Leo e Bia

Para aqueles que não sabem, eu fiz curso de Teatro Musical e meu professor era da companhia do Oswaldo Montenegro, e no dia 19 de Dezembro de 2010 eu fui ver o filme “Leo e Bia” de Oswaldo Montenegro e após o filme tive a oportunidade única de participar de um debate com o próprio Oswaldo Montenegro em relação ao filme, isso foi muito interessante porque tivemos a oportunidade de saber as diversas opiniões sobre a historia do filme, inclusive a opinião do escritor, diretor… Que era o próprio Oswaldo.

Leo e Bia é uma historia passada na época da ditadura, a historia fala sobre atores de um grupo teatral e suas dificuldades, os problemas pessoais de cada um e depois sobe a proposta de irem morar no RJ para concretizar o sonho deles de viver de arte. A história poderia ser uma história normal, se não fosse baseada em fatos reais.

Atenção, a partir daqui poderá conter Spoiller, quem não desejar ler que pare por aqui.

A historia é baseada nos atores da compania que Oswaldo tinha, ele na historia seria o Leo, um jovem diretor de teatro, o fato de essa historia ser baseada em fatos reais é que é o grande diferencial desse filme para mim.

Geralmente ao ver um filme, você imagina que tudo vai dar certo no final, afinal as historias tem que ter um final feliz, mas a vida real não é bem assim, existe uma frase que eu li não me lembro aonde que fala “Os livros só tem um final feliz pois a historia parou de ser contado no momento certo” ou algo assim e Leo e Bia me fez realmente pensar nisso.

É muito fácil para quem ver condenar a Bia pelas decisões dela, mas no momento que paramos para pensar que ela não é apenas um personagem, que ela é alguem real, que teve uma educação que a fez ser daquela forma, as coisas mudam totalmente.

Bia perde a grande oportunidade de seguir a carreira de atriz para ficar com a mãe, uma vez que a mãe tinha tentado se suicidar, a mãe de Bia também tem uma fixação por ela, uma obsessão que muitos consideram uma doença. Uma personagem de pura ficção poderia muito bem peitar a mãe pois sabe que terá um final feliz. Mas quando essa personagem é real? Ela sabe se a sua escolha terá um final feliz? Sabe se tudo dará certo,  isso muda sua escolha totalmente.

Durante o debate o Oswaldo fez uma pergunta que  me fez pensar bastante, ele perguntou quem seriamos nós no filme? As opções eram:

A “Cachorrinha” que é uma das personagens “normal” ela não quer mudar o mundo, não perde o sonho, ela só quer realizar o seu sonho que é ser atriz, namorar e casar, seria o tipo de pessoa que estava em casa fazendo doce quando ocorreu a 2ª guerra mundial.

A Bia, que é a garota que era oprimida pela mãe, a Rapunzel que precisa ser salva, mas não joga as suas traças para ser salva. A garota que desiste do sonho para ficar com a mãe.

Por ultimo a verdadeira protagonista da historia a Marina, uma personagem de espirito livre, que está para se lançar no mundo, agarrar as oportunidades, a garota politizada que quer na verdade mudar o mundo.

É complicado pensar em uma personagem apenas para sermos, porque as condições que vivemos são diferentes, eu na hora respondi a Cachorrinha, mas na verdade eu acho que tenho um pouco de cada personagem.

Da Cachorrinha porque eu as vezes sou a pessoa a simplesmente fazer doce quando o mundo está acabando, não estou sempre metida em todos os assuntos, porque isso seria altamente cansativo.

Da Marina porque eu acho que realmente posso mudar o mundo, quero dizer, eu faço protestos, tento influenciar pessoas a fazer o que eu considero como certo, sou em parte alguem de espirito livre e que gosta de agarrar as oportunidades.

Por ultimo da Bia porque sou apegada a minha familia, eu não conseguiria sair do meu estado percebendo que a minha mãe está na pior, porém nessa parte vem uma outra grande questão, a forma como minha mãe me criou.

Fui criada vendo que a familia é sempre mais importante, na minha casa passamos por grandes problemas já, e a familia era a unica que estava presente para ajudar em todos os momentos, na minha casa crescemos com companheirismo, com um apoiando o sonho do outro, nos sacrificando as vezes para ajudar o outro a realizar o sonho. Aprendemos a contar apenas com nós mesmos. Então acho que não poderia deixar a minha familia, a minha mãe para algo assim.

Agora a criação da Bia foi diferente, a mãe dela a prendia, tinha um amor pela filha que eu não considero como amor, mas era o unico tipo de amor que a garota conhecia e como ela deixaria a unica coisa que ela tinha para trás, se arriscando em algo que não tinha certeza? Pensar dessa forma nos faz balançar pelas nossas escolhar.

Por isso acho bacana que o filme Leo e Bia me fez realmente pensar, me fez ver cada personagem, ter uma empatia por eles.

Outra coisa que é bacana no filme é a forma que ele foi feito, foram gastos R$300.000,00 no filme, o que parece ser muito, mas em relação a cinema é muito baixo o orçamento. O filme só tem um cenário que é extremamente bem aproveitado com alguns objetos em cena, jogo de luzes essas coisas, o filme tem muita coisa de teatro e isso deixa o filme ainda mais legal.

Bem, para quem leu até aqui e ainda não viu o filme, vale muito a pena ver, eu gostei bastante, ele é o tipo de filme que fica na sua cabeça por bastante tempo.

Mione Le Fay é carioca, formada em Jornalismo. Escritora, professora de informática, apresentadora e produtora de eventos. Apaixonada por livros e fotografias, encontra nesses nessas duas artes uma forma de mostrar tudo o que existe em seu mundo.

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