Será possível identificar os traços de personalidade de um assassino antes mesmo que ele comece a matar? Imagine descobrir que um amigo seu de escola acabou se transformando num dos mais temidos serial killers do século? Essa é a história real que o quadrinista Derf Backderf relata na graphic novel Meu Amigo Dahmer.
Meu Amigo Dahmer traz o perfil do psicopata Jeff Dahmer quando este ainda era um aluno do ensino médio. O autor do livro foi seu colega de turma nos anos 1970, e conviveu com o futuro “canibal de Milwaukee” com uma intimidade que Dahmer talvez só viesse a compartilhar novamente com suas vítimas. Juntos, Derf e Dahmer estudaram para provas, mataram aula, jogaram basquete. Os dois tomaram rumos diferentes, e Derf só voltaria a saber do amigo pelo noticiário, anos depois. Em 1991, os crimes de Jeffrey Dahmer vieram à tona: necrofilia, canibalismo e uma lista de pelo menos 17 mortos, entre homens adultos e garotos. O primeiro assassinato teria acontecido meses após a formatura no colégio.
Além de remexer nos seus velhos cadernos e álbuns de fotografia, Derf consultou seus amigos de adolescência, antigos professores, os arquivos do fbi e a cobertura da mídia após a descoberta de seus crimes antes de roteirizar Meu Amigo Dahmer. Muitos tinham histórias do garoto que costumava fingir surtos epilépticos, que exagerava na bebida antes mesmo de ir para a aula e que parecia ter uma fixação em dissecar os animais atropelados que encontrava perto de casa. Mas quem realmente poderia prever os caminhos sombrios pelos quais ele seguiria? Seria possível evitar tamanha tragédia?
Meu Amigo Dahmer, a história (em quadrinhos) antes da história, foi premiada no Festival de Angoulême, França, em 2014, e incluída pela revista Time como um dos cinco melhores livros de não ficção de 2012. A primeira HQ da coleção Crime Scene inaugura a publicação de histórias em quadrinhos, graphic novels e mangás pela DarkSide Graphic Novel.
Eu gosto muito desses assuntos de casos reais, para conhecer melhor a mente das pessoas, por isso não poderia deixar de ler o livro sobre a adolescência de um dos maiores serial killers do mundo. Para tentar entender como a mente dele funcionava, como ele era antes de começar a matar e tentar saber porque ele cometeu seus primeiros crimes.
O livro tem a narrativa de Derf Backderf, que foi amigo de escola de Dahmer e narra não apenas o ponto de vista do escritor/ilustrador, mas também conta com fatos que Derf teve acesso depois de anos de pesquisa, desde entrevistas com amigos dele e de Dahmer na escola, como arquivos do FBI, entrevistas dadas por Dahmer e seus pais, além do livro de Lionel Dahmer, o pai de Jeff.
Todos esses relatos, todas essas entrevistas são cruzadas em uma linha do tempo brilhante, onde Derf tenta ao máximo nos trazer algo mais próximo da realidade, dos fatos que realmente aconteceram, sem esconder a culpa de qualquer um, até mesmo a dele em não ter percebido o poder de destruição do garoto invisível e ignorado da escola.
Não vou entrar em questões de discutir psicologicamente sobre a cabeça de Dahmer, não nessa postagem, pois acho que isso é muito assunto e muito spoiler para quem quer ainda ler o livro, por isso se vocês quiserem eu posso vir a fazer uma analise de Dahmer baseada nesse livro, o que posso alertar a vocês é que talvez, se tivessem olhado melhor para Jeff, as coisas poderiam ser diferentes.
O que eu achei mais interessante no livro é que no final tem alguns quadrinhos “deletados” e a explicação do porque foram “deletados” além de vir de forma detalhada (sem prejudicar a narrativa) a explicação de como Derf soube de cada detalhe que consta na historia, mostrando não apenas uma veracidade maior, como também o trabalho do escritor em trazer para os leitores as informações reais daquele que um dia fora seu colega de classe.
O livro de capa dura e com folhas mais grossas, se mostrou perfeito para essa linha de Graphic Novel que a DarkSide está lançando, mas também… É DarkSide não é mesmo amores, e ela pisa muito quando se trata de qualidade no material do livro.
Agora, eu deixo para vocês uma pergunta, principalmente para quem não leu o livro, Jeff Dahmer ficou conhecido como o “canibal de Milwaukee” por guardar o corpo de suas vitimas para comer depois, foram mortes terríveis que chocou os policiais da região. Um sujeito assim, vocês acham que seus crimes podem ser justificados por fatos da sua adolescência, ou acham que quem é mau, nasce mau e nada mudaria isso? Deixe a resposta de vocês nos comentários!
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Esse livro parece ser realmente forte… Sei lá!
Eh uma questao muito complicada achar que se pode prever o que uma pessoa será no futuro se baseando apenas no passado dela… Na vida real tem muita coisa envolvida!
parece um quadrinho mto bom, queria mto ler. vou procurar nas livrarias com ctz! ótima resenha
Eu li e vi muitas coisas sobre o Jeffrey dahmer, e sobre casos de serial killers e etc. Eu realmente acredito que a entitulação de monstro e seja lá quais foram os nomes que as pessoas deram pra descrever o Jeffrey dahmer, são muito precipitadas e básicas, resumindo tudo o que ele passou e se tornou, em apenas maldade. Acredito que ninguém nasce mal, e vive com o objetivo de matar e praticar tal. Até porque, em todos os relatos inclusive do próprio Dahmer, conta-se que ele era um menino quieto, inteligente e educado. E não podemos ignorar o fato de que o próprio Dahmer se via assim por ser ”suspeito pra falar”, é importante também sempre considerar o ponto de vista dele. Nada, nada mesmo pode justificar as maldades feitas por Jeffrey, e seu final foi totalmente merecido, mas acredito que ele também estava em uma posição de vítima, vítima da própria história de vida e vítima da própria obsessão, não podemos dizer qual era a disfunção mental que Jeff possuia, a mente de um psicopata, sociopata, serial killer, insano, maluco, seja lá o que for, é sim diferente dos considerados normais. Por isso, acredito que resumir em maldade por pior que tenha sido seus atos, seria banalizar uma história, a do próprio Jeff e até mesmo de suas vítimas. O caso de Dahmer era realmente maldade e ódio pelas suas vítimas, ou uma necessidade absurda de tê-las com ele? Ninguém além dele sabe/sabia como era conviver com uma obsessão absurda, e com a constante vontade de fugir da própria realidade. Como disse ele ”eu transformei a minha vida de fantasia, mais poderosa do que a minha vida real”. E de fato, até onde vai a necessidade de ignorar a realidade e viver as fantasias por piores que sejam? jeffrey dahmer não pretendia ser mal, mas teve que acabar convivendo com a maldade.