sobre publicação online.

Mione Le Fay é carioca, formada em Jornalismo. Escritora, professora de informática, apresentadora e produtora de eventos. Apaixonada por livros e fotografias, encontra nesses nessas duas artes uma forma de mostrar tudo o que existe em seu mundo.

2 Responses

  1. Eu particularmente gosto mais de narração em terceira pessoa, especialmente para escrever. Gosto também de livros em primeira pessoa, mas creio que em determinados casos não dá certo. Os melhores livros com narração em primeira pessoa são aqueles que se focam em apenas um personagem, ou quando o autor quer deixar aquela dúvida sobre se algo realmente aconteceu, já que é o personagem que está contando e ele pode muito bem mentir.
    Quanto ao fato da primeira pessoa trazer mais emoção para a leitura, eu discordo em partes. Narrativas em terceira pessoa podem ser tão instigantes quanto se bem escritas. Creio que o que a primeira pessoa traz é uma proximidade com o personagem e um pouco de subjetividade. Mas também pode ser usado como um recurso na história. Em o Nome do Vento, Kvothe decide narrar sua própria história, e o autor utiliza a primeira pessoa, como se o próprio Kvothe estivesse conversando com os leitores.
    Não sabia que Coração Ardente também trazia essa alternância de narradores em primeira pessoa, ainda não tive a oportunidade de ler. Quais os personagens que narram?

    • narração em primeira pessoa é boa para histórias curtas, e também para dar ênfase ao pensamento do personagem, aquele protagonista que você quer que entendam, adentrem em seu pensamento e sigam a linha de raciocínio, Edgar allan Poe demonstra isso muito bem em coração delator e o gato preto, ótimo para personagens maus que você não queira torna-los somente vilões.

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